quarta-feira, 23 de junho de 2010

O DESCONHECIDO EM POUCAS LINHAS NÃO SE ESCLARECE MAIS SE ACENDE UMA VELA.

NAÇÃO JEJE
Esta Nação que esta inserida no Candomblé como sendo a mais misteriosa, aquela onde quer que estejamos no Brasil, “Quando se diz ele é feito de Jeje!” ao olharmos nos olhos dos presentes, se ao acaso aquele apontado como sendo feito da Nação Jeje pode se observar a cara de perplexidade ou mesmo de descrédito, se o apontado possuir menos de seus setenta anos, e porque se deve esta desconfiança, bem se você esta no meio, já cansou de ouvir “Como pode?” “Não se tem o Conhecimento?” ou outra bem comum “Cadê as Folhas?”, Ao contrario de todas estas desconfianças ainda se possuem varias Casas da Nação, e em varias partes deste Brasil, e quem sou eu para querer apontar se nesta se pratica a pureza e a integridade que seus Voduns exigem.
O que me proponho neste folhetim nada mais é de mostrar algumas informações ainda que bem simples e trazê-las ao conhecimento dos leigos e curiosos que como eu, possuo algo em comum, que nada mais é, que a verdadeira “Admiração por esta Cultura, o Candomblé seja ele Ketu, Angola, Jeje, Nagô e outros que muitos parecem divergir quanto a sua pureza como Batuque, Omoloco, Chamba etc.”
E Comunicar que já em sua primeira e única Casa dita e apontada como sendo o seu berço no Maranhão, ele já era uma mistura de Nações veja o que encontramos em seu Tombamento pelo Instituto do patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), pelo processo nº 1464-t-00 de 2002, os Voduns da Casa das Minas, de quem se conhecem os nomes de aproximadamente sessenta, agrupam-se em três famílias principais e duas que são hóspedes da casa, a saber: a família real de Davice, a que pertence o vodum dono da casa, Zomadônu e outros, que como ele são relacionados com a família real do Daomé, como Dadarrô, Doçu, Bedigá, Sepazin, Agongônu, Toçá, Toçé, jogorobossú; a família de Quevioçô(os Voduns chamados nagôs), como Badé, Sobô, Lôco, Liçá, Averequetê, Abê e outros; a família de Dambirá (que cura a peste e outras doenças), chefiada por Acossi Sakpatá e que incluí entre outros Azíli, Azônce, Polibojí, Lepon, Alôgue, Ewá, Bôça e Boçucó.
Existem ainda voduns agrupados na família de Aladanu, hóspedes de Quevioço, como Ajaúto e Avrejó e da família de Savaluno, hóspede de Zomadônu, como Agogonú e Jotim. Cada Família ocupa uma parte específica da casa e tem cânticos, comportamentos e atividades próprias.
As festas na Casa das Minas as vodunsis só recebem um vodum e só dançam quando estão incorporados, durante o transe os voduns não comem, não bebem, não satisfazem necessidades fisiológicas, cantam e dançam com os olhos abertos, conversam entre si e com devotos, dão conselhos e alguns gostam de fumar. Os toques são conduzidos em três ilús (Hum, Humpli e gumpli) batidos com as mãos ou com aguidavi, e são acompanhados pelo Gã e por cabaças revestidas por pequenas contas coloridas como nos toques nagôs, nestas festas as vodunsis em transe, usam saias lisas da cor de seus voduns ou estampadas e blusas brancas bem rendadas, uma toalha branca rendada como um pano da costa a serem usados como coringa nestas ocasiões seus fios é como um rosário de miçangas pequenas coloridas em que predominam o marrom (gonjeva) carrega na mão um lenço branco pequeno e usam sandália, algumas usam símbolos do seu vodum, como bengala, rebenque, guizos, lenço colorido no ombro e cabelos soltos.
Podemos apontar que sua origem vem da costa africana, principalmente do Estado do Daomé, que como a maioria destes povos era guerreiros, que serviram como grandes caçadores de outras tribos e que quando estes eram capturados possuíam dois destinos os jovens e mulheres eram treinadas para servir aos propósitos do Reinado e os mais velhos e guerreiros eram presos e aguardavam para servir nas grandes festas como sacrifícios humanos aos Voduns pelas vitórias conquistadas, isto ocorreu antes deles possuírem o contato com o homem branco digo (traficantes de Negro).
Este povo Jeje foi um grande fornecedor de outros de sua espécie para venda aos Traficantes,“Alias este nome Jeje advem do fato de que quando o traficante escravizou os Daomeanos e eles aportaram em solo brasileiro causou grande frisson entre os negros que já os conheciam e anunciavam aos gritos “Pou okan, Dje Dje num wa” tradução” Olhem, os jejes estão chegando” e esta gritaria era para anunciar que seus inimigos agora também estavam aqui, talvez por esta vivência anterior seja que ficou mais difícil a contaminação de sua pureza religiosa.
Mas vamos trazer um pouco de sua cultura religiosa, dentre os Daomeanos que aqui aportaram havia dentre eles uma mulher chamada de Ludivina Pessoa natural de Mahi foi ela escalada pelos Voduns para fundar três Templos na Bahia e assim esta se prontificou e fundou o terreiro para Dan “Ceja Hundé” que ficou conhecido como terreiro do ventura ou Axé Pó Zehem (Pó Zerrem), na localidade de Cachoeira de São Felix, o outro para Hevioso (Para nos do Ketu este vodum se assemelha a Xangô) “Zoogodo Bogun Male Hundô” em Salvador e o terceiro seria para Ajunsun que não se sabe porque não foi fundado, e assim começou no Brasil o segmento da Nação batizada de Jeje da família Mahi do Povo Fon; O Templo de Ajunsun/Sakpata foi fundado mais tarde pela africana Gaiacu Satu, em Cachoeira de São Felix e recebeu o nome de Axé Pó Egi, mais tarde ficou conhecido por Corcunda de Ayá.
No Maranhão encontramos a Casa das Minas fundada por Maria Jesuína, segundo informações de Sergio Ferreti, ou por Mãe Andresa (Maria Andresa) informação fornecida pelo pesquisador Nunes Pereira Maranhense, que nos relata que por pouco não foi uma Casa Nagô, A Casa Grande das Minas – Quérébetan, ainda hoje se encontra instalada na Rua Senador Costa Rodrigues, 857, antiga Rua São Pantaleão, 199 em São Luiz-MA. Esta dúvida permanece nos meios acadêmicos devido à falta de material escrito. Creio que esta Casa dispensa comentários, pois é tida como a mais antiga, e com certeza a mais conhecida Casa de jeje do Brasil.
E nela a escolha de seu titular era realizada com os voduns abaixando em terra, e eles que escolhiam a mãe substituta, Maria Andresa chamava-se Roíonçama e depois de raspada passou a ser chamada de Rotopameraçuleme, essa é do segmento do Povo Jeje Mina, nascida em 1850 e foi uma grande sacerdotisa e tida como a última Princesa de linhagem direta Fon; E que morreu em 1954 com 104 anos.
Ainda no Maranhão encontramos a Casa Fanti-Ashanti fundada por Euclides Menezes Ferreira, esse é o segmento Jeje Fanti-Ashanti do Povo Akan vindo de Gana outro estado vizinho ao Daomé, no Brasil estes povos escolheram a árvore sagrada para ter em seus Ilês Axé foi a nossa Cajazeira ou Cajá-Açú, seguindo estes passos espirituais encontramos raízes Jejes em outras Nações como: Anselmo do Recife, o Babalaô Raimundo, na areia da Cruz do Cosme, e Tumba Jussara de Ciriaco no beiru, todas essas duas Casas na Bahia.
No Rio de Janeiro foi fundada por outra africana conhecida por Gaiaku Resena natural de Allada cidade do Daomé, o Terreiro do Pó Dadá, no Bairro da saúde, que foi herdado por sua filha Adelaide do Espírito Santo, mais conhecida como Mejitó; Dizem os mais velhos, que Mejitó ajudou muito Tatá fomitinho no começo de sua vida de santo, para que ele elevasse a nação Jeje aqui no sudeste.

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