sexta-feira, 25 de junho de 2010

QUE ESTEJAMOS CERTO DESTA VERDADE, POIS ACREDITANDO EM SONHOS E QUE REALIZAMOS A REALIDADES

O CULTO DOS ÉGUN
Os Nagôs são as “Nações da África Ocidental” que causaram as maiores impressões culturais na Bahia. Foram os portadores de uma tradição cuja riqueza derivou das culturas individuais dos diferentes reinos de que provinham, eles trouxeram para o Brasil suas tradições e costumes, suas estruturas hierárquicas, no plano secular e religioso, seus conceitos filosóficos e estéticos, sua língua, música, literatura oral e mitologia. Acima de tudo sua religião.
Estes possuíam um bem apurado sistema de Culto aos seus ancestrais com belos ritos funerários e elaborados. Até hoje seguem cultuando não somente os ancestrais familiares, como também as grandes personalidades que fundaram os cultos na Bahia. Estas últimas, conhecidas pelo nome Ésà, são os primeiros ancestrais coletivos dos afro-brasileiros. São venerados durante o iPadê , e “assentados” , juntamente com outros ilustres mortos da seita em uma casa especial. Esta casa recebe o nome de Ilê-Ibô-Akú e fica afastada dos outros templos onde se cultua os Orixás.
Estes ancestrais que assumem formas corporais constituem os Égun ou Egungún, foi em torno destes Éguns, originários da África e trazidos para o Brasil, que se formaram os grupos de culto, os quais tiveram como contrapartida na África o culto dos Egúngúm. Deixa claro os bens organizados Terreiros de cultos aos ancestrais na Bahia, isto nos leva a duas deduções importantes:
a) Certeza quanto a origem geográfica e cultural de algumas nações que se fizeram representar na Bahia. É fato muito conhecido que o culto dos Égúngúns é especialmente forte entre os territórios Yorùbás das regiões habitadas pelos Òyó, os Égbá e os Égbadó, pois nestas mesmas se cultuavam com excelência o Orixá Xangô assim como aqui na Bahia se procedeu.
b) Nossa segunda dedução baseia-se nos estudos publicados por vários autores, relativos ao conceito da morte entre os iorubas, suas conclusões, em geral, são igualmente aplicáveis aos descendentes dos iorubas na Bahia. Apesar de os ritos funerários constituírem aspectos importantes da atividades dos Égúngún, não possu material de maior profundidade.
A cronologia dos terreiros de culto a ègún aparece na Bahia apontado por Nina Rodrigues por volta do ano de 1896 . A tradição oral, entretanto, permite-nos assinalar a presença dos égúngun na Bahia em época muito anterior a esta data apontada por este historiador pois a provas de origem de vários ‘Terreiros” fundados por africanos nos primeiros decênios do século XIX . ei los:
Terreiro de Vera Cruz, situado no povoado de Veracruz, a mais antiga paróquia da ilha de Itaparica, era dedicado ao culto dos Égúngún. Fundado por um africano de nome Tio Serafim que trouxera o égún de seu próprio pai e seu nome é Égún Okulele, Tio Serafim morreu com mais de cem anos entre 1905 e 1910 dizem que fundou este ainda muito jovem.
O Terreiro de Mocambo: foi também fundado na ilha de Itaparica, na propriedade denominada Mocambo, onde havia um grande numero de escravos. Seu chefe foi Marcos Pimentel conhecido como Marcos o Velho afim de diferenciá-lo de seu filho do mesmo nome, o qual, continuando a tradição da família , fundou um dos Terreiros de ègún mais importante da Bahia. Dizem que eles voltaram a áfrica e se aprimoraram no culto aos ancestrais e de lá trouxeram o “assentamento” do Égún Olúkótún, considerado como um dos ancestrais da verdadeira raça Yorubá. Fundaram em seguida o Terreiro de Tuntum, e conta uma história que Marcos o Velho era muito poderoso e tivera provocado a morte de uma pessoa e foi condenado á morte por tradição popular por um grupo de velhos africanos proeminentes, após sua morte e todos os ritos realizados seu espírito foi invocado como um égún. É cultuado ainda em nossos dias sob o nome de Baba Sóadè. Este terreiro sumiu por volta de 1935.
Houve o Terreiro da Encarnação também na ilha de Itaparica, há onde fora envocado pela primeira vez no Brasil o ègúm Baba Agbóulá um dos patriarcas da raça ioruba, entre os sacerdotes membros deste terreiro um dos mais destacados foi o Ójè Gregório , seu sobrinho, homem idoso continua a cultuar Égún Baba Agbóulá, que fora o principal ancestral do Terreiro da Encarnação.
O Terreiro do Corta Braço, estava situado no subúrbio da cidade de Salvador, no atual Bairro da Liberdade, quase todos seus membro eram africanos, seu Ójè era Tio òpé de nome João Boa Fama (homem de muitas histórias) que muito mais tarde juntamente com decendentes de Tio Marcos e Tio Serafim fundaram o Terreiro Ilê Agbóulá, que ainda existe em Ponta de Areia.
Há um dos muitos mitos, atribuídos a criação da Sociedade secreta dos Égúgún e como foi criada ela faz parte do Odú-Éji-Ologbon, onde narra Histórias que passaram de pai para filho, que a Sociedade secreta dos Égun, o culto dos espíritos e dos ancestrais, foi criada de acordo com a seguinte lenda:
“No começo do mundo, as mulheres intimidavam os homens desse tempo e faziam deles o que bem entediam. Devido a esta razão, Oya (Mais conhecida nos cultos afro-brasileiros sob o nome de Iyánsan) foi a primeira a inventar o segredo ou a maçonaria dos Égúngún sob todos os seus aspectos. Assim, quando as mulheres queriam humilhar seus maridos, encontravam-se em uma encruzilhada, sob o comando de Iyánsan. Ela já estava ali com um grande macaco que havia treinado, vestido com roupas apropriadas, junto ao tronco de um igi (árvore). O animal faria tudo o que fosse determinado por Iansã, por meio de uma vara que ela brandia, conhecida pelo nome de ísán. Após uma cerimônia especial, o maçado aparecia e demonstrava suas habilidades, sob as ordens de Iyãnsan. Isso se passava diante dos homens, que fugiam aterrorizados com aquela aparição. Finalmente, um dia os homens decidiram tomar medidas a fim de por um ponto final naquela vergonha de viver sob os domínios das mulheres, como vinha acontecendo. Decidiram, portanto, ir até a casa de Orúmilá (Deus do Oráculo Ifá) a fim de consultar Ifá e saber o que poderiam fazer para remediar a situação.
Apo´s consultarem o oráculo, Orúmilá explicou-lhes tudo o que estava acontecendo e o que deveriam fazer. Em seguida mandou Ógún fazer uma oferenda, ebó de galos, uma vestimenta, uma espada e um chapéu usado, colocados na encruzilada, ao pé da referida árvore, antes que as mulheres se reunissem. Em seguida, Ógún pôs a vestimenta, o chapéu e empunhou a espada. Mais tarde naquele mesmo dia, quando as mulheres chegarame se reuniram para celebrar os ritos habituais, apareceu subitamente diante delas uma forma aterrorizante. A aparição era tão apavorante, que a própria Iyãnsan, que liderava as mulheres, foi a primeira a fugir. Devido á força e ao poder que possuía, desapareceu para sempre da face da terra. Desde essa época, os homens domesticara as mulheres e são os senhores absolutos do Culto. Proibiram e continuam proibindoqualquermulherdeparticipardosegredo de qualquer sociedade do tipo maçônico. Mas, como diz o ditado, é a exceção faz a regra. Aqueles casos muitos raros ocorridos anteriormente Yoruá, em qualquer permite a participação das mulheres, continuam a existir em circunstãnciaexcepicionais.Isto explica a razão pela qual Iuânsan Oya é cultuada e venerada por todos na qualidade de Rainha e fundadora da sociedade secreta do Égúngún na terra Este mito também enfatiza a prioridade do poder feminino.
Na Bahia, no Terreiro de Égun, Oya-Igbalé é cultuada em um “assento”especial, um lugar normalmente destinado à celebração dos ritos privados dos ègun. Recebe oferendas em ocasiões predeterminadas e é cultuada nas cantigas e saudações. Seu Oriki é cantado sempre que ocorrem comemorações de grande importância .
Os òjés sentem por ela grande respeito. Adé-Ígbálè, a coroa de ìgbálè é portanto a rainha de ìgbàlé, é um dos nomes através do qual é conhecida. Um dos oriki define nitidamente a extensão de sua participação e seu papel no culto:
Forma oral Forma analítica
1) Oya Ìgbàlè Oya (Ì)gbàlè Oya Ìgbàlè
2) AlákòKo Alá(aa)KòKo Senhora do “assento” do Égun
3) Abiya LòKè Abiya(mon)Lòkè Herdeira dos altos lugares
4) Oni Láwa Oni(aso)Láwa Senhora das tiras de pano
Este oríki transmite a seguinte informação: na linha (2) somos informados que Oya ÌgbàLè é a senhora do òpákòkô, tronco da árvore àkòko, encravada na terra, a qual é o lugar do “assento” dos ancestrais alinha (3) diz que Oya Ìgbàlè é a senhora dos altos lugares. Esta referencia é feita à maneira pela qual ela conttrola o vento que sopra sobre os telhados, expressando portanto o lado agressivo de sua natureza. Este aspecto de Oya é complementado pelos seguintes dizeres:
a) Aféfé ikú – Vento da morte
b) EfùFùlèlè ti dá gi L’okè l’okè – A rajada de vento que se abate as árvores desde o cimo.
A linha (4) informa que Oya é a senhora das tiras de pano, expressão simbólica dos trajes característicos dos Baba-Égun.
Já foi dito que os Ará-òrun são também chamados na áfrica Àwon-ará-ilé habitantes da terra. São cultuados coletivamente em um lugar especial. Trata-se de um montículo de terra, ao ar livre, no topo do qual se introduz um galho de árvore especialmente preparado para tal finalidade. Este lugar é denominado Onílè é o representante coletivo dos ancestrais. Deve ser sempre o primeiro a ser cultuado e o primeiro a receber as oferendas. É também o primeiro a ser invocado. Na Bahia e na áfrica Ocidental os ritos dos Ègun são iniciados por uma homenagem prestada a ele:
1) Onílè ibà re Onílè, sois venerado
2) Onílè mo juba Onílè apresento-vos meus humildes respeitos.
Os ancestrais também recebem o nome de Imoles e são cultuados ao pé de Onílè Diz-se por esta razão que Onílè esta sempre acompanhado pelos Imole e é tido como deus da justiça.
Os juramentos são prestados e os acordos são feitos em seu nome, seus pronunciamentos são aceitos sem apelação. Acredita-se que imole seja extremamente severo em relação aos castigos que inflige àqueles que não cumpriram as promessas feitas em seu nome.
Finalmente, Ésú e òsányin são duas entidades também cultuadas pelos elegúngún. Ésù tem o dom da ubiqüidade. Move-se através do mundo dos vivos e dos mortos. Os mitos atribuem-lhe o papel de inspetor geral e referem-se ao modo pelo qual os sacrifícios e ritos devem ser conduzidos. Ele é o portador de todos os pedidos e supervisiona e informa Olòrum (O Deus Supremo) no que diz respeito a todas as oferendas. Uma análise detalhada de Ésú permite uma comparação entre entre suas características e as dos ancestrais. Ele também representa o poder dos ancestrais e encarna um de seus aspectos mais importantes: A continuidade da vida. Este último aspecto torna Ésú uma entidade propiciatória, a exemplo dos ancestrais e, juntamente com Onílè e Imole, ele tem prioridade nas invocações e sacrifícios. É “assentado” ao ar livre e protege a entrada das casas, povoados e aldeias.
Pode também ter seus “assentos” no interior das casas e nesse caso eles são preparados com múltiplos elementos, que algumas vezes podem assumir formas antropomórficas peculiares. Devido a suas qualidades ligadas a sexualidade. O pade é o nome de um rito especial, durante o qual uma oferenda propiciatória (denominado de Ipade em Yorubá) é levado para fora afim de invocar todos os ancestrais masculinos e femininos, juntamente com Exu e os demais espíritos, a fim de que eles venham receber os conteúdos de tal oferrenda, cujos componentes são simbólicos e destinados a satisfazer as entidades invocadas e delas obter os benefícios desejados, que significa que não interfiram na cerimônia.
Este ritual é levado a efeito naqueles terreiros onde os Orixás são cultuados. Toma-se o maior cuidado para que durante a invocação dos Orixás não haja interferência de seres não deificados. Da mesma forma nos terreiros antes do inicio do Ásésé, ritos funerários, o pade é realizado a fim de propiciar a realização do ritual de “assentamento” do novo espírito e sobre tudo afim de permitir que ele transcorra sem interferências. Por outro lado, no Terreiro dos Égun, onde os ancestrais são invocados, o despacho do pade não é necessário. De fato, a cerimônia do pade, de tamanha importância nas casa de culto dos Orixás, não constitui parte da liturgia do culto dos Ègun. Observe esta cantiga entoada na áfrica nos festivais dos Égúngúm:
1) ègúngún L’ a a n’se Estamos venerando Ègúngún
2) Àwa o s’òòsà Não estamos venerando os òrisà
3) K’aláso Funfun Aqueles vestidos com roupas brancas (que cultuam os òrisá)
4) Kúro L’agbo wa Devem manter-se afastados de nosso círculo.
Vamos resaltar aqui que o Ègúngún desempenha todas as funções de um Babalawo, quanto a revelação dos problemas apontando as soluções que os Kauris o Opele lhe indica, o égúngún é a voz direta do antepassado e sua voz e sacrosanta. Responde a todos os que vem consulta-lo, dando conselhos, decidindo questões legais, ordenando sacrifícios a serem feitos, prescrevendo ritos a serem executados e diferentes tipos de purificação. Na maioria da prescrições, o emprego das folhas é indicado, o que também ocorre em todos os tipos de iniciação ao culto. Dado que òsanyin é o senhor de todas as folhas, o padroeiro da medicina, sua participação nos terreiros de ègún e essencial.
Em suma, pode se dizer que em uma casa de culto ao ègun não só eles são venerados, como também Onìlé, Imole, Oya-Ìgbnalé, Exu e Ossaym.
Para definirmos oque aprendemos nestas pesquisas é que este culto quase desaparecido, possui uma essência primordia, pois nos deixa claro a sua instente busca da continuidade da vida seja ela em que estagio esteja e a onde estiver, a vida e a morte é um acontecimento que fluí initerruptamente. A vida e a morte:
Òkàn naà ni Ambas são idênticas
De fato estão eles seguros de sua imortalidade, de que são revestidos, graças ao pacto que celebrarm com a terra durante sua iniciação, serão recordados e venerados como pais ancestrais. Serão na morte, como eram em vida, os representantes inconstestes e indisputáveis da imortalidade, símbolos e memória das suas origens de sua raça.
Axé a nós todos que cremos.

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