segunda-feira, 7 de novembro de 2011

QUEM É E QUAL SUA FUNÇÃO DE UM BABALAWO

Gostaria de apresentar a conversação de dois Babalorixa quanto a função e o cargo de Babalawo, que no final chegam a um acordo ambos aceitando a posição um do outro, quanto esta figura tão incerta e não aceita pela maioria de Babalorixas que não procuram estudar as nossas raízes.

Da Ilha said on O Opelé e os Búzios não são jogo de Casino
July 13, 2011 at 2:29 pm
In response to Michelly de Castro on July 13, 2011 at 7:35 am:
Da Ilha e Fernando… ” Por mais afiada que seja a faca, ela não pode riscar seu próprio cabo ” Essa frase soa como uma sentença fatal, enfim, temos que optar. Ou fazer bem uma coisa ou outra, não é verdade? E eu que estudo tanto e não vou jogar opele nem ser babalawo, claro [...]
Michelly, prepare o ÓLEO DE PEROBA, VOCE PODE JOGAR OPELÈ IFÁ SIM. Dentro do Culto de Ifá, uma mulher pode se tornar uma Iyànifá, com todos os direitos de um Babalawo, existem algumas restrições, como manipular Ikins e na iniciação tem um ritual qvc não faz, mas isso é outra história. Minha casa inicia homens e mulheres no culto de Ifá, desde Isefá ( Primeira mão de ifá, o inicio do caminho onde é montado o igbá de Òrúmìlá), Iyànifá que já lhe falei e Babalawo. Portanto seus estudos e sua estrada não param nunca, é somente uma questão de querer e ser escolhido por Òrúnmìlá.
A frase a que vc se referiu não é como uma sentença, é uma parabola onde cada um tirará o ensinamento que encontrar. Eu vejo nesta frase o freio para as pessoas que querem ser Deus, as pessoas que querem abraçar o mundo e fazer tudo e cada um vai se encontrar nela.
Ire o.

Michelly de Castro said on O Opelé e os Búzios não são jogo de Casino
July 13, 2011 at 7:35 am
In response to Manuela on January 22, 2009 at 2:36 am:
Conseguir informação de Orunmilá sobre a vida de alguém, é importante demais para ser deixado a um simples deitar do Opelé, 16 búzios, cartas de tarot ou qualquer que seja o sistema de adivinhação utilizado. De acordo com o pensamento tradicional, qualquer pessoa com um Opelé e um livro dos Odús pode andar por aí [...]
Da Ilha e Fernando…
” Por mais afiada que seja a faca, ela não pode riscar seu próprio cabo ”
Essa frase soa como uma sentença fatal, enfim, temos que optar. Ou fazer bem uma coisa ou outra, não é verdade?
E eu que estudo tanto e não vou jogar opele nem ser babalawo, claro que eu não teria a cara de pau pra sair por aí dando consulta com opele…rs…
Porque mulher não pode?
heimm?

Fernando D'Osogiyan said on O Opelé e os Búzios não são jogo de Casino
July 12, 2011 at 7:46 pm
In response to Manuela on January 22, 2009 at 2:36 am:
Conseguir informação de Orunmilá sobre a vida de alguém, é importante demais para ser deixado a um simples deitar do Opelé, 16 búzios, cartas de tarot ou qualquer que seja o sistema de adivinhação utilizado. De acordo com o pensamento tradicional, qualquer pessoa com um Opelé e um livro dos Odús pode andar por aí [...]
Da Ilha,
Por isso que: “Por mais afiada que seja a faca, ela não pode riscar seu próprio cabo”
Particularmente não concordo, é muita coisa para a cabeça de uma pessoa, estudar durante anos à fio os 256 Odús, itans, parábolas, liturgias e toda aquela confraria que tem que dar satisfação, $, aos Ogbonis, ainda depois se iniciar para Orixá!Até chegar através de obrigações, odun ijê e receber a cuia ou deká de Babalorixá. Uma coisa ou outra, ou bem seja um excelente Oluwò ou um excelente Olorisá. No Ketu/Nagô o Babalorixá apura o Orixá, descobre sua raiz, identifica e qualifica, passam anos aprendendo a entender porque se enrola o acaçá na folha de bananeira para Oxalá já que esta folha é de Exú.
“Mãos perfeitas e escolhidas para cada função”
Mo juba axé.


Da Ilha said on O Opelé e os Búzios não são jogo de Casino
July 12, 2011 at 7:05 pm
In response to Fernando D'Osogiyan on July 12, 2011 at 6:16 pm:
Da Ilha, Bem sabemos que o advinho que manipulava o Ifá era denominado por Babalawo de: Babá (pai) + Li ( que tem) + àwo (segredo) era a autoridade máxima do sistema religioso Yorubá, principalmente em Ifé, onde existiam os Babalawos Àwoni com seus irukeres, Opá Orèrè e até usavam Ekudidé, esse liturgia só existiu [...]
Bàbá Fernando, correto, mas é bom informar aos nossos internautas que o cargo de Babalawo puro e simples, sem iniciação em òrìsá não lhe permite mexer na cabeça de niguém.
Basicamente um Bori onde se invoca o Odu e o adimu, (comidas para os òrìsás), pois tem gente por ai iniciada em Babalawo, não é sacerdote de òrìsá e quer fazer iniciação por pura ganancia.
Portanto, o Babalawo tem que ter duas familias, a de òrìsá e a de Ifá, se não tiver é errado querer atuar nas duas frentes.
Mo juba Olorisá.

Fernando D'Osogiyan said on O Opelé e os Búzios não são jogo de Casino
July 12, 2011 at 6:16 pm
In response to Manuela on January 22, 2009 at 2:36 am:
Conseguir informação de Orunmilá sobre a vida de alguém, é importante demais para ser deixado a um simples deitar do Opelé, 16 búzios, cartas de tarot ou qualquer que seja o sistema de adivinhação utilizado. De acordo com o pensamento tradicional, qualquer pessoa com um Opelé e um livro dos Odús pode andar por aí [...]
Da Ilha,
Bem sabemos que o advinho que manipulava o Ifá era denominado por Babalawo de: Babá (pai) + Li ( que tem) + àwo (segredo) era a autoridade máxima do sistema religioso Yorubá, principalmente em Ifé, onde existiam os Babalawos Àwoni com seus irukeres, Opá Orèrè e até usavam Ekudidé, esse liturgia só existiu em Ilê Ifé. (antes que algum babalawo comece a usar o Ekodidé)
Segundo Willian Bascon, …o Babalawo era uma autoridade religiosa que deve ter conhecimento acerca de todas as Divindades Yorubá e não meramente daquela que ele pessoalmente reverencia, funcionando para a massa de fiéis e também para os outros sacerdotes de divindades diferentes. Ele ajuda os fiéis a tratar com amplo espectro de forças personificadas ou impessoais em que os Yorubás acreditam e a consumar, através da Divinação Ifá, os destinos individuais que lhes forem consignados por escolha própria desde o nascimento.
” Obé Ti o mu ki gbé kuku ará ré”
“Por mais afiada que seja a faca, ela não pode riscar seu próprio cabo”
Mo Juba omo-Ifá.

Da Ilha said on O Opelé e os Búzios não são jogo de Casino
July 12, 2011 at 4:33 pm
In response to Manuela on January 22, 2009 at 2:36 am:
Conseguir informação de Orunmilá sobre a vida de alguém, é importante demais para ser deixado a um simples deitar do Opelé, 16 búzios, cartas de tarot ou qualquer que seja o sistema de adivinhação utilizado. De acordo com o pensamento tradicional, qualquer pessoa com um Opelé e um livro dos Odús pode andar por aí [...]
Bàbá Fernando, ago, complementando com minha opinião, qualquer Babalawo, Oluwo ou Arabá (posto mais alto no culto de Ifá), pode e deveria ser iniciado no culto de òrìsá, pois esta experiência lhe daria um foco mais apurado do que ele já tem e lhe credenciaria a ir um pouco mais longe ao mexer com òrìsá. Concordo que na verdade o correto é o Babalawo ver caminhos de Odu e fazer os ebós no neófito e depois o Olorisá (zelador) cuidar da iniciação do mesmo.
A mão esquerda não se limpa sem ajuda da direita. Ogbe-meji.
Mo juba Olorisá.
Ire o.

Fernando D'Osogiyan said on O Opelé e os Búzios não são jogo de Casino
July 12, 2011 at 4:20 pm
In response to Manuela on January 22, 2009 at 2:36 am:
Conseguir informação de Orunmilá sobre a vida de alguém, é importante demais para ser deixado a um simples deitar do Opelé, 16 búzios, cartas de tarot ou qualquer que seja o sistema de adivinhação utilizado. De acordo com o pensamento tradicional, qualquer pessoa com um Opelé e um livro dos Odús pode andar por aí [...]
Michelly,
Seu comentário é ótimo e concordo em genero, número e grau.
Babalawo também tem comunhão com Orisá, pode cantar pra ele, dançar pra ele, vestir o seu orisá.O que impede isso?
Apenas acrescento:
Nada impede que isso aconteça por que os Babalawos tem seus Babalorixás, assim como os Babalorixás tem seus Babalawos, ambos se completam.
Assim também é o culto a Egungun ou quando de um Axexe, quando Babalawos e Babalorixas precisam dos Alapinis e Ojês para os sacrifícios a Egungun e toda liturgia e os memos precisam de seus babalawos e babalorixás.
Mãos perfeitas e escolhidas para cada função.
“Porque nem tudo que se faz pode permancer escondido”. Máxima do Odú Ìwòrì Ogbé.
Axé.

sábado, 5 de novembro de 2011

GRANDES PERSONAGENS DO CANDOMBLÉ-PAI ADÃO




GRANDES NOMES DO CANDOMBLÉ – PAI ADÃO

Felipe Sabino da Costa - Pai Adão - (1877-1936), foi o quartobabalorixá do Terreiro Obá Ogunté também conhecido como Sitio de Pai Adão faz parte do Xango do Recife localizado em Recife,Pernambuco. Esse terreiro é a mais antiga casa de culto Nagô dePernambuco, fundado pela Tia Ignês Ifatinuké, africana, junto a grandes sacerdotes do culto nagô como Otolú Byioká, Zé Quirino, Silveirinha, Obarindê, Apary, Xangô Lary (tantos outros que não podem ser invisibilisados por suas contribuções históricas) foi tombado peloPatrimônio histórico de Pernambuco.
Conta-se ali no Sítio, que Tia Inês uma negra alforriada comprou aquele pedaço de terra para abrigar alguns necessitados e poder praticar o seu Culto Nagô, e para tanto fez construir uma pequena capela dedicada a Santa Ana e por detrás do altar cultuava os Orixás. Como também incentivou o pai de Felipe a irem a África e se aperfeiçoarem seus conhecimentos do Culto e também de lá trazerem alguns objetos e sementes de plantas sagradas como uma Gameleira branca (Iroco) ainda hoje esta no Sitio e assim Felipe quando assumiu o posto de Babalorixa deu uma personalidade totalmente diferente ao praticado nas outras casas da época, sendo que os babalorixas anteriores sempre foram de sua família, e hoje está nas mãos de seu neto, Manoel da Costa de Iemanjá Ogunté.

GRANDES PERSONAGENS DO CANDOMBLÉ - AGENOR MIRANDA



Agenor Miranda Rocha, o Pai Agenor, (Luanda, Angola, 8 de setembro de 1907 — Rio de Janeiro, 17 de julho de 2004) foi um babalaô da Religião dos Orixás Candomblé.
Foi iniciado na cidade do Rio de Janeiro, em tenra idade, para o orixá Euá (Iyewá) pelo africano Alagbedé e posteriormente, ainda na infância para Oxalá por Mãe Aninha,Iya Obá Biyi Iyalorixá fundadora dos terreiros Axé Opô Afonjá de Salvador e do Rio de Janeiro cujo primeiro endenreço era na chamada "Pedra do Sal". Hoje o Opô Afonjá do Rio se localiza em Coelho da Rocha.
O Professor Agenor, como era conhecido, foi professor catedrático aposentado do Colégio Pedro II, nas cadeiras de matemática e latim, cantor lírico (seguindo os passos de sua mãe, o soprano Zulmira Miranda e babalaô adivinho na referida tradição religiosa candomblé, um dos ocidentais mais conhecedores de a herança e a Cultura afro-brasileira, além de talvez uma das mais respeitadas personalidades religiosas por todas as lideranças de tradicionais terreiros do Brasil. Foi o jogo de búzios (meridilogun)do Prof. Agenor que decidiu a sucessão de importantes terreiros: Mãe Oké e Mãe Tatá, na Casa Branca do Engenho Velho; Mãe Stella, no Axé Opô Afonjá; Mãe Índia, no Terreiro do Bogun (o último grande jogo de sucessão antes do falecimento do professor). Agenor Miranda também foi poeta e musicista. Seu jogo de búzios foi um dos mais procurados do país. O velho professor foi orientador espiritual e conselheiro de personalidades de diferentes procedências religiosas e de muitos babalorixás, a exemplo do Babá Augusto César de Logunedé.
[editar]Documentário: um vento sagrado

Foi publicada no Jornal Diário de São Paulo a matéria O zelador dos orixás na tela, feita pelo jornalista Marcos Pinho - Um Vento Sagrado, do diretor e artista plástico baiano Walter Lima, o trabalho conta a história de Pai Agenor, um dos mais importantes nomes do candomblé no país. O trabalho de pesquisa consumiu mais de três anos de viagens, pesquisas e gravações no Rio de Janeiro] Salvador, São Paulo e Roma.
O filme (Brasil, 2001, 93 min.), mostra Pai Agenor em sua casa no Engenho Novo, subúrbio do Rio de Janeiro, onde figuram desde imagens de São Francisco e Buda até de Oxalá e outras divindades do candomblé. É no local que ele recebe visitantes em busca de aconselhamento e joga búzios.
Suas declarações são desconcertantes. “A força do candomblé está no sangue verde das plantas e não no sangue vermelho dos animais”, comenta para condenar os sacrifícios em cultos.
Professor aposentado, poeta, ensaísta, cantor de ópera e de fado, Pai Agenor é um homem múltiplo e incomum. “Ele é talvez a última das grandes figuras do candomblé”, afirma Gilberto Gil. O retrato pintado por Walter Lima é o de um ser de personalidade instigante cujas opiniões são sempre respeitadas. Até hoje ele é convocado para escolher a mãe-de-santo nos grandes terreiros baianos.
A fita mostra ainda o biografado sendo recebido pelo Papa em Roma e inclui poemas nas vozes de atores como Alessandra Negrini, Ingrid Guimarães e Camila Amado, além da narração de Othon Bastos.
Amante da música, talvez por influência de sua mãe, a fadista portuguesa Zulmira Miranda, cuja história está registrada na Casa do Fado e da guitarra portuguesa, Agenor fez uma incursão como cantor no mundo da música. Há alguns anos foram recuperadas algumas de suas antigas gravações e hoje circula nas mãos de seus amigos e admiradores cds onde ele canta fados, canções italianas e músicas clássicas.
Amante da poesia e teve dois livros publicados ainda em vida, "Poemas Infantis", em 1999, e "Oferenda - como a flor que se oculta entre as folhas", em 1998, pela Editora Sete Letras, traduzido na Espanha e editado pela Algorán Poesia, em 2001.
Seus poemas foram muito bem recebidos por serem, além de belos, expressão de um grande conhecimento também nesta arte. Tinha muitos amigos e admiradores, muitos alunos, e para todos estes deixou ainda o livro "Caderno de Português", em 2000, escrito logo após uma intervenção cirúrgica bastante séria.
Faleceu em 2004, vitimado principalmente pelo agravamento de um simples caso infeccioso, uma vez que não conseguiu ser tratado a tempo em condições necessárias. Deixou muitos amigos e filhos em todas as partes do Brasil e no exterior, todos saudosos e consternados, principalmente por não terem podido ajudá-lo e intervir para que pudesse completar com "saúde e paz", como gostava de dizer, os seus almejados 100 anos de existência, que será,lembrado e comemorado por toda parte, com devoção, no 8 de setembro de 2007.
Dentre as homenagens que recebeu está a Medalha Pedro Ernesto, no Rio de Janeiro.
Sobre ele há uma primorosa biografia: "Um vento sagrado", editado pela Editora Mauad e de autoria de Muniz Sodré e Luis Filipe de Lima.
[editar]Livros

Caminhos de Odu, Pallas, 1999 - ISBN 853470273X
As Nações Kêtu, ISBN 8574780189
Desenredos, ISBN 857478060X
Biografia: Pai Agenor - Diógenes Rebouças Filho (Coleção Passagens da Memória, vol.1 / 1997)

GRANDES PERSONAGENS DO CANDOMBLÉ - MESTRE DIDI

Seu pai Arsenio dos Santos, pertencia à "elite" dos alfaiates da Bahia, mais tarde iria transferir-se para o Rio de Janeiro na época em que houve uma grande migração de baianos para a então capital do Brasil.
Sua mãe Maria Bibiana do Espírito Santo, mais conhecida como Mãe Senhora era descendente da tradicional família Asipa, originária de Oyo e Ketu, importantes cidades do império Yoruba. Sua trisavó, Sra. Marcelina da Silva, Oba Tossi, foi uma das fundadoras da primeira casa de tradição nagô de candomblé na Bahia, o Ilê Ase Aira Intile, depois Ilê Iya Nassô. Sua esposa Juana Elbein dos Santos, é antropóloga e companheira em todas as suas viagens pelo exterior, aos países da África, Europa e Américas, de grande importância pelos intercâmbios e experiências adquiridas, e que irão contribuir significativamente para os desdobramentos institucionais de luta de afirmação da tradição afro-brasileira e pelo respeito aos direitos à alteridade e identidade própria. Sua filha Inaicyra Falcão dos Santos é cantora lírica, graduada em dança pela Universidade Federal da Bahia, professora doutora, pesquisadora das tradições africano-brasileiras, na educação e nas artes performáticas no Departamento de Artes Corporais da Unicamp.
[editar]Sacerdote

A igreja durante o período colonial e pós-colonial foi uma instituição de que a comunidade descendente de africanos inseriu em suas estratégias de luta pela alforria e re-agrupamento social. Didi foi batizado, fez primeira comunhão e foi coroinha. Mais tarde, já sacerdote da tradição afro-brasileira foi se dedicando inteiramente a ela afastando-se do catolicismo, embora respeitando-o como uma outra religião. Eugenia Ana dos Santos - Mãe Aninha, tratada por Didi como avó, foi quem o iniciou no culto aos Orixás e lhe deu o título de Assogba, Supremo Sacerdote do Culto de Obaluaiyê.
Arsenio Ferreira dos Santos era sobrinho de Marcos Theodoro Pimentel, o Alapini, primeiro mestre de Didi no Culto aos Egungun, os ancestrais masculinos, tradição originária de Oyo, capital do império Yoruba.
Depois de Marcos, foi Arsenio, conhecido por Paizinho quem deu continuidade a iniciação de Didi, que se confirmou Ojé com o título de Korikowe Olokotun. A herança de tio Marcos Alapini se constitui sobretudo pelo culto ao olori Egun, baba Olukotun, o mais antigo ancestral que foi trazido da África na ocasião da viagem que fez com seu pai, Marcos O Velho. Paizinho, então Alagbá, o mais antigo da tradição aos Egungun recebeu esta herança que aproximou à do terreiro Ilê Agboulá na Ilha de Itaparica.
A herança de Marcos Alapini, para seu sobrinho Arsenio Alagba passou para Didi, Ojé Korikowe Olukotun. Mais tarde Didi recebeu o título de Alapini, o mais alto do Culto aos Egungun, no Ilê Agboula e anos depois, em 1980 fundou o Ilê Asipa onde é cultuado o Baba Olukotun e demais Eguns desta tradição antiga.
Em setembro de 1970, não tendo no Brasil quem pudesse fazer sua confirmação de Balé Xangô, foi para Oyo e realiza a obrigação na cidade originária do culto à Xangô. A cerimônia foi realizada pelo Balé Sàngó e o Otun Balé do reino de Xangô de Oyo.
[editar]Artista

"Os Orixá do Panteão da Terra são os que nos alimentam e nos ajudam a manter a vida. Os meus trabalhos estão inspirados na natureza, na Mãe Terra-Lama, representada pela Orixá Nanã, patrona da agritultura". Mestre Didi
"Mestre Didi é um sacerdote-artista. Exprime, através da criação estética, uma arraigada intimidade com seu universo existencial, onde ancestralidade e visão de mundo africanos se fundem com sua experiência de vida baiana. Completamente integrado ao universo nagô de origem yorubana, revela em suas obras uma inspiração mítica, material. A linguagem nagô com a qual se expressa é o discurso sobre a experiência do sagrado, que se manifesta por meio de uma simbologia formal de caráter estético". Juana Elbein dos Santos
[editar]Obra

Yorubá tal Qual se Fala, Tipografia Moderna, Bahia, 1950
Contos Negros da Bahia, (Brasil) Edições GRD, Rio de Janeiro, 1961
História de Um Terreiro Nagô, 1.edição, Instituto Brasileiro de Estudos Afro-Asiáticos, 1962, 2.edição, Editora Max Limonad, 1988
Contos de Nagô, Edições GRD, Rio de Janeiro, 1963
Porque Oxalá usa Ekodidé, Ed. Cavaleiro da Lua, 1966
Contos Crioulos da Bahia, Ed. Vozes, Petrópolis, 1976
Contos de Mestre Didi, Ed. Codecri, Rio de Janeiro, 1981
Xangô, el guerrero conquistador y otros cuentos de Bahia, SD. Ediciones Silva Diaz, Buenos Aires, Argentina, 1987
Contes noirs de Bahia, tradução francesa de Lyne Stone, Ed. Karthale, 1987
História da Criação do Mundo, Olinda, PE, 1988 - Ilustração Adão Pinheiro
Ancestralidade Africana no Brasil, Mestre Didi: 80 anos, organizado por Juana Elbein dos Santos, SECNEB, Salvador, Bahia, 1997, CD-ROM - Ancestralidade Africana no Brasil
Pluraridade Cultural e Educação
Nossos Ancestrais e o Terreiro
Democracia e Diversidade Humana: Desafio Contemporâneo

CANDOMBLÉ JEJE MAHI - GAIAKU LUIZA



Luiza Franquelina da Rocha nasceu em 25 de agosto de 1909, em Cachoeira, cidade do Recôncavo Baiano. Sua mãe chamava-se Cecília, negra, descendente de escravos e iniciada para Yemonjá em Feira de Santana/BA, vindo a falecer com 105 anos. Seu pai chamava Miguel, negro, também descendente de escravos e foi confirmado Kpenjigàn na Roça de Ventura (Kwe Sejá Húnde), candomblé Jeje em Cachoeira, por Gaiaku Maria Ogorensì de Gbèsén. Faleceu aos 86 anos. Sua irmã carnal, Joana, foi iniciada para o vodun Azansú por Gaiaku Pararasì, na Roça de Ventura. Suas primas foram iniciadas como Ekedi por Sinha Abali, também na Roça de Ventura. A avó paterna de Gaiaku chamava-se Maria Galdência da Conceição e sua bisavó era uma negra africana chamada Malakê, filha de Sàngó, que chegou a Cachoeira em torno de 1820, amar rada em um porão de navio, para ser escrava de uma branca por nome Pombinha Rosalva, que lhe batizou com o nome de Maria Felicidade da Conceição.

Gaiaku Luiza que é bisneta de africano e foi nascida e criada dentro do candomblé aonde chegou a morar dentro da Roça de Ventura. Teve contato com as velhas tias do candomblé que lhe ensinaram muita coisa. Em 1937 Gaiaku Luiza é iniciada para Oyá na nação ketu, no Ilé Ibecê Alaketu Àse Ògún Medjèdjè, do famoso Babalorixá Manoel Cerqueira de Amorin, mais conhecido como Nezinho de Ògún, ou Nezinho da Muritiba, filho-de-santo de Mãe Menininha do Gantois. Por motivos particulares, após 2 anos Gaiaku Luiza se afasta da Roça deste ilustre Babalorixá. Foi Sinhá Abali, segunda Gaiaku a governar a Roça de Ventura, quem viu que Gaiaku Luiza deveria ser iniciada no Jeje, nação de toda sua família, e não no Ketu. Assim, encarrega sua irmã-de-santo Kpòsúsì Romaninha, de sua inteira confiança, a iniciar Ga iaku Luiza no Terreiro Zòògodò Bogun Malè Hùndo, em Salvador. Em 1944, Gaiaku Luiza é iniciada na nação Jeje sendo a terceira a compor um barco de 3 vodunsìs. Seu barco foi constituído por uma Osún, um Azansú e uma Oyá.

Gaiaku Luiza foi uma das poucas Vodunsìs, na Bahia, que ousaram abrir uma roça de candomblé jeje-mahi. Isso ocorreu em 1952, num período em que não era comum tal prática dentro do culto jeje. Na época, supõe-se que existiam somente dois terreiros jeje-mahi na Bahia, que eram o Zòògodò Bogun Malè Hùndo (Terreiro do Bogun), em Salvador, e a Roça de Ventura (Sejá Hundê) , em Cachoeira. Com a autorização e participação de sua mãe-de-santo Kpòsúsì Romaninha, dona Luiza abriu um terreiro jeje-mahi, tornando-se, então, uma Gaiaku.

A iniciação de Gaiaku Luiza foi no Bogun. Ela chegou no Bogun no dia 9 de agosto de 1944 e só voltou para casa em 1945. Segundo depoimento da própria Gaiaku Luiza, quem comandava o Bogum naquela época era Gaiaku Emiliana, pertencente ao vodun Agué.

Foi nesse contexto que Gaiaku Luiza plantou o axé do Hùnkpámè Ayono Huntoloji. Ela narrava que:

“Em 1948, minha mãe Oyá começou a reclamar que não queria que batesse candomblé ali (casa no bairro da Liberdade). Ela passou a querer uma roça onde houvesse água, árvores frutíferas e que fosse perto da linha férrea. Saí procurando uma roça para comprar, mas não encontrava. No dia 2 de novembro, eu já estava saindo para minha procura, quando minha mãe carnal falou: ‘Logo hoje, minha filha, dia de finados’ Eu respondi: ‘Quem sabe, mamãe, os espíritos de luz me ajudam?’ Saímos eu e Delza sem destino, fomos parar em Almeida Brandão. Passamos por ponte, estrada de ferro e nada de encontrar. Adiante, vi uma placa, quando chegamos perto não era uma placa de venda, dizia o seguinte: prenda sua galinha que a roça tem veneno. Delza dizia: ‘Minha velha, vamos embora, esta chuviscando e não vamos acha r nada.’ Quando estávamos voltando e já estava anoitecendo, vi uma placa, mas não conseguia enxergar porque já estava escuro, chegamos mais perto e a placa era de vende-se. Descemos até o portão velho e caído, aí apareceu uma “Dan” (cobra), eu então falei: olha Delza esta roça vai ser nossa. A roça ficava num lugar chamado Cabrito. Começamos a gritar e de repente apareceu um velho, pé hoje e pé amanhã. Ele se aproximou perguntando se queríamos comprar frutas, eu respondi que queria comprar a roça. Era tanta “Dan”, que havia na roça que você pisava e sentia elas por baixo das folhas. Deixei tudo acertado com o velho e marcamos a negociação. Foi uma venda rápida. No dia 2 de novembro a roça já era minha verbalmente. O casal de velhos ainda ficou morando na roça por algum tempo. A velha, dona Maria era de Oyá e o velho era de Azansú. Mudei para a roça em 1950. Foi muito difícil morar ali, no começo. Não conhecia ninguém, sozinha ali, jog ada, morando naquela casinha de palha. Comi uma roxura! Comendo zinco e arrotando semânio. A inauguração da roça, em 1952, sob a permissão de Gaiaku Kpòsúsì Romaninha, foi com uma festa para Azansú, o dono da casa, e foi muita gente prestigiar. A roça recebeu o nome de Humpame Ayono Huntoloji.”

Em 1962, a roça é transferida para um local denominado Alto da Levada, próximo ao bairro do Caquende, na cidade de Cachoeira, onde permanece até hoje.

Em 20 de junho de 2005, Luiza Franquelina da Rocha, ou Gaiaku Luiza de Oyá faleceu, aos 96 anos de idade. Considerada uma das mais importantes sacerdotisas do culto afro-religioso jeje-mahi do Brasil e possuidora de uma sabedoria inigualável. Faleceu em Cachoeira, na sua roça, cercada de filhos-de-santo, amigos e familiares, como ela sempre quis e costuma dizer: “Mãe-de-santo tem que morrer dentro de sua roça”. Foi determinado, ainda em vida pela falecida, que a herdeira do posto de dirigente sacerdotal do terreiro seria sua sobrinha carnal, Regina Maria da Rocha. Dofona Regina - hoje chamada Gaiakú Regina Avimajesì - foi iniciada no Hùnkpámè Hùntóloji, num barco de 3 Vodunsìs, para o Vodun Avimaje.



-Texto extraído e readaptado do livro “Gaiaku Luiza e a trajetória do jeje-mahi”, escrito por Marcos Carvalho (Mejitó Marcos de Gbèsén), filho de santo de Gaiaku Luiza.

O DESCONHECIMENTO OU IGNORÂNCIA E QUE NOS TRAZ O MÊDO

O Kimbanda é um herbalista (que pesquisa plantas curadoras) ou curandeiro epiritual em muitas sociedades africanas e também em muitas sociedades da diáspora africana, tais como aquelas no Haiti, Cuba e Brasil.
Outro termo que designa o curandeiro da tribo é Nganga, que em determinado momento, em parte do território Banto, na África do Sul, acabou ganhando o significado totalmente ao contrário, como se o mesmo se tratasse de um "feiticeiro mal", e não o seu termo original, que é tido como um benfeitor da tribo.
O Kimbanda é bastante familiarizado com muitas das causas físicas das doenças, e utiliza ervas e plantas da medicina popular em sua prática médica. O tratamento, porém, costuma ser sempre acompanhado de amuletos e fórmulas mágicas para controlar os espíritos maus. É uma crença comum a existência de feiticeiros, pessoas que tentam fazer o mal aos outros usando, por exemplo, magias maléficas.
A tarefa do curandeiro é anular o feitiço empregando os mesmos métodos magísticos.
Os efeitos que o Kimbanda atribui aos medicamentos são devidos não somente às propriedades reais dos elementos naturais (pantas, por exemplo), mas também e sobretudo, à força simbólica desses mesmos elementos.

KIM: Médico ou sacerdote dos Cultos bantos.
BANDA: Lugar ou cidade.

KIMBANDA - O CURANDEIRO.

Artigo: Renato da Silveira
Professor da Universidade Federal da Bahia
Doutor em Antropologia pela E.H.E.S.S de Paris

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

GRANDES PERSONAGENS DO CANDOMBLÉ



Postarei uma matéria veiculada por um jornal que nos conta um pouco sobre esta riquíssima fonte de sabedoria e cultura dentro do nosso culto de òrìsá. Tenho muito orgulho de ter participado por quinze anos desta família, minha mãe, da qual me orgulho muito e seu irmão são filhos deste àse, fizeram parte do primeiro barco de Dª Regina, mo juba esa.

MATÉRIA JORNAL ICAPRA ''CANDOMBLÉ PERDE SUA IYÀ ÀGBÀ DA FAMÍLIA BAMGBOSE OBTICO''.

Por: Prof. J. Benistes



Rodolfo Sawser

Uma das últimas Iyálorisas, pertencente a uma rica geração de matriarcas plenamente identificada com as rígidas normas do Candomblé. Regina Topázio de Souza, mais conhecida como Mãe Regina de Bamgbose, foi sempre consciente de suas origens, sabendo preservar com extrema autoridade, uma vida exemplar a ser seguida pelos seus descendentes e merecedora de estudos por ser parte integrante da história dos Candomblés do Brasil.

Sua biografia se reporta aos ancestrais familiares que viveram há mais de 200 anos no Brasil, sempre dedicados a criar uma vida de trabalho e de devoção total às crenças de seus antepassados. Foram tão competentes que influenciaram as demais raízes do Candomblé. A memória coletiva revela que Ìyá Násò, depois de organizar os primeiros momentos do Candomblé do Engenho Velho, em Salvador, resolveu ir para a África juntamente com Oba Tósí, Marcelina da Silva, por volta de 1837. Após 7 anos de permanência, retorna trazendo alguns africanos, entre eles, Bamgbose de Sàngo, que aqui no Brasil tomou o nome civil de Rodolpho Martins de Andrade, e que seria o patriarca de numerosos descendentes. Numa época escravocrata, assumiu condições de trabalho, como forma de ter e lhe dar condições na organização do culto, conforme desejo de todos.
A sua vinda foi de uma importância fundamental para o grupo que estava sendo formado, tentando dar forma a um modelo de ritual dentro de um padrão de possível aceitação na nova terra. Era um grupo ligado ao culto de Sàngo, como Iya Naso, Rodolpho Obitico, Joaquim Oba Sanya, Marcelina Oba Tosi e Aninha Oba Biyi, entre outros. Isto fez com que a participação deste Orisá nos ritos religiosos se tornasse relevante, com possível razão pela inclusão do Osú, como símbolo da iniciação, o uso do ileke, o obrigatório Àmàlà semanal e a seqüência de cânticos denominada Roda de Sàngo, ponto de partida para a manifestação dos demais Orisas.

Conhecido e citado como Bamgbose (Ajuda-me a carregar o Ose) viria a ser reverenciado como Obitiko, (A família que se reúne), na relação dos ancestrais citados durante o ritual de Ipade, ao lado de Asika, Ajadi, Oduro, Kayode, Adeta Okanlede e demais personagens importantes da ancestralidade afro-brasileira. Os nomes dos homens aqui relacionados possuem muita importância, pois os antigos Babalawos eram considerados como irmãos das mães de santo e, assim, vistos como Tios merecedores do maior respeito e reverencia. Tinham eles entrados franca em todas as comunidades e sempre consultado. Eram raros, e não como nos dias atuais. Rodolpho Bamgbose aqui teve vários filhos, sendo que uma de suas filhas viria a dar sentido à família Bamgbose. Julia Maria de Andrade, falecida em 1925 e conhecida como Vovó Julia de Sàngo Aganjú, cujo nome iniciático era Oba Dára (O bom rei). Casou-se com Eduardo Américo de Souza Gomes, um africano natural de Abeokuta, onde nasceu em 1833, e para lá tendo voltado. Um dos filhos do casal seria personagem importante na linhagem religiosa, Felisberto Nazarenos Sowzer, ou Souza, de Ogunjá, iniciado por um tio, Ewetundé, cujo nome dado foi Oguntosí (Ogun é digno, poderoso). Outro filho foi para a Nigéria e não retornou.

Em uma de suas visitas ao Rio, em 1886, Bamgbose, juntamente com Joaquim Vieira e Aninha, organizou um grupo no Bairro da Saúde, num local de reunião de antigos cativos e libertos, talvez um antigo Zungu, deixando alguns símbolos e pedras ligados a Sàngo, que viria fazer parte da história do futuro Axé Opo Afonjá, do Rio. Em uma viagem de Recife para Salvador, passou mal vindo a falecer em Salvador, em 1908. Felisberto, que ficou conhecido como Benzinho, nasceu em Lagos, na Nigéria, vinda criança para o Brasil, tornou a voltar para a África e mais tarde retornando como Babalawo Ifásesi. Talvez seja que neste transito o seu sobrenome Souza. Era inteligente instruí, pois sabia falar inglês e nagô. Passou a viver com uma senhora africana chamada Damásia com quem teve duas filhas, Tertuliana Sowzer de Jesus, iniciada para Ibualámo Ode Tibuse, e Caetana Américo de Souza, já falecida, e que fez Osun Iyeponda. Fundou o Ilê Axé Lajuomin em 1941, em Salvador. Air Jose de Souza de Osogiyan Iwin Solá (Osoguiyan gerou a honra e prosperidade). Filho carnal de Tertuliana e iniciado por Caetana, sua tia viria a fundar, em Salvador, o Ilè Odo Oje, Casa do Pilão de Prata, em 1964. Caetana tem seu rosto esculpido em bronze com o título de Mãe Preta, na frente do Terreiro.

Em seu segundo casamento, com uma filha de Santo de Vovó Júlia, teve quatro filhos: Crispim de Souza, de Osoosi, Taurino de Souza de Obatalá, Regina Topázio de Souza, nascida em 1914, de Yemonja Oguntè, com o nome iniciático de Omi Olà (As águas da fortuna, da riqueza), e Irene Souza dos Santos, nascida em 1919, de Sàngo, cujo nome dado foi Oba Dipo (O rei ocupa o seu lugar), e que teve como Mãe-Pequena, Aninha Oba Biyi. Regina com 6 anos de idade, e Caetana com 13 anos foram iniciadas num mesmo barco, pelas mãos de Judith de Oya, uma filha de santo de Benzinho. Vindo para o Rio, no início do século passado, Benzinho passou a exercer suas atividades na Rua Marques de Sapucaí, no centro da cidade, e depois, na Rua Navarro, no Catumbi. Aqui viveu na mesma época de Abedé, Alágba, Pequena de Osalá e Aninha que aqui estava tendo ambos feitos o ajejê de Abedé em 1933. Foram os autores dos textos da Fecundação os Odús, um sistema de jogo de búzios, mais prático do que o intrincado sistema de ifá, devidamente adaptado à nossa realidade. Todos os Caminhos para a prática do jogo foram legados os seus filhos, tendo sido, mais tarde, adotado por todos que se utilizavam da prática do jogo por Odú.

Benzinho Bamgbose morreu no Rio, em 1943, com 6 anos de idade, tendo mais tarde seu corpo sido transferido para Salvador no mesmo cemitério onde seu avô foi enterrado na Igreja do Pelourinho. Seus descendentes, Caetana e Irene, abriram casa em Salvador; Regina de Yemonja ficou no Rio e abriu sua casa, em Santa Cruz da Serra, o Ilê Axé Iya Omi, na Baixada Fluminense em Duque de Caxias, em 1957, ficando à frente até o sei falecimento. Os Bamgbose possuem grande expressão e, sobretudo reconhecimento em razão de seus descendentes serem atuantes no meio religioso com a distinção de serem iniciados dentro deste àse poderosíssimo, realizando suas obrigações, de preferência entre si. Sendo a família biológica do Candomblé, de maior número de integrantes, transformaram o importante título Yorubá, em uma denominação marcante representativa de rica linhagem familiar, a Família dos Bamgbose.

GRANDES PERSONAGENS DO CANDOMBLÉ



MÃE OLGA DE ALAKETU

Ègbé, a idéia do post é homenagearmos as grandes Iyalorixás do Brasil, sacerdotizas que fizeram e fazem a história do candomblé brasileiro e, para começar, ninguém melhor que uma descente da familia real Arô do Ketu em Benin Nigéria.

Perfil - Mãe Olga do Alaketu.

Olga Francisca Régis, nasceu em Salvador, Bahia, em 1925. Filha de Dionísia Francisca Régis, descendente da princesa Otampé Ojarô da linhagem da família Arô, do antigo reino Ketu, Benin África ocidental. Mãe Olga do Alaketu como era conhecida faleceu no dia 29 de setembro de 2005.
A princesa Otampé Ojarô recebeu no Brasil o nome cristão de Maria do Rosário Francisca Régis, e foi um mito na fundação do terreiro.
Otampé foi sequestrada no final do século XVII, aos nove anos de idade por soldados daomeanos juntamente com sua irmã gemea Obôko Mixôbi e ambas foram vendidas a traficantes de escravos. No Brasil, foram compradas no mercado de escravos aos 16 anos e alforriadas. Otampé teria voltado a África , se casado e posteriormente voltando a Bahia seu marido adotou o nome de João Porfírio Régis. Ao chegar a Bahia arrendou um tereno na antiga Estrada do Matatu Grande, fundando o Ilê Maroiá Láji, casa dedicada a Oxumare até os dias de hoje.
Filha de Oyá com Irôko, Mãe Olga sempre dizia que os Orixás são seus educadores. MÃE OLGA DO ALAKETU- 79 anjos

INICIAÇÃO: 79 anos

Filhos canais: 12

Filhos iniciados: mais de 100

Orixá: Oyá

Mãe Olga do Alaketu, criada de acordo com os costumes africanos, foi iniciada aos 12 anos de idade, no Ilê Axé Maroiá Láji, em Matatu de Brotas. Antes de ser iniciada no candomblé, trabalhava com pintura, tecelagem e bordados. Aos 79 anos, a yalorixá passa seus conhecimentos a filhos, netos e bisnetos.
A mãe-de-santo conta que, em paralelo ao candomblé, teve também uma criação católica e sempre freqüentou a Igreja. "Eu fui batizada e crismada, e minha tia foi criada em um convento", explica.
Mãe Olga teve 12 filhos biológicos, mas apenas seis estão vivos. Eles sempre acompanharam a mãe nas tarefas do candomblé e cresceram seguindo a religião. Foram iniciados ainda criança e todos ocupam cargo no terreiro. "Minha relação com eles, dentro do axé, é de acordo com as regras africanas. Em casa, eles tinham obrigações com os estudos e com o trabalho", explica.
No candomblé, a yalorixá diz que não existe diferença na maneira de amar e tratar os filhos biológicos e os filhos-de-santo. "Uma yalorixá deve ter tanto amor pelos filhos-de-santo quanto por aqueles gerados por nós. Sempre peço a Deus por todos eles, que tenham saúde, paz e prosperidade, em qualquer lugar", diz mãe Olga. "Os orixás são meus educadores. Foi para eles que vivi 79 anos e ensinei a meus filhos a acreditar na força de Deus e dos orixás", explica.

Educação
A Iyalorixá compara a forma que foi criada, na década de 20, com a educação dos dias atuais. Mãe Olga conta que foi rigorosa com a educação de seus filhos e critica a educação dos jovens na atualidade. "O dever de um filho é obediência e respeito aos pais, o contrário do que se ver hoje. Os valores estão se perdendo com a criação moderna", diz.
Mãe Olga alerta para os pais terem mais cuidados com os filhos. "A violência está cada vez maior. Não se deve privar a diversão, mas é preciso saber para onde vão e com quais companhias", afirma. "Peço que tenham fé nos orixás".

Mãe Olga recebeu das mãos do então Ministro da Cultura Gilberto Gi e de Mãe Stella de Oxóssi, o Prêmio Opaxorô.

Sites: Mãe Olga do Alaketu.

GRANDES NOMES DO CANDOMBLÉ KETU


Èbgbé, dando continuidade as homenagens as grandes Iyalorixás do Brasil, Mãe Menininha do Gantois eternizou-se em Mãe Oxun.

Nasceu em 10 de fevereiro de 1894, dia de Santa Escolástica, na Rua da Assembléia, entre a Rua do Tira Chapéu e a Rua da Ajuda, no Centro Histórico de Salvador, Mãe Menininha teve como pais Joaquim e Maria da Glória.

Foi a quarta Iyálorixá do Terreiro do Gantois e a mais famosa de todas as Iyálorixá brasileiras. Sucessora de sua mãe, Maria da Glória Nazareth, foi sucedida por sua filha, Mãe Cleusa Millet que foi sucedida pela atual Iyalorixá Mãe Carmem D'Osogiyan.

Descendente de escravos africanos, ainda criança foi escolhida para ser Iyálorixá do terreiro Ilê Iyá Omi Axé Iyamassê, fundado em 1849 por sua bisavó, Maria Júlia da Conceição Nazaré, cujos pais eram originários de Agbeokuta, sudoeste da Nigéria.

O terreiro, que inicialmente funcionava na Barroquinha, na zona central de Salvador, foi posteriormente, foi transferido para o bairro da Federação, instalando-se em terreno arrendado aos Gantois - família de traficantes de escravos e proprietários de terras de origem belga - pelo cônjuge de Maria Júlia, o negro alforriado Francisco Nazareth de Eta.[1] Situado num lugar alto e cercado por um bosque, o local de difícil acesso era bem conveniente numa época em que o candomblé era perseguido pelas forças da ordem. Geralmente, os rituais terminavam subitamente com a chegada da polícia.[2]

Maria Escolástica foi apelidada Menininha, talvez por seu aspecto franzino. “Não sei quem pôs em mim o nome de Menininha… Minha infância não tem muito o que contar… Agora, dançava o candomblé com todos desde os seis anos”.

Foi iniciada no culto dos orixás de Keto aos 8 anos de idade por sua tia-avó e madrinha de batismo, Pulchéria Maria da Conceição (Mãe Pulchéria), chamada Kekerê - em referência à sua posição hierárquica, Iyá kekerê (Mãe pequena). Menininha seria sua sucessora na função de Iyalorixá do Gantois. Com a morte repentina de Mãe Pulchéria, em 1918, o processo de sucessão foi acelerado. Por um curto período, enquanto a jovem se preparava para assumir o cargo, sua mãe biológica, Maria da Glória Nazareth, permaneceu à frente do Gantois.

"Minha avó, minha tia e os chefes da casa diziam que eu tinha que servir. Eu não podia dizer que não, mas tinha um medo horroroso da missão (...): passar a vida inteira inteira ouvindo relatos de aflições e ter que ficar calada, guardar tudo para mim, procurar a meditação dos encantados para acabar com o sofrimento." [3]

Em 1922, através do jogo de búzios, os orixás Oxóssi, Xangô, Oxum e Obaluaiyê confirmaram a escolha de Menininha, então com 28 anos. Em 18 de fevereiro daquele ano, ela assume definitivamente o terreiro. "Quando os orixás me escolheram eu não recusei, mas balancei muito para aceitar", contava.

A partir da década de 1930, a perseguição ao candomblé vai arrefecendo, mas uma Lei de Jogos e Costumes, condicionava a realização de rituais à autorização policial, além de limitar o horário de término dos cultos às 22 horas. Mãe Menininha foi uma das principais articuladoras do término das restrições e proibições. "Isso é uma tradição ancestral, doutor", ponderava a ialorixá diante do chefe da Delegacia de Jogos e Costumes. "Venha dar uma olhadinha o senhor também."

Mãe Menininha abriu as portas do Gantois aos brancos e católicos - uma abertura que, em muitos terreiros, ainda é vista com certo estranhamento. Mas afinal, a Lei de Jogos e Costumes foi extinta em meados dos anos 1970. "Como um bispo progressista na Igreja Católica, Menininha modernizou o candomblé sem permitir que ele se transformasse num espetáculo para turistas", analisa o professor Cid Teixeira, da Universidade Federal da Bahia.

Nunca deixou de assistir à missa e até convenceu os bispos da Bahia a permitir a entrada nas igrejas de mulheres, inclusive ela, vestidas com as roupas tradicionais do candomblé.[4]

Aos 29 anos, Menininha casou-se com o advogado Álvaro MacDowell de Oliveira, descendente de escoceses. Com ele teve duas filhas, Cleusa e Carmem. “Meu marido, quando me conheceu, sabia que eu era do candomblé… A gente viveu em paz porque ele passou a gostar de Candomblé. Mas, quando fui feita Iyalorixá, passamos a morar separados. No meu terreiro, eu e minhas filhas. Marido não. Elas nasceram aqui mesmo”. [5]

Em uma entrevista à revista IstoÉ, mãe Carmem conta que ela adorava assistir telenovelas, sendo que uma de suas preferidas teria sido Selva de Pedra.[6] Era colecionadora de peças de porcelana, louça e de cristais, que guardava muito zelo. Não bebia Coca-Cola, pois certa vez lhe disseram que a bebida servia para desentupir os ralos de pias, e ela temia que a ingestão da bebida fizesse efeito análogo em si.[6]

Mãe Menininha do Gantois faleceu de causas naturais, aos 92 anos de idade.

[editar] Homenagens
Mãe Menininha, aos 8 anos de idade.O terreiro está localizado na rua Mãe Menininha do Gantois (antiga rua da Boa Vista, renomeada em 1986),[3] no Alto do Gantois, bairro da Federação, em Salvador. Após a sua morte, seus filhos deixaram seu quarto intacto, com seus objetos de uso pessoal e ritualísticos. O aposento foi transformado no Memorial Mãe Menininha e é uma das grandes atrações do Gantois.

— Ederaldo Gentil e Anísio Félix. "In-Lê-In-Lá", 1976

In-Lê-In-Lá Lá Lá Ê, In-Lê-In-lá, Oilá
In-Lê-In-Lá Lá Lá Ê, In-Lê-In-lá

Os candomblés estão batendo, foguetes explodem no ar
Em louvor a Menininha, senhora, mãe e rainha do Gantois
Pelo seu aniversário de cinquentenário de Ialorixá (3x)
Ôôô, ÔôÔôôÔô, salve mamãe Oxum, salve meu pai Xangô (2x)
Cinquentenário de batalhas, cinquentenário de fé
Desde quando recebeu os poderes de Maria dos Prazeres Nazaré
Sua vidência se alastrou, iaô iaô iaô ô (2x)
Sacerdotisa de uma raça, rainha de uma nação,
na luta na defesa dos descrentes, ela sempre estendeu suas mãos
Hoje os candomblés estão batendo a seu nome venerar
Ia-mi-mojubá, salve o seu axé, seu candomblé do Alto do Gantois (2x)
---------
A beleza do mundo, hein
Tá no Gantois
E a mãe da doçura, hein
Tá no Gantois...

— Dorival Caymmi. "Oração de Mãe Menininha", 1972.

Site: Mãe Menininha

PERSONAGENS DA HISTORIA DO CANDOMBLÉ

A maior guerreira entre todas Yalorixás Mãe Aninha.

Primeira Iyalorixá do Ilê Axé Opó Afonjá Bahia.

Filha de africanos, Eugênia Ana dos Santos, a iyalorixá Obá Biyi, nasceu em Salvador em 1869. Mais conhecida como Mãe Aninha, ela foi iniciada no candomblé do Engenho Velho – a casa de Iyá Nassô – fundado por volta de 1830 e o primeiro a funcionar regularmente na Bahia. Saiu de lá para formar uma nova casa, o Ilê Axé Opô Afonjá, hoje considerado Patrimônio Histórico Nacional.

Em 1935, Martiniano do Bonfim sugeriu a Mãe Aninha que criasse o Corpo dos Obás de Xangô, que deveria ser integrado por amigos e protetores do terreiro. Martiniano era uma das personalidades mais respeitadas da comunidade afro-baiana. Havia retornado da Nigéria em 1883, portando altos títulos da hierarquia sacerdotal yorubana. Sua idéia tornou-se real, quando, em 1936, foi instituído o corpo de obás, ou 12 ministros de Xangô do Axé Opô Afonjá. Até hoje são escolhidas pessoas de grande prestígio social para ocupar esse corpo.

A função principal dos obás é a sustentação do axé, tanto do ponto de vista material quanto do seu status. No Ilê Axé Opô Afonjá, ainda hoje os obás formam uma seleta hierarquia, abaixo somente da mãe-de-santo e da mãe pequena, eventual substituta da mãe-de-santo. Na Bahia, a criação dos obás trouxe ao culto de Xangô um importante exército de reforço. Nas últimas décadas, já ocuparam esse posto os escritores Jorge Amado e Antônio Olinto, os compositores Gilberto Gil e Dorival Caymmi, o artista plástico Carybé e os pesquisadores Vivaldo da Costa Lima e Muniz Sodré, entre outros.

Mãe Aninha sempre lutou para fortalecer o culto do candomblé no Brasil e garantir condições para o seu livre exercício. Segundo consta, por intermédio do ministro Osvaldo Aranha, que era seu filho de santo, Mãe Aninha provocou a promulgação do Decreto Presidencial nº 1202, no primeiro governo de Getúlio Vargas, pondo fim à proibição aos cultos afro-brasileiros em 1934.

Em sua época, foi uma personalidade importante, muito respeitada e popular nos candomblés da Bahia. Foi ela quem revelou ao pai Agenor sua vocação para candomblé quando ele ainda era criança. Falecida em 1938, Mãe Aninha foi sucedida por Mãe Bada de Oxalá e depois por Maria Bibiana do Espírito Santo, Oxum Muiuá, popularmente conhecida como Mãe Senhora de Oxum.pan>

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

HISTÓRIA DE GRANDES PERSONAGENS DO CANDOMBLÉ

MÃE SENHORA
Ao pé da letra, realmente a frente do seu tempo a inesquecível Mãe Senhora D'Oxun.
Maria Bibiana do Espírito Santo, a Mãe Senhora, Oxum Muiwá, filha legítima de Félix do Espírito Santo e Claudiana do Espírito Santo, nasceu em 31 de março de 1900, na Ladeira da Praça em Salvador, Bahia.
Era descendente da nobre e tradicional família Asipá, originária de Oyo e Ketu na África, importantes cidades do império Yoruba. Sua trisavó, Sra. Marcelina da Silva, Oba Tossi, foi uma das fundadoras da primeira casa da tradição nagô no Brasil o Ilê Axé Aira Intile, Candomblé da Barroquinha, depois Casa Branca do Engenho Velho, que deu origem aos terreiros do Gantois (Ilê Axé Omi Iyamassê) e o Ilê Axé Opô Afonjá, do São Gonçalo do Retiro.
Não se tem muita informação sobre a vida de Maria Bibiana, do nascimento até os 7 anos, talvez em razão da pouca importância que se dá nas comunidades de candomblé aos fatos e datas da vida secular e do pudor cerimonioso com que são tratados os fatos da vida pessoal dos seus membros, sobretudo aqueles tornados líderes, com uma posição e autoridade a serem preservados.
O que sabemos é que foi iniciada aos 7 anos de idade e, nesta época, já recebeu de sua mãe-de-santo, Eugênia Anna dos Santos, Mãe Aninha, Obá Biyi, a “cuia” que pertencera à sua bisavó, Marcelina Obatossí. O merecimento excepcional obtido por Senhora em tão tenra idade, deveu-se à sua linhagem familiar e espiritual.
Senhora foi preparada por Obá Biyi para ser sua sucessora. No Axé Opó Afonjá foi a Ossi Dagã e nas ausências de Mãe Aninha, assumia os cuidados com o culto e os filhos da Casa, auxiliando as tias e irmãs mais antigas no comando da comunidade.
Com a morte de Mãe Aninha e “depois de realizadas todas as obrigações e preceitos de acordo com a liturgia da seita, e tudo regularizado dentro do Axé Opô Afonjá”, em junho de 1939, Mãe Senhora assume, ainda com o título de Ialaxé, a direção do terreiro – “como era de direito, devido à sua tradicional família da nação Ketu, ao lado de Mãe Bada, Maria da Purificação Lopes, Olufan Deiyi, já idosa, mas reconhecidamente sábia e experiente, propiciando uma transição segura e tranquila até a sucessão concluída com sua morte e luto ritual. Segundo Deoscóredes Maximiliano dos Santos, Mestre Didi, seu único filho biológico, Mãe Senhora torna-se de fato e direito a Ialorixá do Axé, em 19 de agosto de 1942.”
No Ilê Agboulá, comunidade do culto dos Eguns de Ponta de Areia, ilha de Itaparica, exerceu sua liderança e recebeu o título mais elevado dado a uma mulher – Iya Egbé.
Sua fé em Xangô era inabalável, e sua dedicação ao orixá de sua mãe-de-santo era “maior até que ao seu próprio orixá” – que ela chamava de “meu anjo da guarda”.
Mesmo não residindo “na roça”, estava presente e tudo controlava com extremo rigor e pontualidade, empenhando todos os esforços para a fidelidade dos preceitos com entusiasmada dedicação.
Esta Senhora de Oxum de forte personalidade, deu seguimento às comemorações e festas tradicionais de acordo com o calendário estabelecido por Dona Aninha. Mantinha muitos dos hábitos instituídos por sua mãe-de-santo, como ter a sua manutenção econômica assegurada por atividade independente do sacerdócio.
Vivia o sacerdócio como uma missão. A partir de 1942, Senhora, já ialorixá, começou a tomar providências importantes para neutralizar as reticências e oposições que por ventura ainda perdurassem no interior do egbé e a substituir cargos tornados vacantes por afastamento, morte ou para reforçar sua liderança.
Criou então os cargos de substitutos no quadro dos Obás de Xangô – os otuns e os ossi obás – ou seja, os primeiros e segundos substitutos dos titulares, ampliando o quadro inicial dos 12 titulares para 36. E aprimorou a instituição, definindo suas funções e estendendo a escolha dos obás para o âmbito social, além dos limites da comunidade religiosa.
Provavelmente já como fruto desta nova orientação no corpo dos obás, Senhora e o Axé começaram a colher frutos importantes. Pierre Verger, que desde 1946 fixara residência na Bahia e, a partir de 48, fazia frequentes viagens à Africa, já desenvolvendo pesquisas, tornou-se um interlocutor interessado na retomada das relações entre afro-brasileiros e africanos. Foi assim, que em 1952, Dona Senhora, Oxum Muiwá, recebeu do Oba Adeniram Adeyemi, o Alafin (rei) de Oió, na Nigéria, um edun ará e um xerê de Xangô, acompanhados de uma carta, tratando-a com título de Iyanassô.
Como explica Vivaldo da Costa Lima, num artigo intitulado Ainda sobre a Nação Queto, Iyanassô é um título altamente honorífico, privativo da corte de Alafin de Oió, isto é, o “rei de todos os yorubás”. É a Iyá Nassó quem, em Oió, a capital da nação política dos yorubás, se encarrega do culto de Xangô, a principal divindade dos yorubás e o orixá pessoal do rei.
Dona Maria Bibiana do Espírito Santo comungava do entusiasmo de Pierre Verger de verem reatadas as relações culturais com a África e recebia com frequência a visita de intelectuais e embaixadores de países africanos como Daomé, Ghana e Senegal. O governo senegalês conferiu-lhe, em 1966, a comenda do “Cavalheiro da Ordem do Mérito”, pelos relevantes serviços prestados na preservação da cultura africana no Novo Mundo.
Mãe Senhora quando jovem
Dona Senhora de Oxum teve a satisfação de ver reconhecida a sua liderança espiritual, ainda em vida, em muitas homenagens que recebeu:
Em 1957, por ocasião do cinquentenário de sua iniciação, foi homenageada com uma grande festa no barracão do Axé lotado dos filhos-de-santo, obás e demais integrantes do egbé, delegações dos mais diversos candomblés da Bahia, personalidades da vida intelectual, muitas delas vindas do Rio de Janeiro e São Paulo, inclusive representações do presidente Juscelino Kubitschek e do seu ministro da Educação.
Em 1959, por ocasião do IV Colóquio Luso-Brasileiro, realizado pela UFBA, Dona Senhora ofereceu no Axé um grande amalá de Xangô, numa festa pública dedicada aos congressistas. Durante a festa, o escritor Jorge Amado saudou os convidados, em nome do terreiro e de sua ialorixá, dizendo “…Estais em vossa casa porque este terreiro de Xangô, este candomblé de Senhora, tem sido – permanentemente e sempre – uma casa da cultura e da inteligência baiana… somos orgulhosos deste templo e de seu significado. Aqui passaram e estudaram Martiniano do Bonfim, babalaô da casa, nosso Édison Carneiro, o feiticeiro Pierre Verger e hoje nós, homens de cultura, somos os defensores do seu segredo e de sua grandeza, ao lado desta figura invulgar de mulher, feita de uma só peça, rainha, se a este título damos sua significação mais profunda…”
Em 1965, Mãe Senhora recebeu o título de “Mãe Preta do Brasil” e foi aclamada pelas comunidades religiosas afro-brasileiras, que lotaram o Maracanã, no Rio de janeiro, com seus representantes, além de políticos e jornalistas.
Deixamos com Mestre Didi, seu filho e importante historiador da tradição da sua comunidade, a notícia do seu falecimento: “No dia 22 de janeiro de 1967, Maria Bibiana do Espírito Santo veio a falecer pela manhã, ao nascer do sol… Mãe Senhora, assim, como todos os de sua família, morreu de repente, e talvez por isso pareceu impossível a muitos acreditar na notícia da sua morte. Tão forte ainda, aparentemente tão sadia, com aquela presença de rainha, sua força de comando, sua intimidade com os orixás!”
Por:José Felix dos Santos – Bisneto de Mãe Senhora, Otun Algba do Ilê Axipa, Ogã do Ilê Axé Opô Afonjá
NOTA DO EDITOR – O texto acima é um resumo da introdução do livro Maria Bibiana do Espírito Santo – MÃE SENHORA: saudade e memória, organizado por José Felix dos Santos e Cida Nóbrega – Salvador, Corrupio, 2000, 184 p.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

GRANDES NOMES DO CANDOMBLÉ KETU

Dando Continuidade ao post Perfil das grandes celebridades, trazemos a mais importante personalidade dentre todas: Iya Nassô.
Iyalorixa conhecida como fundadora do Mítico Candomblé da Barroquinha, Casa Branca do Engenho Velho, Iyá Nassô Oká, juntamente com outras duas Iyas preservadas na tradição oral do Candomblé bahiano de Ketu, Iyá Akalá e Iyá Adetá, são ladeadas de mistérios e segredos em um tempo quase imemoravel.

No entanto nos últimos anos muitos tem sido os interessados em desvendar este mistério que paira sobre a origem do Candomblé de Ketu. Além de Pierre Verger, Vivaldo Costa Lima, Nina Rodrigues entre outros, temos alguns contemporâneos como Renato da Silveira e Lisa Earl Castilho que trazem a tona muitos documentos que apontam para desmitificação desta história.

Em sua pesquisa documental Lisa Earl Castilho, que foi publicada pela revista Afro-Asia em sua edição 36 de 2007. Ela através de uma pesquisa profunda nos arquivos públicos da Bahia traz a luz inumeros documentos como testamentos, ocorrências policiais, cartas de alforria, petições entre outros que apontam a identidade "brasileira" de Iya Nassô, que como ja esclarecido por diversos entendidos do assunto, é o nome de um titulo da corte do Alafin de Oyo, responsável pelo culto a Sango e divindades secundarias ligadas a este no palacio de Oyo, importante cidade-estado durante séculos.

Através do testamento deixado por Marcelina da Silva (Oba Tossi) em que ela descreve seu desejo em que seja celebrada in memorian missa a seus antigos senhores Jose Pedro Autran e Francisca Silva casados, moradores da Ladeira do Passo, na Freguesia do Passo em Salvador e seu filho Domingos a pesquisadora da inicio a uma serie de desenrolares na história acerca dessa figura lendária.

Através de outros documentos, ela identifica que este senhores a que Marcelina (Obatossi) cita em seu testamento eram negros da Costa forros libertos, e também proprietário de escravos, já que naquela época a posse de escravos era considerado um investimento seguro e lucrativo, mesmo por parte de ex escravos, que apesar do preconceito existente ascenderam economicamente na Bahia daqueles tempos. Esta senhora e seu marido Jose Pedro Autran constam em muitos documentos principalmente em concessão de alforrias, em especial em fevereiro de 1937 que concederam mais de 15 alforrias a seus escravos inclusive Marcelina (Obatossi) e sua filha a crioula Magdalena constando mais tarde em Outubro na alfândega registros destes e seus escravos alforriados vistos para viagem a África mais especificamente a Costa como era conhecida aquela região da África naqueles tempos. Isso comprova o que diz a tradição oral a respeito da viagem a África por Iya Nasso e Obatossi relatada por Mãe Senhora a Pierre Verger e Costa Lima.

Mas o fato motivador da viagem desta de volta a África pode ter sido por outras razões que não o de aperfeiçoar seu conhecimento a respeito do culto aos Orixás. Considerando a hipótese apontada pela pesquisadora de que Francisca Silva seria a lendária Iya Nassô, "comprovada" por toda documentação pesquisada, esta teria saido do Brasil por conta da perseguição estabelecida pelas autoridades após a revolta do malês na Bahia, tendo seu filho como um dos suspeitos da insurreição. Ela em defesa de seu filho, Domingos, citado por Obatossi em seu testamento opta por deixar o país em troca de seu filho ser deportado. Segundo a pesquisadora após Outubro de 1837 nada mais indicava um retorno de Francisca Silva (Iya Nassô) a Bahia, tendo possivelmente falecido por lá. No entanto em meados nos anos de 1840 documentos voltam a apontar Marcelina Silva (Obatossi) tais como registros de batismo, escrituras de imóveis apontando que esta voltou da viagem a África e se estabeleceu novamente na Bahia, possivelmente assumindo o culto deixado por Iya Nassô, e mais tarde fundando o Terreiro da Casa Branca o Ilê Axe Iya Nassô Oka.

Na pesquisa um outro descrito interessante refere-se a prisão de seus filhos suspeitos de participantes da Revolta do Malês, ns ocorrências policiais testemunhos de pessoas próximas da casa de Francisca Silva descreve festas com a presença de um grande numero de nagos, vestidos de branco e vermelho com colares no pescoço, cânticos em língua ioruba, possivelmente um culto a Xango já que seu outro filho Thomé possuía registro de origem, ele vinha de Oyo.

Todos estes fatos documentados apontam para uma hipótese bastante concreta de que Francisca Silva tenha sido Iya Nassô e que esta tenha de fato trazido consigo o culto a Xango e talvez outras divindades secundarias daquela região de Oyo, e tenha voltado a África sem retorno a Bahia, porem deixado para sempre seu nome registrado na história do Candomblé de Ketu, sucedida anos depois por Marcelina Silva (Obatossi) que mais tarde o lado de Iya Adeta e Akala fundam a Casa Branca.

Concluindo todos estes fatos constatados a hipótese é de que Iya Nassô tenha sido mesmo a Sra Francisca Silva e tenha cultuado Xango em sua própria casa até sua partida para África, permanecendo no Brasil ainda Iya Adeta e Akala que promoviam também em suas casas cultos a Odé (Oxossi) e Aira. A outra hipótese que conclui-se é que o Candomblé da Barroquinha a que todos se referiam eram os festejos realizados no salão de festa anexo a Igreja da Barroquinha, sede da Irmandade do Martirios, aonde realizam a sombra do sincretismo festas a seus Orixás, o Candomblé como conhecemos hoje so teria passado a existir a partir da fundação da Casa Branca.
Referências:
* Silveira, Renato da, Candomblé da Barroquinha, Editora: Maianga ISBN 8588543419
* [(Liza Earl Castilho / Luis Nicolau Pares)] Marcelina da Silva e seu Mundo: Novos dados para um historiografia do Candomblé Ketu. Afro-Asia 36 (2007) 111, 151

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

NEM TUDO QUE PARECE COM O PIOR É O QUE CREMOS.


Pode parecer que o que vou tratar aqui nada tem a ver com o meu propósito de salientar que toda vez que encontrar alguém que como eu saiba que qualquer neófito ou abián que queira se afiliar ou se dedicar a uma casa de candomblé é tem a curiosidade de conhecer qual seu Orixá ou mesmo para poder responder á aqueles curiosos de plantão que vive tentando afirmar que seu Orixá e Tal, porque você é Assim! E vivem achando características do Orixá “x” que se enquadra no seu Biótipo
E então aproveito este texto do Bàbá Fernando de Oxaguian que para mim e muitos que ouvem suas palavras e seguem seus conselhos sabe que ele é um estudioso que não se coloca como dono da verdade, mas que afirma em seu conhecimento que para poder saber qual o Orixá que comanda o Eleda de qualquer um de nós só no Jogo de Ifá, Orumilá aquele que foi testemunha da criação de Oludumare, Procure um Babálawo ou um Babálorixá de confiança. E Assim ficara seguro de seu Orixá.
Eu o saúdo meu querido Bàbá com as palavras de um grande antepassado do Sítio de Pai Adão. “Que longos sejam seus dias com saúde e muito axé”
********************************
Temos um post de Bàbá Fernando que nos fala da importancia do Ebó e do sacrificio, muitas vezes nos vemos em situções dos mais variados graus de dificuldades, sempre pensamos que nosso òrìsá ou mesmo Esú não estão satisfeitos com alguma coisa ou tem alguém atazanando nossa vida, ledo engano, muitas vezes temos ajoguns (energias negativas) nos bloqueando o caminho e somente com sacrificio poderemos transpor estes obstáculos, ebó é vida, ebó é caminho, sem ebó não existe culto a òrìsá.
Wori’Ogbe, (Iwori Ogbe) um dos Odù mais velhos (discípulo) de Òrúnmìlá, nos revela a influência em nossas vidas da divindade chamada "Infortúnio". Elenini (Ido-Boo) é a guardiã da Câmara interna do Palácio divino de Olodunmarè, aonde todos vamos nos ajoelhar para fazer os pedidos e juramentos para a nossa permanência no mundo. Uma vez tendo completado as providências para nossa partida, seremos conduzidos por nosso “Eledá” à câmara interna, aonde fazemos nossos próprios desejos. Eledumare não nos conta o que vai ou não vai acontecer conosco ou nos dar algum desígnio especial. Tudo aquilo que vemos, desejamos fazer ou transformar, Ele simplesmente abençoa dizendo: “- Que assim seja minha criança!” Quando Wori’ogbe estava indo para a terra, ele fez um pedido, que queria modificar a face da terra, eliminando todo mal e elementos viciosos. Para ser capaz de executar sua tarefa, ele solicitou de Eledumare um poder especial sobre a vida e a morte. Eledumare respondeu que seu pedido estava concedido. Envolvido pelo poder concedido a ele por Eledumare, partiu rapidamente em sua jornada para o Ikole aiyè ([terra]. Seu Eledá o relembrou da necessidade de assegurar seus pedidos com Elenini a mais poderosa divindade, mas ele disse ao seu anjo que não havia força maior que Eledumare e desde que ele tinha obtido autorização divina, não via porque se justificar com alguma divindade inferior. Assim que deixou o palácio divino, Elenini inverteu os desejos de Woribogbe. Na chegada ao Àiyé, ele descobriu que ao contrário de seus pedidos, estava se encontrando por acaso em dificuldades. Veio, a saber, que tudo aquilo que ele pediu estava acontecendo sempre ao contrário. Quando ele rezava para pessoas viverem, eles morriam, enquanto aqueles que ele desejava mortos viviam. Ele se tornou muito amargurado e desiludido, por que ninguém se atrevia a ir até ele para consultar o Oráculo, ou pedir auxílio, desde aquilo que havia feito, pagava muito caro por isso. Após passar fome dentro de sua frustração por algum tempo, ele decidiu retornar ao Ikolè Òrun [céu]. Chegando ao Òrun, ele foi ao seu Eledá que o relembrou do aviso dado a ele antes da partida do Òrun. Foi neste ponto que ele concordou em ir ao Oráculo, aonde foi informado a fazer sacrifícios elaborados para Elenini, a mais velha das divindades. Ele fez o sacrifício e retornou subseqüentemente para o Àiyé para uma vida produtiva e realizada.
Onon alafiá.

COMO DESCOBRIR QUAL ORIXÁ REINA EM SEU ORI

Este texto tem a finalidade de esclarecer que Orixá só possui com certeza uma formula de se confirmar no Ori de seu filho é no jogo de Ifá ou Búzios e toda vezes que localizar alguém que concorde comigo eu o colocarei aqui em meu blog, neste eu copiei parte do texto de Robson de Xangô lá do R. de Janeiro, faço aqui esta afirmação mas também tenho a humildade de reconhecer que a casos de por bem ou por imperícia já vi e outros fiquei sabendo que o Orixá na hora do apoti foi mudado não vamos entrar em pormenores porque as variantes aqui são grandes.

“Seguindo em frente: a única forma de se comunicar com os Orixás é através de Ifá.

No Brasil o Jogo de Búzios é o mais utilizado pelos Sarcedotes de Orixás do Candomblé, para estabelecer uma espécie de conversa com as Divindades.

Muitos dizem que pelo arquétipo ou através de cálculos matemáticos é possivel confirmar o Orixá de uma pessoa.
Mas a única forma de confirmar Orixá é através do Jogo de Búzios, é através de Ifá.

Os arquétipos de Orixás e as características que eles imprimem em seus filhos, foi trazida para o Brasil por Pierre Verger.

Realmente o Orixá imprime sua marca no filho.

Mas o Orixá tem as suas características mudadas, de acordo com o Odu que ele vem.

E aí a coisa se complica e pode levar a um erro. Temos sempre que considerar o Odu que o Orixá vem.

Um mesmo Orixá pode apresentar caracterícas bem diferentes, pelo fato de virem por Odus diferentes.”

quinta-feira, 21 de julho de 2011

SERÁ QUE NÃO HÁ PUNIÇÃO PARA OS ENGANADORES?

Para vocês que acreditam que em muitas vezes sou arrogante, metido e que não possuo conhecimento e ficou posando de sabichão, acredito que se forem um pouco curiosos devem ler este texto copiado da net, que vem a respeito do que minha querida (que a própria me perdoe me chamá-la de querida, pois em seus últimos dias vivíamos brigado por não concordar com tudo que ela tentava me ensinar) me dizia que tudo que reluz nem sempre é ouro e quem dá o que não tem sobrando acaba com o pires na mão. Outro famoso de seus ditados aqueles que nos cobram sabedoria publicamente são aqueles que seus próprios mais velhos os ignoraram, então não pense que dançar bonito no barracão ou puxar cantigas vão lhe dar créditos só se for junto aos tolos. Pode acreditar que o Orixá pode lhe admirar por ajudar a depenar ou limpar os injês.
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Em virtude de vários relatos a respeito de duvidas e certezas de que alguém intitulado Sacerdote, fez algo que não devia ou fez de forma errada ou com maldade, o Òmò Odu Iká-Ofun, nos revela alguns aspectos sobre negligencia, má fe e intromissão no culto religioso, seja ele de Òrúnmìlá ou Òrìsá. Temos que ter a certeza de que o sacerdote também tem responsabilidades muito mais altas que neófitos e iniciados, somos um elo e a junção destes elos formará uma linda corrente.
Estes são alguns aspectos dos mandamentos de Ifá, que na verdade totalizam 16, por ser muito extenso, ficamos apenas com esses.
Itan do Odu Ikafun:
II II
II I
II II
II II
Quando os Maiores (os Irunmole) chegaram a Terra, fizeram todos os tipos de coisas erradas que foram avisados que não fizessem.
Então, começaram a morrer um atrás do outro e, desesperados, puseram-se a gritar e a acusar Orunmilá de está-los assassinando.
Orunmilá então defendeu-se dizendo que não era ele que os estava matando.
Orunmilá disse que os maiores estavam morrendo porque não cumpriam os mandamentos de Ifá.
Então IFÁ disse: A habilidade de comportar-se com honra é obedecer aos mandamentos de Ifá, o que é de sua inteira responsabilidade.
A HABILIDADE DE COMPORTAR-SE COM HONRA E OBEDECER AOS MANDAMENTOS DE IFÁ É MINHA RESPONSABILIDADE TAMBÉM.
POSTAREI ALGUNS PARA REFLEXÃO:
1o Mandamento
Eles, os 16 Maiores, caminhavam em busca da Terra Prometida, Ile Ifé, a Terra do Amor, para pedirem Ire Ariku (o bem da longevidade) ao Deus Supremo, Olofin. Então perguntaram a Orunmilá: “Viveremos vida longa como foi prometido por Olodumare quando foi feita a consulta através do oráculo de Ifá?” E eles (os adivinhos), responderam: “Aquele que pretende vida longa, que não chame a esúrú” (tipo de inhame parecido com pequenas batatas)”. (Chamar esúrú significa falar do que não se sabe).
Significado do 1o mandamento:
O sacerdote não deve enganar ao seu semelhante acenando com conhecimentos que não possui.
Interpretação:
O sacerdote não deve dizer o que não sabe, ou seja, passar ensinamentos incorretos ou que não tenham sido transmitidos pelos seus mestres e mais velhos. É necessário o conhecimento verdadeiro para a prática da verdadeira religião.
Mensagem:
Quem abusa da confiança do próximo, enganando-o e manipulando-o através da ignorância religiosa, sofrerá graves conseqüências pelos seus atos. A natureza se incumbirá de cobrar os erros cometidos e isto se refletirá em sua descendência consangüínea e espiritual.
DIGNIDADE E HONRA - ATRIBUTOS REAIS
2o Mandamento
“Eles avisaram aos Maiores que não chamassem a todos de esúrú”. (Chamar a todos de “esúrú” é considerar todas as coisas como contas sagradas).
Significado do 2o Mandamento:
O sacerdote deve saber distinguir entre o ser profano e o ser sagrado, o ato profano e o ato sagrado, o objeto profano e o objeto sagrado.
Interpretação:
Não se pode proceder a rituais sem que se tenha investidura e conhecimento básico para realizá-los. Chamar a todos de esúrú é considerar a todos, indiscriminadamente, como seres talhados para a missão sacerdotal, o que é uma inverdade ou, o que é pior, uma manipulação de interesses. Da mesma forma que nem todas as contas servem para formar-se o eleké (colar) de um Orixá (como as contas sagradas), nem todos os seres humanos nasceram fadados para a prática sacerdotal.
Mensagem:
Para ser um sacerdote de Ifá ou Òrìsá, são necessários inúmeros atributos morais, intelectuais, procedimentais e vocacionais.
A simples iniciação de um ser profano, desprovido destes atributos básicos e essenciais, não o habilita como um sacerdote legítimo e legitimado.
Da má interpretação e inobservância deste mandamento resulta a grande quantidade de maus sacerdotes que proliferam hoje em dia dentro do Culto de Orunmilá/ Òrìsá.
Ai observa-se a diferença entre “ser bàbáláwo/Olorisá” e “estar bàbáláwo/Olorisá”. Aquele que se submete à iniciação visando tão somente o status de bàbáláwo/Olorisá, jamais será um verdadeiro sacerdote de Orunmilá/Òrìsá. “Estará” bàbáláwo/Olorisá, cargo adquirido pela iniciação, mas jamais “será” bàbáláwo/Olorisá, condição imposta por sua vocação, dedicação e desprendimento. Cabe ao sacerdote que procede a iniciação escolher, com muito critério, aqueles que são realmente dignos do sacerdócio.
DIGNIDADE E HONRA - ATRIBUTOS REAIS
3o Mandamento
Eles avisaram que não chamassem forças, da forma errada “ódidé”. (Uma referência às aves noturnas e misteriosas, que se nutrem de sangue. Dar maus conselhos e orientações erradas é expor as pessoas aos perigos de energias maléficas e sem controle).
Significado do 3o mandamento:
O sacerdote nunca deve desencaminhar as pessoas dando-lhes maus conselhos e orientações erradas.
Interpretação:
É inadmissível que um sacerdote se utilize do seu poder e do seu conhecimento religioso para, em proveito próprio, induzir ao erro aqueles que o seguem. Ao agirem desta forma, assumem a postura das aves noturnas que, nas trevas, saciam suas necessidades com o sacrifício e o sangue dos outros.
Mensagem:
Uma das mais importantes funções do sacerdote é orientar seu discípulo, conduzindo-o ao caminho correto, ao encontro do “irê” (boa sorte), de acordo com os ditames estabelecidos por seu Odu pessoal e seus Orixás de cabeça.
Quem chega aos pés de Orunmilá para consultar seu oráculo em busca de soluções, deve ser orientado pelo sacerdote corretamente, independente do interesse deste como olhador.
A pessoa que chega com um problema deve ter seu problema solucionado e não vê-lo acrescentado de outros criados artificialmente com o fito de proporcionar a quem a consulta, vantagens financeiras ou possibilidade de conquistas e abusos.
DIGNIDADE E HONRA - ATRIBUTOS REAIS
4o Mandamento
Eles avisaram que não dissessem que as folhas sagradas do arabá (Ceiba Pethandra), são folhas da árvore "oriro".
(Tudo deve ser feito de acordo com os ditames e os preceitos religiosos. A simples troca de uma simples folha pode ocasionar conseqüências maléficas ou tornar sem efeito um grande ebó da mesma forma que as folhas do arabá não são iguais às folhas de oriro).
Significado do 4o Mandamento:
O sacerdote não pode, em nenhuma condição, utilizar-se de falsos recursos, fornecendo coisas sem validade religiosa como elementos de segurança ou de culto.
Interpretação:
Os procedimentos litúrgicos devem ser observados integralmente e a ninguém cabe o direito de fazer “isto” por “aquilo” quando em “aquilo” é que está a solução.
Mensagem:
Aquele que se utiliza de meios escusos e enganosos contra seus semelhantes, será culpado do crime de abuso de confiança. Usando de artifícios e mentiras contra as pessoas inocentes e de bom coração, o sacerdote provoca o descontentamento de Orunmilá e a conseqüente ira de Esu, e isto não é bom. Cada entidade espiritual possui um nome individual, de acordo com a determinação de Olofin (Deus). Da mesma forma, cada Esú possui nome e identidade própria, assim como atributos específicos. É inadmissível, portanto, que esta Entidade tão sagrada e importante dentro do culto, seja assentada e entregue de maneira irresponsável, e que aqueles que a recebem permaneçam ignorantes do seu nome, forma de tratamento e especificidade de função.
Sentença: “Orunmilá é aquele que nos olha com amor, não façamos por onde possa nos olhar com desprezo”.
Texto pesquisado na net sem autoria expressa.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

VERSOS DE IFÁ

Versos de Ifá


A Sabedoria não esta no mais culto,
A Sabedoria não esta no mais rico.
A Sabedoria não esta no mais velho,
A Sabedoria não esta no mais humilde...
A Sabedoria não esta no maior ouvinte...
A Sabedoria não está na mais falante...
Não a encontramos no maior guerreiro...
Não a encontramos no maior pregador da Paz....
Assim se queremos encontrá-la...
Devemos mergulhar no interior de cada um e olhar a sua pureza e de cada um desses maiores e colher uma pequena perola que chamasse amor...
Ai sim reside à essência de toda sabedoria...
Pois sabedoria não são uma qualidade isolada e sim um conjunto de vários valores
Humanos e espirituais utilizados com humildade.

terça-feira, 14 de junho de 2011

O BEM E O MAL

O BEM E O MAL
O bem e o mau esta intrínseco em tudo quanto conhecemos neste mundo visível e também se faz presente em todas as religiões é só pararmos e observarmos que pode ser no Taoo no Budismo apesar de que pregam que seus adeptos não devem praticar o ato de tirar a vida sem como meio de sobrevivência, mas no Kardecismo aprendemos que há espíritos não evoluídos (maus) na Umbanda também e por assim poderemos inúmeras todas indicando praticamente a necessidade de uma convivência entre os dois lados então a nossa maior obrigação e procurar manter o equilíbrio destas forças. Assim não é diferente em nossas crenças de origem Ioruba onde o texto abaixo faz uma boa explanação:
O universo Iorubá é dividido em duas metades. A direita que é habitada por forças benévolas e o esquerdo são habitados por forças do mal, conhecidas por Ajogun.
Estes guerreiros, ajoguns, têm oitos forças malignas importantes: Morte, Doença, Perdas, Paralisia, Problemas, Maldição, Obstáculo, Prisão e os males não mencionados. Como males não mencionados encontramos dor de estomago, lepra, dor de cabeça, AIDS e etc...
Estas forças formam um grupo de 200 divindades + 1, onde o 1 representa a possibilidade de aumento destes números. Que pode ser explicada por doenças novas, por isso o Universo iorubá é místico e elástico.
Como é possível então que as forças benevolentes convivam com as forças do mal neste universo (Cosmos).
O ponto principal é que existe um ponto de equilíbrio entre essas forças, que estam sempre em conflito. A força do mal estam sempre lutando contra os seres humanos por isto essa parte do cosmos está sempre em conflito. Os conflitos são a ordem do dia e não a paz.
Porque qualquer coisa que fazemos está provocando conflito. O nosso café da manhã, nosso almoço e jantar, não só cria conflito, como também tem a ver com alguma morte no Universo (cosmos), por exemplo, ao sair com seu carro à noite você pode ter matado alguns insetos no seu caminho, quantas mortes sua alimentação provocou?
Olhando por este ângulo como podemos ter paz?
Para a maioria dos africanos os sacrifícios existem a fim de manter a paz e o equilíbrio. Os sacrifícios têm que envolver todas as forças, tanto malignas como benignas e os seres humanos.
O sacrifício é nossa maneira de nos comunicar com as forças sobrenaturais e apresentar nosso problema. Uma vez que foram aceitos/recebidos, todas as forças se empenham em trabalhar para o ser humano e resolver este problema e alcançar a paz.
O nigeriano freqüentemente usa frangos, galos, galinhas e frangas em seus sacrifícios.
Por que isso?
Porque estes animais representam a galinha que acompanhou as divindades na sua jornada do Orun ao Ayè (do céu a Terra). A galinha foi responsável pelo primeiro adubo que foi lançado sobre a terra e o espalhou fertilizando o solo. Ela foi o primeiro habitante da Terra.
Por este motivo não há problema que ela não conheça ou testemunhou.
Ela conhece este quebra-cabeça. Ela termina com o mito de quem nasceu primeiro: ‘o ovo ou a galinha’.
O homem tem a tendência de fazer uso diário de coisas que dão bons resultados. Então quando enviamos mensagens para o céu, usamos a galinha porque ela se lembra que foi ela quem acompanhou as divindades em sua jornada para a Terra e é conhecedor de ambos os mundos, o visível e o invisível, portanto um bom mediador e mensageiro.
O sacrifício tem sido um tema de controvérsia entre muitos estudiosos, para não mencionar, outras religiões. Nosso sacrifício tem sido muito mal interpretado.
Para nós, cultuadores de Òrìsá, falar, orar e pensar não é suficiente para uma comunicação completa com as divindades. Como teremos certeza que Olodunmarè entende nossa língua e todas as línguas do mundo, digo nossa mensagem, “Como é que os animais que não falam, podem entrar em contato com Olodunmarè e levar nosso pedido?”
Pense nas formigas, se você coloca um pouco de mel em uma mesa, no dia seguinte estará cheio de formiga em volta do mel. Seu sentido, seu olfato é muito mais desenvolvido que o nosso, ela apareceu porque foi induzida através e uma mensagem. É por esta razão que devemos pensar que todos seremos nada sem uma mensagem perfeita.
Não sentimos cheiro de sal e açúcar, isso demonstra que somente oriki e orações não são suficientes para uma comunicação com as divindades.
Quando executamos um sacrifício a uma divindade e executamos outro ao Deus brincalhão (Esù), que compartilha os dois lados do Universo. Esquerda e direita e informa tudo a Olodunmarè, que tem 200+1 divindades malévolas como suas filhas, estamos buscando o equilíbrio e a cura de nossos problemas através de Esú e outras divindades também.
Podemos notar como é difícil nossa comunicação direta com os Deuses africanos. Não é como outra religião onde o contato com o Deus maior é direto. Além disso, devemos pensar que Olodunmarè tem como seus filhos as forças do bem e do mal e lhes deu o poder da energia vital (asè), podemos inclusive nos perguntar por que Ele fez isso. Porque todo lado tem duas versões, porque quando se fala do bem, temos certeza que o mal também existe e um não poderia viver sem o outro, daí nasce à noção de equilíbrio.
Podemos usar o exemplo de uma pessoa doente que sacrifica, este sacrifício deve ser dado tanto a divindade da direita como a divindade da esquerda, porém se Esù não participa não há como haver alguém que dialogue com os dois lados a seu favor. Feito isso com certeza teremos paz.
Esù usará isto para manter as forças da esquerda longe de você.
É deste jeito que a paz é alcançada, por isto sacrifício deve ser feito de uma maneira constante e consistente.
Esta maneira de convívio com o mundo invisível é de difícil compreensão pelos povos ocidentais.
A forma interessante de olhar este tipo de vida, implica que cada um de nós é, de certa forma, responsável pela sua prosperidade.
Então se você quer melhorar sua vida, tem que oferecer sacrifício, paz, tranqüilidade e prosperidade não são comercializadas.
Seja o que for colocado ou removido de seu caminho terá que ser através de sacrifício.
Isto pode estar ligado a sangue ou alimentos, como também podem estar ligado as suas ações.
Como uma mulher que limpa o apere de Ifá de 4 em 4 dias, cantando e dançando, dedicando seu tempo a divindade da sabedoria, isto é sacrifício.
A idéia de sacrifício Ioruba é uma grande contribuição ao pensamento religioso, mas freqüentemente é mal interpretada.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

EXÚ É CONDENADO A PAGAR O BODE

A ESPERTEZA DE EXU JÁ LHE TROUXE PROBLEMAS, QUE COMO ELE SENHOR DA ARDILEZA SOB TRANSFERIR AOS OUTROS PARA PAGAR A CONTA:

Este Iton nos lembra que tudo que fazemos dentro de nosso culto tem um porque, nada pode ser tirado da cartola como um passe de mágica, portanto lembrem-se que qualquer ebò (oferenda) tem uma finalidade e ninguém pode em nome de Deus tentar ocupar o lugar de Deus e ditar normas.
Foi à deslealdade do bode que o tornou vítima sacrificial para Èşu. Mais importante, todavia, o bode tornou-se a principal oferenda para ele por causa de um débito como Rei da Morte. Irosun- Irete revela como o filho de um Ọdu de Ọrúnm.lá chamado Imoton ou “sabe-tudo” aborreceu o Rei da Morte. Para testar o quanto de sabedoría ele realmente tinha, como seu nome indicava, o Rei da Morte deu-lhe um bode para criar para ele, ordenando-lhe que ele trouxesse, anualmente, os filhotes que ele gerasse. Enquanto isso Ọrúnm.lá tinha pensado em comprar uma cabra para viver com o bode. Èşu alertou-o que esta abordagem não seria aceitável pelo Rei da Morte. Èşu disse a Ọrúnm.lá que lhe desse o bode para comer e que ele saberia o que fazer quando chegasse à hora.
Quatro anos mais tarde, o Rei da Morte mandou uma mensagem ao filho de Ọrúnm.lá para que lhe trouxesse o bode e suas crias. Nesse momento, Èşu pediu que lhe comprasse outro bode que ele também matou e comeu, deixando um de seus membros e a cabeça. Ele usou a para marcar pegadas no chão, simulando o movimento de uma grande quantidade de bodes. Èşu também preparou cordas
supostamente usadas para amarrar uma quantidade grande de bodes. Èşu em seguida acompanhou Ọrúnm.lá para responder ao enigma do rei da Morte. Chegando lá, Èşu explicou que quando eles vinham vindos com as crias ao lado do bode, um grupo de bandidos armados os atacou, roubando o bode e seus filhotes. Para substanciar a história, Èşu mostrou ao Rei da Morte as cordas usadas para amarrar todos os bodes. Acrescentou que eles tinham matado o bode Original e por isso lhe tinham trazido a cabeça e a pata.
O Rei da Morte então se voltou para Èşu dizendo que ele teria de pagar pelo bode perpetuamente.
Èşu por sua vez, reuniu as duzentas divindades e disse-lhes que daquela data em diante, se elas quisessem paz e prosperidade deveria sempre lhe oferecer bodes para que ele resgatasse seu débito como Rei da Morte. Esse é o bode que todos nós pagamos a Èşu até hoje. Até onde este autor pode verificar, todas as divindades conhecidas recomendam a seus seguidores oferecer, periodicamente, sacrifício de bodes a Èşu.

OFUN MEJI NOS MOSTRA A VAIDADE.

COMO É LINDO NOSSOS ITÁS E SUA SIMPLICIDADE PARA NOS FAZER ENTENDER COISAS TÃO COMPLEXAS QUANTO A NOSSA VAIDADE, MERGULHEMOS NESTA SABEDORIA ANCESTRAL.


OFUN MEJI - COMO O ETU ADQUIRIU IMPORTÂNCIA NO CULTO AO SER ABENÇOADO POR OBATALÁ



Naquele tempo a galinha d’angola era inteiramente preta e vivia só e infeliz dentro da mata. Para resolver seus problemas de solidão, foi consultar o adivinho de Obatalá para que lhe indicasse um ebó que lhe permitisse conseguir uma companheira como todos os demais bichos possuíam. Chegando à casa do adivinho, o pobre animal não foi por ele recebido porque, sendo completamente preto, não poderia entrar numa casa onde o Orixá do Branco era cultuado, pois a cor preta era considerada como uma grande ofensa.

Desolado, o bicho que apesar de viver só era muito rico, reuniu uma grande quantidade de alimentos e saiu sem rumo, na esperança de encontrar em outro lugar qualquer, alguém que lhe fizesse companhia.

Depois de muito caminhar encontrou, numa clareira, um velho muito estropiado que gemendo, estendeu-lhe as mãos dizendo:

"Dá-me um pouco de comida e de água, pois estou exausto e já não posso conseguir alimento para minha própria sobrevivência".

Condoído, Etú serviu de seu próprio alimento ao velho e saciou-lhe a sede com a água que trazia dentro de uma cabaça.

Logo que acabou de comer, o pobre velho, de tão enfraquecido, caiu em sono profundo e, ao despertar muitas horas depois, deparou com Etú que preocupado, velava por seu sono.

Já refeito, o velho perguntou:

"Que fazes sozinho no interior desta floresta? Não sabes que ela é sagrada e que só os iniciados podem adentrá-la?”.

"Ando sem destino. Nasci só e sempre vivi só. Minha aparência é muito repugnante e minha feiúra impede que as pessoas permitam que me aproxime delas”. Replicou a ave.

"Tua feiúra exterior nada é, comparada com tua beleza interior. Aproxima-te mais e, como recompensa pela tua bondade, modificarei um pouco a tua aparência”.

Ordenou o velho.

Pegando pó de efun o velho, que outro não era que o próprio Obatalá, soprou sobre o corpo de Etú deixando-o, a partir de então, todo pintalgado. Reunindo alguns elementos sagrados, modelou um cone que colocou no alto de sua cabeça dizendo:

"A PARTIR DE HOJE, SERÁS O ANIMAL MAIS IMPORTANTE NA RELIGIÃO DOS ORIXÁS, NADA PODERÁ SER FEITO SEM A TUA COLABORAÇÃO E, COMO SINAL DESTA IMPORTÂNCIA, SERÁS O ÚNICO DENTRE OS SERES VIVOS A PORTAR O OXÚ, SÍMBOLO DA ALIANÇA FORMALIZADA ENTRE O INICIADO E SEU ORIXÁ. POSSUIRÁS, ALEM DISTO, TANTAS FÊMEAS QUANTAS QUISERES E TUA PROLE SERÁ NUMEROSA E SE ESPALHARÁ SOBRE A TERRA."

Por este motivo a galinha d'angola possui o corpo coberto de pintas e carrega sobre a cabeça uma crista cônica, assemelhando-se ao neófito durante o ritual da iniciação. Sua presença em todas as cerimônias iniciáticas é indispensável e todos os Orixás a exigem em seus rituais.

EXEMPLO DO CODIGO DE CONDUTA DE URNMILÁ

O código de conduta de Urunmilá


Colhido este texto do povo da Ilha RJ, Aqui transmito ao meus leitores pela clareza de como deve se portar aquele que ouve ser deste poderoso Orixá.



De maneira bastante interessante, todas as divindades têm características e tabus similares. Na dependência da variação do grau de agressividade, eles todos aceitam a imutabilidade das leis naturais, as quais teólogos e teósofos têm codificado dentro dos 10 mandamentos de Deus. Isto não é dizer que algumas divindades não mataram quando eles acreditaram ter fortes justificativas para fazê-lo, no momento em que códigos terrestres e celestes admitiram a punição capital como medida para sentenciar os ofensores capitais.
Sem exceção, todas as divindades também aceitaram a supremacia de Deus. No caso de Ọrúnm.lá, ele deixou na memória de todos seus apóstolos, discípulos, sacerdotes e seguidores que ele é apenas um servo de Deus, e no melhor conceito de Deus, este é o porquê ele é geralmente chamado Ajiboríşa Kpeero e Ukpin.
Ajiboríşa Kpeero significa a única divindade que acorda de manhã para ir saudar Deus na Reunião do destino, enquanto que Eleeri Ukpin significa a divindade que se sentou como testemunho do próprio Deus na corte do destino, quando o destino de todas as criaturas estava sendo designado.
Veremos mais tarde como Ọrúnm.lá foi nomeado testemunha de Deus quando Este começou seu trabalho criativo. Ògúnda-Meji nos revelará depois neste livro por que Deus ordenou a todas as divindades a retornarem para o Céu depois de fundarem a terra. Quando a terra estava em estado de desordem ele enviou Elenini para capturá-los todos e trazê-los de volta ao céu.
Eji-Ogbe, o mais velho missionário de Ọrúnm.lá, irá à seqüência revelar como ele retornou ao mundo sob o nome de Omoonighorogbo para ensinar ao povo do mundo como proceder em concordância com os desejos de Deus. Ele demonstrou pelos preceitos, exemplos e ações como viver e agir em concordância com as leis naturais e como viver em paz com Deus. Ele também demonstrou que a verdadeira felicidade vem apenas quando alguém devota um pouco do seu tempo de modo abnegado ao serviço dos outros. Ele também ilustra a virtude do amor ao próximo. Sem dizer que se alguém ama seu próximo, não poderá seduzir a sua esposa, matá-lo, alimentar rancor contra ele, roubar sua propriedade e enganá-lo.
Portanto como um filósofo prático, Ọrúnm.lá estima alguém que muito pode aumentar todo o amor por seu próprio vizinho, o lado bom muitas vezes está em ser recíproco. Entretanto, Ọrúnm.lá é extremamente contra retaliações e vinganças porque as divindades sempre ficarão ao lado dos justos.
A primeira obrigação de um homem com ele mesmo é preservar-se através da divinação e do sacrifício. Se uma pessoa forte está se envolvendo em alguma guerra aberta ou discreta contra alguém que carece de poder para combater estas forças invisíveis, Ọrúnm.lá adverte recorrer à divinação quando na dúvida e fizer algum sacrifício prescrito aos altos poderes. Uma fez feito o sacrifício, o receptador irá quase que imediatamente intervir nas maquinações do mal feitas pelos inimigos conhecidos e desconhecidas.
Ọrúnm.lá recomenda a seus seguidores a não se envolverem em preparados medicinais destrutivos, porque os mesmos podem conduzi-los a sua própria imolação. Contudo há alguns discípulos de Ọrúnm.lá cuja sobrevivência no mercado é a preparação de remédios, mas apenas com propósitos construtivos, de salvação e libertação.
Ọrúnm.lá é o melhor professor da eficácia da perseverança. Ele ensina que enquanto pode haver remédios que não sejam eficazes, não há paciência que fracasse em sobrepujar todas as dificuldades, porque as divindades irão ao final socorrer aqueles que perseveraram.

MAIS DETALHES DA CULTURA JEJE.

Mais detalhes da Cultura JEJE.


Para nós trago aqui em partícula o fato da conotação que estes VODUNS tem com a Cultura KETÚ, e a figura de OXUMARÉ com a de URUMILA observe os detalhes de cada Nação a sua riqueza.

Dan (Serpente) para nós, pertencentes a nação Jeje Mahi, é considerado o maior Vodun dentro do culto. A família de Dan é composta por muitos Voduns, todos eles com sua importância para os povos Fon. Dizem os mais antigos que, existem 3 reis e patronos da nação Jeje Mahi: Dàn Gbé Seén (Bessém), Sògbò e Azansú. Assim como Oxóssi tem sua importância para o Ketu, e Kitembo tem sua importância para Angola, esses três reis seriam a grande potência da nação, sendo reverenciados e cultuados por todos os filhos, independentes de seus voduns. Dentre esses três reis, se destaca Bessém por ser um dos primeiros deuses a existir e dele tudo nascer. Bessém é a serpente da vida, aquela cujo morder a própria cauda deu origem ao movimento de rotação e translação da terra e a partir daí, sendo possível a existência de vida no planeta. Os patriarcas da família de Dan é o casal Áídò Wèdò e Dàn gbállà. Àídò Wèdò seria a serpente arco-íris e Dàn gbállà seria seu reflexo nas águas. Logo Dan seria a origem de tudo no planeta, sendo um dos responsáveis por sua existência e por sua habitação. Dentro da nação Jeje, Dan é o maior vodun, e a serpente, seu maior símbolo, sendo a representação viva de seu poder. A serpente representa o movimento e o dinamismo, uma vez que consegue se locomover com extrema facilidade e habilidade sem ser provida de patas ou outros membros; representa também a transformação, a evolução e a metamorfose, uma vez que troca de pele e se renova com frequência para poder crescer e se expandir; além de ser uma hábil caçadora e algumas espécies serem detentoras de poderosos venenos, mostrando seu poder e ao mesmo tempo exigindo cautela e respeito por parte dos demais animais e até mesmo nós seres humanos. Dan não é só representado pela serpente mas também pelo arco-íris que da mesma forma, possui grande significado para os dahomeanos uma vez que, sua presença nos céus é presságio de que não irá mais chover além de encantar pela sua beleza. No antigo Dahomey, são inúmeras as lendas que mistificam a natureza dessa divindade, sempre enaltecendo sua grandeza, sua realeza e seu poder. Muitos são os voduns que compõe a família Dan, sendo Bessém (também chamado de Bafono) o mais conhecido e louvado, sendo seu nome sinônimo da própria Dan. Destacam-se também Frekwén ou Kwénkwén, Ojikún ou Dan Jikún, Bossá ou Bossalabê e seu irmão gêmeo Bosukó, Dan Ikó ou Dankó, Azannadô ou Azoannadô, dentre outros, cada um com sua particularidade e mitos. Na iniciação de um vodun Dan o sacerdote tem todo cuidado para inciar o vodun em sua fase humana pois, sua fase serpente é muito perigosa e incapaz de entender os sentimentos, sendo apenas invocada em rituais e determinados atos. A grande festividade para esse vodun é o Gboitá, ritual realizado no início do ano e que envolve todos os demais voduns, cada um recebendo as oferendas cabíveis e sacrifícios em seus Atisás (árvores sagradas com assentos). Após o Zandró, todos os voduns são invocados e já saem vestidos no arrebate, não existindo roda para invocá-los na sala. Seu presente, o gbòitá é carregado por Ogun e depois posto aos seus pés, iniciando assim o ano e agradecendo pela vida e por todo seu poder. O àndè (poço) é seu principal símbolo e é indispensável dentro de uma casa de Jeje. O poço simboliza a abundância (uma vez que enquanto tiver poço, se tem água e nunca faltará), além de representar um portal, entre o mundo subterrâneo e o nosso mundo, extraindo água do interior da terra, unindo de certa forma, ambos os elementos. Dan simboliza a riqueza, a prosperidade e a abundância. Une o macho e a fêmea, sendo sempre cultuado em casal e recebendo como sacrifícios animais de ambos os sexos. Dizem os mais antigos que serpente nunca anda só, onde uma está a outra está por perto, a espreita. Para os iorubás Dan é chamado de Òsúmárè, deixando de exercer função de rei para ser súdito de Xangô (divindade do fogo e trovões). Segundo os mitos iorubás, Oxumaré leva água para o castelo de Xangô, no alto das nuvens, representando a devolução, trazendo água da terra para o céu e vice-versa. Essa transformação de Rei para súdito se dá pelo fato de conflitos entre povos Dahomeanos e povos iorubás, onde ambos sempre tentavam invadir suas cidades e escravizar seus habitantes. O fato é que Dahomey e demais povos iorubás sempre guerrearam, gerando uma aglutinação de cultos e distorção de fatos. Dan é o grande Deus da transformação, senhor da vidência juntamente com Fá (vodun similar ao orixá Òrúnmíllá dos povos iorubás) englobando tudo o que se diz respeito ao presente, passado e futuro. Representa a sorte, a versatilidade e o conhecimento, sendo a divindade do raciocínio e da expansão. Tem como colares o brájá (feito de búzios devidamente encaixados lembrando escamas de serpente, representando a realeza e a riqueza) e o húnjèvè, sendo este dado apenas aqueles cujo processo de iniciação está completo, com suas obrigações pagas, representando a maior idade e sendo o único colar que vai com o neófito mesmo após sua morte, como se fosse uma espécie de "senha" para ser recebido no mundo dos Voduns. Seu simbolo é o Draká, seta adornada com duas serpentes mas, não é errado vermos alguns voduns Dàn com outras insígnias em suas mãos tais como Adaga, òfá, garras, ágbégbé. variando conforme conhecimento do sacerdote e caminhos do Vodun. Sua vestimenta varia conforme vodun, mas sua cor preferida é o branco, por simbolizar a união de todas as cores.
Alguns Voduns Dan
Dàn Gbé, Dàn Gbé Seén ou Gbesén (Bessém): o nome significa "adorar a vida", é o Ako Vodun (Vodun Principal) do povo Jeje Mahi, dono do Sejá Hunde. É o Vodun ligado a vida e a renovação.
Frekwen, Flekwen ou Kwenkwen: Feminina, irmã gêmea de Tokwen e ambos são filhos
de Aido Wedo e Dangbala. Guardiã do arco-íris em volta do sol. Também conhecida como Frekenda. Alguns dizem que é representada pelas cobras venenosas. Considerada pelos Jeje Mahi como a esposa (ou uma das esposas) de Bessém.
Dan Jikú, Ojikún ou Dan Jikun: Junto com Ewá, vive na parte branca do arco-íris e no arco-íris da lua. É quem trás as chuvas e é considerada uma das esposas de Bessém.
Azannadô, Azannawodô ou Azonadô: Este é um vodun ligado aos voduns de morada na árvore, como Loko. Era cultuado em uma grande árvore no Bogun. É um principe e é o símbolo da fartura.
Bosalabe: Toquem (adolescente) feminina, irmã gêmea de Bosuko e irmã de Ewá. Muito alegre e faceira vive nas águas doces. É conhecida também como Vodum Bossá.
Bosuko: Masculino, toquem (adolescente) e gêmeo de Bossá.
Dan Ikó: Ligada e por vezes confundida com Lissá e Oxalá.
Obs.: No Ketu, muitos destes voduns são considerados qualidades de Oxumaré.

terça-feira, 31 de maio de 2011

COMO PODEMOS VIVER SEM NUNCA AGRADECER

Um texto que eu gostaria de ter escrito.

Oke Aro Erinlé, Ajàjá, Bábá mi.

Todos os dias quando eu acordo, lembro dos meus Caminhos…

Erinlé aponta para o amanhecer e me diz: “está vendo aquele sol ali? Agradeça a Deus que o deu a você, sem ele você não sobreviveria”. E continua: “está sentindo esse ar enchendo os seus pulmões? Agradeça a Deus que o deu a você, sem ele você não sobreviveria”. E Erinlé me pergunta: “gostou da noite que você dormiu e do conforto do seu sono? Agradeça a Deus que os deu a você, sem eles você não estaria pronto para o dia de hoje”.

E por mais este dia, Erinlé me diz: “agradeça a Deus que hoje você está vivo para aprender mais, crescer mais e evoluir mais. Agradeça a Deus que te deu mais este dia pela sabedoria ao trilhar os seus caminhos de aprendizado, crescimento e evolução”.

Começo a caminhar, e então, Erinlé aponta para o chão e me diz: “está vendo esta terra que você está pisando? Agradeça a Deus que a deu a você, sem ela você não seria quem será amanhã”.

Tomo meu banho, escovo meus dentes, bebo água, uso perfume, sabonete e roupa limpa, e Erinlé me diz: “veja quanto conforto você tem. Agradeça a Deus que você tem saúde para trabalhar e conquistar tudo isto e muito mais. Cuide da saúde que Deus te deu”.

Preparo meu café e, quando vou comer, Erinlé me diz: “está vendo esta comida que você vai comer? Agradeça a Deus que a deu a você. Quantas pessoas lá fora gostariam de comê-la e ela é sua por direito. Agradeça!”.

Saio de casa, chego ao trabalho e Erinlé me diz: “está vendo quantas pessoas há ao seu redor? Está sentindo quanta coragem você tem de enfrentar o mundo e vencer? Agradeça a deus pela sua Vida, pois o trabalho é seu e coragem muita gente pede, mas mesmo assim nem todos que pedem-na aceitam tê-la”.

E Erinlé me disse: “Deus te deu a Vida como professora, para você aprender a viver neste mundo, para você creser e servir de norte aos pequenos, e para que você evoluir mais e cumprir sua missão”. Erinlé me disse: “agradeça a Deus!”.

E eu agradeci a Deus por todas estas coisas e por muito mais. Agradeci a Deus mais ainda por ter colocado Erinlé na minha vida, meu amigo, meu pai, minha raiz, do qual eu descendi, e que me lembra todos os dias da minha pequenez diante de Deus e do quanto eu tenho de suar para me tornar um grande motivo de viver aos que ainda são pequenos.

Agradeci a Deus por ter me dado um amigo tão bom quanto o Caçador, que me acompanha por toda a Vida neste mundo tenebroso, nesta terra maravilhosa, nestes caminhos de aprendizado do que é viver. Agradeço à Vida por tudo o que aprendi e ainda vou aprender.

Ai de mim, pela minha pequenez, porque sou nada e recebo tantos presentes todos os dias. E nenhuma dor eu senti, nenhuma dificuldade eu passei, nenhuma mágoa eu recebi ou em nenhuma prova me decepcionei que não me fossem necessárias para aprender, crescer, evoluir e perceber o quanto ainda sou pequeno e tenho de crescer.

E Erinlé mais uma vez me fez lembrar de Deus e disse: “você foi colocado aqui para viver!”. ♐

POR KLEVERTON JOURNAUX

Ire o.