terça-feira, 10 de maio de 2011
SACRIFICIO DE EJÉ É EBÓ
E Assim diz o Povo da ilha:
Sacríficio é uma palavra que devemos ressaltar em nosso culto, quando ofertamos qualquer elemento ao Òrìsá devemos tratá-lo também como EBÓ.
Ebó é todo elemento ofertado a uma força espiritual, seja ela de que natureza for, ajogun (forças negativas), irunmolé (òrìsá que não são funfun-braqnco) ou òrìsá.
Quanto ao Ebó Ejé, oferecimento de sangue, as críticas tornaram-se cada vez mais contundentes, com apoio externo, inclusive da mídia, que não perde a oportunidade de associar qualquer fato ligado ao nosso culto com Bruxaria, Magia Negra, Vodoo (como aspecto pejorativo) e etc...
É surpreendente como pessoas que são leigas nestes fundamentos e incapazes de resolver problemas gravíssimos que a religião Iorubá por inumeras vezes se defronta e resolve, vem nos atacar nos chamando de primitivos e incivilizados.
Creio que civilizado para eles, é a forma como os matadouros abatem estes animais, as touradas do México e da Espanha católica, os safáris, caçadas na Inglaterra anglicana, as rinhas de galo / cães e etc...
Não se questiona a vida perdida dos animais sem nenhum propósito, ufanismos à parte, o que importa é o produto final. O contrabando de animais silvestres e exoticos, criação de pássaros em cativeiro, criados em gaiolas como souvenir e pesca de arrasto que mata indiscriminadamente e vorazmente servem apenas para aguçar a vaidade de possuir um acessório de pele e/ou couro e a ganância financeira. As iguarias gastronomicas fornecidas por
animais em extinção não é questionada, a vida perdida destes animais sem nenhum propósito, não passa de um meio.
Imolação maior fez o Cristianismo, a religião do amor, que com sua Inquisição e Cruzadas, dizimou milhares de vidas e faz-se vista grossa para tal acontecimento, tratado-o apenas como fato histórico, isto sim é inexpugnavél.
Discriminar e perseguir religião alheia é certamente muito mais grave que qualquer ato litúrgico praticado por nós.
Não somos dissimulados ao ponto de ignorar o ciclo de vida e morte, sabemos de nossas responsabilidades.
A Terra (Ikole Aiye), como um grande Ile ikú, alimentada por este ciclo de morte e renascimento desde os primórdios, nos fornece o material necessário impregnado dos elementos insubstituiveis para nossa liturgia, não podemos deixar que uma visão utópica transgrida essa lei sagrada.
Dentro do Velho Testamento encontraremos o Levitico, o terceiro livro da Bíblia atribuído a Moisés. Os judeus chamam-no Vayikrá. Basicamente é um livro teocrático, isto é, seu caráter é legislativo; possui, ainda, em seu texto, o ritual dos sacrifícios, as normas que diferenciam o puro do impuro, a lei da santidade e o calendário litúrgico entre outras normas e legislações que regulariam a religião.
A maioria das pessoas que consomem carne não se preocupa com a origem deste animal, seu abate e posterior comercialização, estão desconectados da realidade. Menciono também os vegetarianos, que ao tirar da terra legumes, verduras e hortaliças, também estão tirando vidas, neste caso, eliminando a seiva, sangue verde, e a respiração, fotossíntese, deixando de ser um ser vivo para lhe dar a vida.
Dentro do Culto Ioruba a imolação de animais é tratada com respeito, gbaduras e orikis, onde este sangue estará dando vida a outros e fertilizando a própria terra.
lembrando o itá onde Olodunmarè determina que a terra, Onilè, será o principal receptáculo de todo oferecimento.
Dentro de Ifá, nos Odu Irete-meji e Oturupon’turá, Òrúnmìlá determina a troca dos seres humanos pelo dos animais, foi quando a cabra substituiu a filha de Òrúnmìlá no ritual de ebó ejè.
A permanência do ser humano sobre a Terra exige sacrifícios constantes. Sacrifício de tempo e de privação de algo em detrimento de outro, o sacrifício das transformações e a oferta de dinheiro à custa de esforço através do trabalho, todos girando em um processo interminável que se resume a dar e receber.
Os sacrifícios de animais praticados pela religião iorubana, vão além do ASÈ, servem para alimentar o povo, pois a carne é consumida pelo egbè.
Note-se que a vida do animal oferecida através de ebó, dentro do Culto Yoruba, é rezada e seu espírito enviado com todo o respeito a terra dos ancestrais e para os nove espacos do orun..
EBÓ.
Uma das três formas de asé encontrada no reino animal é o Ejé, o sangue.
O sangue que nos dá a vida em sua plenitude, sempre foi considerado divino, não existe um laboratório que o fabrique, é a força divina em seu estado material.
Tudo incluído na composição da Terra esta contido, também, na composição do sangue. Por exemplo, zinco, água, minerais, ferro, magnésio, etc... Note-se que todos os reinos, seja ele mineral vegetal ou animal, estão contidos em nosso sangue e vice-e-versa.
Sacrificar os animais não é regras e as orações específicas da ação dão graças a Deus pelo sacrifício.
Exemplo: O primeiro passo é agradecer a Deus pelo espírito do animal que vai a missão. Então, nós agradecemos a Deus pela comida, a carne que vamos comer, e agradecemos também a Mãe Terra, Onilè, que nos deu este alimento para sobreviver.
Os demais componentes litúrgicos tem sua missão, tais como:
Obi:utilizado como oráculo para conversar com as energias e para onde encaminhar os ebós, aplacar a ira de energias negativas e a fruta da vida onde no momento de comunhão com os Orisas a pessoa se conecta com sua ancestralidade.
Orogbo:utilizado para vida longa, aumento de resistência e perseverança da pessoa, quando utilizado com casca para que um segredo não seja revelado.
Oyin (mel):Utilizado para alegria, bem estar, harmonia, prosperidade e para que algo ou alguém nunca seja desprezado.
Epo (dendê):Elemento de efeito calmante, trás equilíbrio e facilidades.
Iyó (sal):Para sorte e preservação, para que a pessoa consiga manter suas conquistas. Dinheiro e vida longa.
Atare:Utilizado para consagrar o diálogo dar forças as palavras, utilizados em comidas e também para multiplicar os desejos.
Oti ( mais usado em rituais, Gin ) O GIN TEM COMO PRINCIPIO A PURIFICAÇÃO DA PALAVRA. E TAMBÉM O DESPERTAR DA ENERGIA. A FAVOR DO SUPLICANTE.
Owo eró:búzios utilizados para comprar AS DIVIDAS E A FALTA DE DINHEIRO das pessoas.
Moedas antigas: Utilizadas para pagar os Ajóguns (energias negativas que podem ou não estarem ligadas com as Yami.
Osun: usado para que a essência vital, SIMBOLIZANDO O SANGUE VERMELHO VEGETAL, PARA QUE o asé e as conquistas não se acabem.
Efun: para atrair o asé, representa a água.
Yerosun: Elemento sagrado de Ifá tem o poder de transmitir o asé de Odú ao que esta sendo feito, ativar o Odú Ifá.
E outros elementos mais.
Vemos então um conjunto de elementos que agrupados vão fornecer o produto final a ser enviado ao Alto, Ikolé Oorun.
Nossa religião, como uma das mais antigas, tendo sua ritualistica registrada nos Esès, ESCRITURAS SAGRADAS, ditadas por Òrúnmìlá e registradas por Ifá, o òrìsá da sabedoria e testemunha de tudo que existe no universo.Mobiliza e transfere este asé através de rituais de várias espécies, que são direcionados a Olodunmarè pelo portal que é aberto por Oseturà e encaminhado por Esú.
O Ebó Ejè oferecidos dá movimento ao fluido vital liberado, o asè, que atua fora do campo material tendo o poder de transformação sobre coisas desejadas ou indesejadas que estejam afetando o ser humano.
O òrìsá, como energia do cosmos, não necessita de comida propriamente dita e muito menos de sangue, o sangue nada mais é que o fluido vital que corre em nossas veias nos assegurando a sobrevivência , como é inerente a todos os seres vivos. Quando este material, ejè, é encantado e liberado, ele atua como veiculo operador, atua como uma profilaxia espiritual ou reforçando a energia já instalada.
As correntes que se opõem a esta prática, nos taxando de primitivos, desconhecem o poder deste veiculo, como transferidor de asè.
Podem de uma certa maneira estar tentando criar uma nova religião, como temos vistos pessoas pregando o Candomblé Verde, EMBORA ISSO TAMBEM SEJA SACRIFICO, DESDE QUE ORIENTADO POR IFA, NAO QUER DIZER QUE O SANGUE ANIMAL DEVA SER EXCLUIDO
O que temos que ter em mente é a sacralidade do ato, o silencio, o respeito, as orações, os orikis e os ofós, devem seguir uma ritualistica condizente com o momento, onde todos os participantes, principalmente Onilus e ASOGUN responsáveis pelo ato sagrado da imolação e o sacerdote proferi dor das palavras encantadas.
A Iyábase, responsavel pela sequência do ato liturgico, é por demais importantes na finalização do Oro, onde a preparação da era, CARNE, seguirá ordens ditadas pela energia invocada, atravéz de Ifá, no jogo de Obi abatá.
Ao se encerrar a missão com todos os elementos colocados aos ‘pés’ do Igbá ou ojubó, IGBA COLETIVO, saberemos se tudo foi aceito por Òlodunmarè, com nova caida do obi, orogbo esun isu ou igbin.
Tudo finalizado damos seqüência com a preparação do nosso banquete, onde nos confraternizamos e agrademos a Olodunmarè e a Onilè o alimento recebido.
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segunda-feira, 2 de maio de 2011
O VODUN SÒHÒKWÈ OU SOXOQUÊ
Sòhòkwè (lê-se Soroquê) é um vodun filho de Mawu e Lissá, cujo elemento principal é o fogo. Muitas são as dúvidas relacionadas a esse vodun. Devido a mistura de cultos, já explicada em outros tópicos, Sòhòkwè passou a ser aglutinado na cultura yorubá, passando a ser confundido com um dos caminhos de Ògún. Segundo o mito yorubá, Ògún Sòhòkè (lê-se Xoroquê) é o Ògún que desceu as montanhas, sendo o senhor das trilhas e do fogo líquido onde, Xòrò deriva do termo yorubá "Sòròrò" ou "Xòròrò" que significa descer ou escorrer e," òkè" significa montanha. Segundo os mais velhos é um Ògún muito arredio, sendo muito coligado ao seu irmão Èsú e tendo todas oferendas e fundamentações com o mesmo. Dizem ainda que essa “qualidade” de Ògún tem muito fundamento com ègún, sendo ele responsável por todos aqueles que desencarnam em acidentes na estrada ou linha férrea. Em outras casas, Sòròkè deixou de ser uma qualidade de Ògún e passou a ser um Èsú , com as mesmas características do Ògún Sòròkè porém, sendo fundamentado como qualidade de Èsú e passando a ser cultuado como o mesmo. Mas para nós de jeje, Sòhòkwè não é nem Èsú nem Ògún e, sim um vòdún independente, com culto próprio e de características próprias que acabou por ser fundido a cultura desses dois òrísás por ter coisas em comum. Isso ocorreu também com outras divindades como Agbé, Aboto, Azansu, Sogbo, Intoto e outos mais que acabaram aglutinados a cultura de outras deidades africanas, talvez por falta de estudos ou fundamentos. Sòhòkwè é o guardião das casas de jeje, onde Sòhò(lê-se sorrô) significa guardião e kwè(lê-se Qüê) significa casa. Seu assentamento é fixado ao chão, cravado na terra, ao lado do assentamento do vodun Légbà, vodun Ayizan e do vodun Gú (Ogun). Sòhòkwè não é iniciado na cabeça de nenhum adepto pois o mesmo não incorpora. É iniciado apenas na cabeça de ogans e ekedis e possui a função de manter a ordem dentro das casas de jeje, punindo e cobrando quem as derrespeita. Sòhòkwè é o caminho formado pela lava após ser expelida do vulcão, possuindo muito fundamento com Badé, Sògbò e outros voduns que moram nos vulcões e que estão ligados ao fogo e também com Oyá. Sua cor é o Azul escuro e o vermelho, seu dia da semana a segunda-feira . Geralmente quando aparece um filho rodante com arquétipo de Sòhòkwè geralmente é iniciado para Ogun.
Obs.: Este texto colhido de HUNGBÓNÒ CHARLES, vem ressaltar o que exponho em meu livro “Curiosidades do Candomblé “ por isso tomo a liberdade de reproduzir em meu blog como a citação que o mesmo faz que no passar do tempo muitas qualidades de Orisas ou Vodunsis foram aglutinados principalmente pela a falta de confiança de nossos mais velhos em acreditar no futuro de nossa Religião ou de nós mesmo.
Obs.: Este texto colhido de HUNGBÓNÒ CHARLES, vem ressaltar o que exponho em meu livro “Curiosidades do Candomblé “ por isso tomo a liberdade de reproduzir em meu blog como a citação que o mesmo faz que no passar do tempo muitas qualidades de Orisas ou Vodunsis foram aglutinados principalmente pela a falta de confiança de nossos mais velhos em acreditar no futuro de nossa Religião ou de nós mesmo.
quinta-feira, 14 de abril de 2011
Parte 2 do Itá da Criação do Mundo.
Oposto ao motivo deste conjunto de regras e regulamentos, Deus desenvolveu um plano para despachar todas as divindades para a terra simultaneamente sem nenhum aviso prévio. Uma bela manhã, portanto, Deus chamou a sua criada Arugba para convidar cada uma das divindades, em suas respectivas casas, para aparecerem no palácio celeste na manhã seguinte para um desígnio especial.
Arugba pôs-se a caminho muito cedo naquela manhã. Antes então de qualquer modo, Deus tinha preparado uma câmara especial completamente equipada com vários implementos com os quais Ele contava que as divindades executassem suas tarefas na terra. A mensagem de Arugba para cada uma das divindades foi clara.
“Meu pai me enviou para convidá-lo a se preparar para uma tarefa especial amanhã pela manhã.
Você deve começar se preparando para partir em missão assim que a mensagem divina lhe for dada.
“Você não deve retornar para sua casa antes de embarcar na missão.”
A maioria das Divindades levou a mensagem ao “pé-da-letra” e não se preocupou em se informar com seus próprios conselheiros ou guardiões em como começar a tarefa que Deus tinha reservado para eles. Arugba visitou as casas das divindades por ordem de idade, que significa que Ọrúnmilá, o mais moço das divindades, foi o último a ser visitado.
Entretanto, Ọrúnmilá que estava habituado a criar circunstâncias de divinação toda manhã, foi avisado por Ifá a fazer um banquete naquele dia particular em antecipação a uma visita em sua residência. Na hora que Arugba alcançou a casa de Ọrúnmilá, já era muito tarde da noite. Não tinha feito nenhuma refeição desde a manhã, e Arugba já estava com muita fome quando alcançou a casa de Ọrúnmilá. Antes de permiti-la entregar a mensagem divina, Ọrúnmilá a persuadiu a fazer uma refeição. Ela comeu até se satisfazer e então contou a Ọrúnmilá que Deus queria que ele
comparecesse em seu palácio no próximo dia, junto com as outras divindades para uma missão especial.
Em reconhecimento a hospitalidade de Ọrúnmilá, ela confidenciou ajudando-o revelando detalhes da missão que Deus tinha reservado para eles.
Ela o avisou para pedir por três favores especiais para Deus em adição a qualquer instrumento que ele coletaria da Câmara Especial para sua missão. Ele deveria perguntar pelo CAMALEÃO, (Alagemo em Yorùbá e OMAENEROKHI em Bini), a galinha multicolorida doméstica de Deus, e a bolsa especial do próprio Deus (Akponimijekun em Yorùbá e Agbavboko em Bini). Nós veremos o significado deste pedido especial mais tarde. Em uma última ressalva, Arugba informou Ọrúnmilá que se ele assim o desejasse, poderia também persuadir Deus em levá-la acompanhando-o na sua missão. Com estas palavras de aviso Arugba partiu para casa, tendo completado sua tarefa.
Na manhã seguinte, um após o outro, todas as divindades apresentaram-se no Palácio Divino de
Deus. Tão logo que chegaram, Deus pediu para cada um deles prosseguir na jornada para a terra sem regressar aos seus respectivos lares. Um após o outro eles vieram e se moveram marchando em ordem para partir para a terra. As primeiras divindades a chegarem a terra logo descobriram que não havia solo para pisar. Todo o lugar era alagado. Havia uma única palmeira que se encontrava no meio das águas com suas raízes no céu, que era o portão para o mesmo. Como eles estavam chegando, e não tinham nenhum outro lugar para ficar exceto nos ramos da palmeira. Era um momento realmente muito difícil.
Antes de partir do céu, cada uma das divindades recolheu da Câmara Especial de Deus todo o material e instrumentos de suas preferências. São os mesmos instrumentos que os iniciados no culto de cada uma das divindades usam na iniciação nos dias de hoje.
Quando Ọrúnmilá chegou ao Palácio de Deus, todos os outros já tinham ido.
Ele apresentou-se ao Pai Todo-Poderoso, e igualmente seguiu marchando em ordem imediatamente para a terra. Ele foi informado como os outros, a recolher todo instrumento que ele achasse na Câmara Especial. Contudo, todos os instrumentos disponíveis tinham sido coletados pelos outros e havia uma única inútil concha de caracol.
Ele não tinha escolha, mas agarrou-se a ela e então suplicou a Deus que já que não tinha nada mais para resgatar da Câmara Especial, pediu:
(a) O Camaleão - a, mas velha das criaturas na casa de Deus para aconselhá-lo em como tentar resolver os problemas da fixação das habitações terrestres.
(b) O benefício de ir a terra com a multicolorida galinha doméstica divina de Deus.
(c) A bolsa divina do próprio Pai Todo Poderoso, para recolher as coisas que ele estava levando, e...
(d) O privilégio de ir para a terra com Arugba, para fazê-los lembrar das regras do céu.
Seus quatro pedidos foram atendidos. Como ele estava partindo, ele coletou quatro plantas diferentes, que um sacerdote de Ifá usa para todos os seus preparativos. Ele também coletou amostras de plantas e animais que ele pôde colocar nas mãos. Ele guardou sua coleção na sacola que Deus lhe havia dado. A sacola Divina tinha a misteriosa capacidade de acomodar qualquer coisa, não importando o tamanho e também produzir tudo o que era preciso para isso.
Quando Ọrúnmilá alcançou o portão para a terra, ele encontrou todas as outras divindades penduradas nos ramos da palmeira. Ele também não tinha opção exceto se unir a eles.
Depois de Ọrúnmilá ter estado sentado ou parado nos ramos da palmeira por algum tempo, Arugba recomendou-o, de dentro da sacola Divina onde estava escondida, a pegar a concha do caracol, e virar a boca da mesma na água abaixo porque continha a base do solo da terra e que faria o chão firme para pisarem.
Ọrúnmilá que tinha coletado a concha do caracol vazia da Câmara Especial de Deus, não sabia do seu conteúdo. É também óbvio que se encontrou com somente a concha do caracol dentro da Câmara Especial de Deus porque todos os outros a tinham ignorado. Nenhum deles a não ser Arugba sabia que continha o Segredo da terra. Quando Ọrúnmilá virou a boca da concha do caracol para baixo, o escasso conteúdo de areia caiu na água abaixo e esta começou a borbulhar. Dentro de pouco tempo, grande quantidade de areia começou a se empilhar ao redor da palmeira. Depois de muitos montes terem se formado, Arugba falou outra vez a Ọrúnmilá de dentro da sacola. Desta
vez, recomendando-o a deixar cair à galinha nos montes da areia. Como a galinha espalhou os montes, a área da terra começou a expandir. É a mesma operação que a galinha está executando até hoje. Onde quer que a galinha seja encontrada, vê-se usar os pés para dispersar a areia na terra.
Depois de o solo ter sido expandido sobre uma extensa área, as outras divindades que estavam pasmas com a misteriosa performance de Ọrúnm.lá. Mandaram-no descer e caminhar no solo para verificar se ele poderia suportá-los. Mais uma vez Arugba aconselhou Ọrúnmilá para com a sacola, soltar o camaleão para caminhar primeiro no solo. O camaleão andou sobre o solo furtivamente, por temer que pudesse desmoronar sob seus pés. Mas o chão agüentou firme, e esta é a mesma prudência andando marchando que o camaleão ficou acostumado, até o dia de hoje. Este é o porquê do camaleão pisar gentilmente no solo.
Logo que Ọrúnmilá teve certeza de que o solo estava suficientemente forte, ele desceu da palmeira para a terra, e sua primeira tarefa foi transplantar as plantas que trouxe do céu. Depois disso todas as outras divindades desceram para a terra uma depois da outra. Este é o motivo porque a palmeira, a primeira a ser criada das que tinham suas raízes no céu, é respeitada por todas as divindades. É o antepassado de sua estirpe. Todas as divindades espalharam-se da palmeira para estabelecer seus vários domicílios em diferentes partes da terra. Ọrúnmilá sendo o mais jovem de todas as divindades morou e serviu a cada um dos mais velhos, um de cada vez. Ele serviu Ògún, Şàngó, Olokún, Eziza, etc.
No decurso de sua servidão, uma das divindades apoderou-se de Arugba. Ele foi desta maneira despojado de sua Conselheira Chefe e confidente.
É importante neste estágio mencionar que o processo de iniciação na religião de Ọrúnmilá ou Ifismo é uma tentativa para recordar este processo da partida do céu e chegada no mundo para se estabelecer através da palmeira. A mulher que carrega os Ikin em sua cabeça para Ugbodu é chamada de Arugba. É considerado um fato que Ọrúnmilá nunca casou com Arugba, também não é aconselhável a nenhum iniciado de Ifá casar coma mulher que o acompanha com o UGBODU.
Justamente por isso não é aconselhável empregar alguma esposa para a cerimônia, a fim da mulher não ser na verdade seduzida por algum tempo depois da cerimônia, ou pela morte ou por outros.
A presença de Arugba como única mulher em volta, criou uma gama de problemas para as divindades. Uma após outra, eles lutaram para retê-la. O conflito por Arugba logo trouxe a tona a pior das divindades. A violência de alguns, isto á, Şàngó, Sankpana, Ògún, etc., combates mútuos com todas as defesas a sua disposição. Houve total confusão que se encheu de aspereza entre eles.
Neste momento, Ọrúnmilá foi o primeiro a retornar ao céu para fazer um relato a Deus. O papel de protetor de Arugba perdeu-se para as divindades porque ela tinha sido privada da companhia de Ọrúnmilá com quem ela veio ao mundo.
Todas as outras divindades tinham se estabelecido com os instrumentos que eles coletaram na Câmara Especial de Deus. De sua parte, Ọrúnmilá tinha perdido o uso de todas as coisas que ele trouxe, inclusive até a Sacola Divina, dos quais sem os conselhos de Arugba, ele não sabia como usar. Depois de ter levado uma vida de privações e penúria, ele decidiu voltar para o céu para perguntar a Deus porque a vida na terra era tão dolorosamente diferente da vida no céu. Até as quatro plantas que ele trouxe do céu não o ajudaram apesar de elas serem usadas unicamente durante a iniciação de Ifá até hoje, e elas também são usadas para alguns preparados medicinais
feitos por Ọrúnm.lá.
Quando foi o momento de Ọrúnmilá retornar para o céu, ele foi até o pé da palmeira e subiu para seus ramos donde ele se transfigurou para o céu. De volta ao céu, ele foi o único das muitas divindades a ver a última forma física do próprio Deus.
O Deus Onipotente que era conhecido por nunca perder sua calma estava evidentemente aborrecido diante de Ọrúnmilá. Ele apresentou suas desculpas a Deus por olhar os traços físicos, do pescoço em diante, mas explicou as dificuldades que ele tinha experimentado na terra nas mãos de seus irmãos divinos. Ele reclamou que surpreendentemente, as regras celestes não estavam sendo seguidas na terra. Após ter ouvido o relato revelado por Ọrúnmilá, Deus convenceu-o a permanecer momentaneamente no céu, mas enviou o obstáculo, o mais poderoso de todas as divindades, (Elenini em Yorùbá e Idoboo em Bini) para ir verificar o relatório de Ọrúnmilá. Quando Elenini
chegou a terra, ele observou o espetáculo do restante das divindades no corpo a corpo. Ele não ficou apenas satisfeito que o relato de Ọrúnmilá estava correto, mas também ficou receoso que com a privação predominando na terra, as divindades poderiam acabar guerreando umas contra as outras.
Arugba pôs-se a caminho muito cedo naquela manhã. Antes então de qualquer modo, Deus tinha preparado uma câmara especial completamente equipada com vários implementos com os quais Ele contava que as divindades executassem suas tarefas na terra. A mensagem de Arugba para cada uma das divindades foi clara.
“Meu pai me enviou para convidá-lo a se preparar para uma tarefa especial amanhã pela manhã.
Você deve começar se preparando para partir em missão assim que a mensagem divina lhe for dada.
“Você não deve retornar para sua casa antes de embarcar na missão.”
A maioria das Divindades levou a mensagem ao “pé-da-letra” e não se preocupou em se informar com seus próprios conselheiros ou guardiões em como começar a tarefa que Deus tinha reservado para eles. Arugba visitou as casas das divindades por ordem de idade, que significa que Ọrúnmilá, o mais moço das divindades, foi o último a ser visitado.
Entretanto, Ọrúnmilá que estava habituado a criar circunstâncias de divinação toda manhã, foi avisado por Ifá a fazer um banquete naquele dia particular em antecipação a uma visita em sua residência. Na hora que Arugba alcançou a casa de Ọrúnmilá, já era muito tarde da noite. Não tinha feito nenhuma refeição desde a manhã, e Arugba já estava com muita fome quando alcançou a casa de Ọrúnmilá. Antes de permiti-la entregar a mensagem divina, Ọrúnmilá a persuadiu a fazer uma refeição. Ela comeu até se satisfazer e então contou a Ọrúnmilá que Deus queria que ele
comparecesse em seu palácio no próximo dia, junto com as outras divindades para uma missão especial.
Em reconhecimento a hospitalidade de Ọrúnmilá, ela confidenciou ajudando-o revelando detalhes da missão que Deus tinha reservado para eles.
Ela o avisou para pedir por três favores especiais para Deus em adição a qualquer instrumento que ele coletaria da Câmara Especial para sua missão. Ele deveria perguntar pelo CAMALEÃO, (Alagemo em Yorùbá e OMAENEROKHI em Bini), a galinha multicolorida doméstica de Deus, e a bolsa especial do próprio Deus (Akponimijekun em Yorùbá e Agbavboko em Bini). Nós veremos o significado deste pedido especial mais tarde. Em uma última ressalva, Arugba informou Ọrúnmilá que se ele assim o desejasse, poderia também persuadir Deus em levá-la acompanhando-o na sua missão. Com estas palavras de aviso Arugba partiu para casa, tendo completado sua tarefa.
Na manhã seguinte, um após o outro, todas as divindades apresentaram-se no Palácio Divino de
Deus. Tão logo que chegaram, Deus pediu para cada um deles prosseguir na jornada para a terra sem regressar aos seus respectivos lares. Um após o outro eles vieram e se moveram marchando em ordem para partir para a terra. As primeiras divindades a chegarem a terra logo descobriram que não havia solo para pisar. Todo o lugar era alagado. Havia uma única palmeira que se encontrava no meio das águas com suas raízes no céu, que era o portão para o mesmo. Como eles estavam chegando, e não tinham nenhum outro lugar para ficar exceto nos ramos da palmeira. Era um momento realmente muito difícil.
Antes de partir do céu, cada uma das divindades recolheu da Câmara Especial de Deus todo o material e instrumentos de suas preferências. São os mesmos instrumentos que os iniciados no culto de cada uma das divindades usam na iniciação nos dias de hoje.
Quando Ọrúnmilá chegou ao Palácio de Deus, todos os outros já tinham ido.
Ele apresentou-se ao Pai Todo-Poderoso, e igualmente seguiu marchando em ordem imediatamente para a terra. Ele foi informado como os outros, a recolher todo instrumento que ele achasse na Câmara Especial. Contudo, todos os instrumentos disponíveis tinham sido coletados pelos outros e havia uma única inútil concha de caracol.
Ele não tinha escolha, mas agarrou-se a ela e então suplicou a Deus que já que não tinha nada mais para resgatar da Câmara Especial, pediu:
(a) O Camaleão - a, mas velha das criaturas na casa de Deus para aconselhá-lo em como tentar resolver os problemas da fixação das habitações terrestres.
(b) O benefício de ir a terra com a multicolorida galinha doméstica divina de Deus.
(c) A bolsa divina do próprio Pai Todo Poderoso, para recolher as coisas que ele estava levando, e...
(d) O privilégio de ir para a terra com Arugba, para fazê-los lembrar das regras do céu.
Seus quatro pedidos foram atendidos. Como ele estava partindo, ele coletou quatro plantas diferentes, que um sacerdote de Ifá usa para todos os seus preparativos. Ele também coletou amostras de plantas e animais que ele pôde colocar nas mãos. Ele guardou sua coleção na sacola que Deus lhe havia dado. A sacola Divina tinha a misteriosa capacidade de acomodar qualquer coisa, não importando o tamanho e também produzir tudo o que era preciso para isso.
Quando Ọrúnmilá alcançou o portão para a terra, ele encontrou todas as outras divindades penduradas nos ramos da palmeira. Ele também não tinha opção exceto se unir a eles.
Depois de Ọrúnmilá ter estado sentado ou parado nos ramos da palmeira por algum tempo, Arugba recomendou-o, de dentro da sacola Divina onde estava escondida, a pegar a concha do caracol, e virar a boca da mesma na água abaixo porque continha a base do solo da terra e que faria o chão firme para pisarem.
Ọrúnmilá que tinha coletado a concha do caracol vazia da Câmara Especial de Deus, não sabia do seu conteúdo. É também óbvio que se encontrou com somente a concha do caracol dentro da Câmara Especial de Deus porque todos os outros a tinham ignorado. Nenhum deles a não ser Arugba sabia que continha o Segredo da terra. Quando Ọrúnmilá virou a boca da concha do caracol para baixo, o escasso conteúdo de areia caiu na água abaixo e esta começou a borbulhar. Dentro de pouco tempo, grande quantidade de areia começou a se empilhar ao redor da palmeira. Depois de muitos montes terem se formado, Arugba falou outra vez a Ọrúnmilá de dentro da sacola. Desta
vez, recomendando-o a deixar cair à galinha nos montes da areia. Como a galinha espalhou os montes, a área da terra começou a expandir. É a mesma operação que a galinha está executando até hoje. Onde quer que a galinha seja encontrada, vê-se usar os pés para dispersar a areia na terra.
Depois de o solo ter sido expandido sobre uma extensa área, as outras divindades que estavam pasmas com a misteriosa performance de Ọrúnm.lá. Mandaram-no descer e caminhar no solo para verificar se ele poderia suportá-los. Mais uma vez Arugba aconselhou Ọrúnmilá para com a sacola, soltar o camaleão para caminhar primeiro no solo. O camaleão andou sobre o solo furtivamente, por temer que pudesse desmoronar sob seus pés. Mas o chão agüentou firme, e esta é a mesma prudência andando marchando que o camaleão ficou acostumado, até o dia de hoje. Este é o porquê do camaleão pisar gentilmente no solo.
Logo que Ọrúnmilá teve certeza de que o solo estava suficientemente forte, ele desceu da palmeira para a terra, e sua primeira tarefa foi transplantar as plantas que trouxe do céu. Depois disso todas as outras divindades desceram para a terra uma depois da outra. Este é o motivo porque a palmeira, a primeira a ser criada das que tinham suas raízes no céu, é respeitada por todas as divindades. É o antepassado de sua estirpe. Todas as divindades espalharam-se da palmeira para estabelecer seus vários domicílios em diferentes partes da terra. Ọrúnmilá sendo o mais jovem de todas as divindades morou e serviu a cada um dos mais velhos, um de cada vez. Ele serviu Ògún, Şàngó, Olokún, Eziza, etc.
No decurso de sua servidão, uma das divindades apoderou-se de Arugba. Ele foi desta maneira despojado de sua Conselheira Chefe e confidente.
É importante neste estágio mencionar que o processo de iniciação na religião de Ọrúnmilá ou Ifismo é uma tentativa para recordar este processo da partida do céu e chegada no mundo para se estabelecer através da palmeira. A mulher que carrega os Ikin em sua cabeça para Ugbodu é chamada de Arugba. É considerado um fato que Ọrúnmilá nunca casou com Arugba, também não é aconselhável a nenhum iniciado de Ifá casar coma mulher que o acompanha com o UGBODU.
Justamente por isso não é aconselhável empregar alguma esposa para a cerimônia, a fim da mulher não ser na verdade seduzida por algum tempo depois da cerimônia, ou pela morte ou por outros.
A presença de Arugba como única mulher em volta, criou uma gama de problemas para as divindades. Uma após outra, eles lutaram para retê-la. O conflito por Arugba logo trouxe a tona a pior das divindades. A violência de alguns, isto á, Şàngó, Sankpana, Ògún, etc., combates mútuos com todas as defesas a sua disposição. Houve total confusão que se encheu de aspereza entre eles.
Neste momento, Ọrúnmilá foi o primeiro a retornar ao céu para fazer um relato a Deus. O papel de protetor de Arugba perdeu-se para as divindades porque ela tinha sido privada da companhia de Ọrúnmilá com quem ela veio ao mundo.
Todas as outras divindades tinham se estabelecido com os instrumentos que eles coletaram na Câmara Especial de Deus. De sua parte, Ọrúnmilá tinha perdido o uso de todas as coisas que ele trouxe, inclusive até a Sacola Divina, dos quais sem os conselhos de Arugba, ele não sabia como usar. Depois de ter levado uma vida de privações e penúria, ele decidiu voltar para o céu para perguntar a Deus porque a vida na terra era tão dolorosamente diferente da vida no céu. Até as quatro plantas que ele trouxe do céu não o ajudaram apesar de elas serem usadas unicamente durante a iniciação de Ifá até hoje, e elas também são usadas para alguns preparados medicinais
feitos por Ọrúnm.lá.
Quando foi o momento de Ọrúnmilá retornar para o céu, ele foi até o pé da palmeira e subiu para seus ramos donde ele se transfigurou para o céu. De volta ao céu, ele foi o único das muitas divindades a ver a última forma física do próprio Deus.
O Deus Onipotente que era conhecido por nunca perder sua calma estava evidentemente aborrecido diante de Ọrúnmilá. Ele apresentou suas desculpas a Deus por olhar os traços físicos, do pescoço em diante, mas explicou as dificuldades que ele tinha experimentado na terra nas mãos de seus irmãos divinos. Ele reclamou que surpreendentemente, as regras celestes não estavam sendo seguidas na terra. Após ter ouvido o relato revelado por Ọrúnmilá, Deus convenceu-o a permanecer momentaneamente no céu, mas enviou o obstáculo, o mais poderoso de todas as divindades, (Elenini em Yorùbá e Idoboo em Bini) para ir verificar o relatório de Ọrúnmilá. Quando Elenini
chegou a terra, ele observou o espetáculo do restante das divindades no corpo a corpo. Ele não ficou apenas satisfeito que o relato de Ọrúnmilá estava correto, mas também ficou receoso que com a privação predominando na terra, as divindades poderiam acabar guerreando umas contra as outras.
Não Posso Afirmar a Origem deste Itá mas o Recebi de Ifadailha em meu GMAIL
Este Itá recebi num Email cuja Origem vem do Povo da Ilha
Ninguém deve confundir o mundo tentando igualar as divindades com Deus. Ọrúnmilá tem revelado claramente que todas as divindades menores foram criadas por Deus para assisti-lo na gerência do sistema planetário e sem exceção, todos deviam total lealdade Ele. As divindades consideram a si mesmas como servas de Deus, mandadas ao mundo para ajudá-lo a fazer um lugar mais habitável para colocar os mortais, de modo que através deles, o homem possa ser capaz de apreciar como Deus ama suas criaturas. Quando por exemplo uma sacerdotisa ou sacerdote, da divindade das águas (Olókun), tomando-se possuída (o), ela começa por cantar em louvor a Deus e reconhecendo sua supremacia acima de toda a existência. Quando Ògún (o engenheiro divino) possui seu sacerdote, ele também começa por pagando tributo a Deus todo poderoso e agradecendo-o por fazer o possível por ele (Ògún) para contar aos mortais que eles não deveriam saber de outro modo sobre eles mesmos.
O mesmo é verdade para a divindade dos rios (Sàngó), e para cada uma das 200 divindades criada por Deus. Eles são ditos como membros do conselho Divino de Deus.
Do mesmo modo, o sacerdote de Ifá começa sua atividade reconhecendo Deus como o repositório de todo conhecimento e sabedoría. Não é permitido ao homem por isso pensar que, prestar serviços através de alguma das divindades é ser um substituto dos serviços de Deus.
Ọrúnmilá tem revelado para seus seguidores que as primeiras criações de Deus são as divindades menores. Eles são os primeiros habitantes do céu levando uma vida normal, cada um na imagem que se pareciam como próprio Deus. A Morte, conta o iton que era Nanã tbm, é uma das criações favoritas de Deus e ele (a) era o que buscava a argila para que a imagem dos homens fosse moldada depois pela divindade Obatalá.
Depois da moldagem da figura humana em barro, era tempo de lhe dar o hálito de vida (EMI), de modo que Deus falou a todas as divindades que estavam presentes para fecharem seus olhos. Todos fecharam seus olhos, exceto Ọrúnmilá, que simplesmente cobriu sua face com seus dedos sem cobrir seus olhos. Quando Deus estava insuflando o sopro de vida no homem, descobriu que Ọrúnmilá estava assistindo-o. Quando Ọrúnmilá tentou fechar seus olhos depois de ter sido pego espionando, Deus chamou-o para manter seus olhos abertos já que nada espetacular será feito sem uma testemunha viva. Este é o porquê Ọrúnmilá é chamado Eléri Ipin (Testemunha do próprio Deus).
Segundo a criação do homem, era tempo de Deus talhar a terra para ser habitada. Mas o homem era também ainda muito jovem e inexperiente nos caminhos do céu para ser exposto à tarefa de estabelecer um novo domicílio com seu próprio discernimento. Deus por isso preferiu mandar as divindades a terra para estabelecer com seu próprio discernimento e experiência.
A FUNDAÇÃO DO MUNDO.
Quando Deus manda uma mensagem a alguém, Ele não lhe dá termos minuciosos como referência.
Ele conta com o mensageiro para usar seu próprio senso comum ou discrição para executar a tarefa.
Deus apenas espera resultados positivos e é permitido ao mensageiro fazer quatro de dois e dois.
Os primeiros habitantes desta terra foram as 200 divindades. A terra era então chamada DIVINOSFERA, até o momento quando as divindades como são hoje, foram os únicos com capacidade espiritual para se comunicar entre o céu e a terra. Eles são capazes de saber ao mesmo tempo o que está acontecendo na terra e no céu com seus poderes extra visionários. Os habitantes do céu foram se tornando muito populosos, e o próprio Deus, quem poderia no momento, como Pai Onipotente que Ele é, atender pessoalmente as súplicas de suas crianças no Céu, instituiu tarefas tornando-o super dotado por Ele. Por essa razão, Ele decidiu criar um novo Firmamento para Divindades e a verdade, é que não divulgou as suas criaturas que também estava indo transfigurado no ar fino, de modo que depois disso pudesse somente se comunicar como espírito.
A CRIAÇÃO DA DIVINOSFERA:
Este trabalho não está tentando desafiar todos os outros relatos da “Criação do Mundo”, que tem previamente sido dado pelos videntes, ouvintes e profetas. É tentar transcrever o relato de Ọrúnmilá de como o fenômeno geográfico agora referido como a terra, veio a ser uma parte do sistema planetário.
Em um dos encontros semanais do Conselho Divino, Deus perguntou as divindades, quais delas estavam preparadas para ir a terra criar uma nova habitação. Deus os informou que todos que se apresentassem voluntariamente para ir estavam indo agirem dentro de uma ordem do Conselho Divino para estabelecer na terra, as leis naturais que fizeram do céu um lugar tão bonito para se viver. Ele os informou que as mesmas regras iriam operar na terra. Havia apenas dois conjuntos amplos de regras que Ele lhes daria:
1 – Ninguém tiraria vantagem indevida de Sua (de Deus) ausência física para atribuir a si mesmo sua função de Pai de todo o Universo. Todos eles deveriam respeito a Ele como o criador de tudo, ou seja, eles sempre dariam início aos seus trabalhos na terra prestando o devido respeito a Ele como seu Pai eterno, e...
2 – Ninguém deveria fazer aos outro o que não gostaria que os outros lhes fizessem; regra a qual é conhecida como “Regra Dourada”. Isto se destinava a que eles não fossem mortos sem um julgamento apropriado pelas divindades.
Eles não furtariam as propriedades uns dos outros, como no céu a punição seria a morte.
Eles não se poriam uns contra os outros, um seduzindo a esposa do outro ou fazendo outra coisa para o outro que resultaria em sofrimento.
Eles deviam se opor ao ímpeto de vingança uns contra os outros, já que todos os desacordos mútuos deviam ser resolvidos através de um julgamento público no Conselho das Divindades.Acima de tudo, eles deviam respeitar sua regra divina que tudo quanto alguém fizesse para prejudicar seu equivalente divino, a retribuição viria para o agressor dez vezes mais. Finalmente, Ele lhes informou que o segredo do sucesso estava em ouvir sempre a voz silenciosa da divindade chamado Perseverança.
segunda-feira, 21 de março de 2011
EWÉ A FORÇA DAS FOLHAS
Ewé! A Força que vem das Folhas!
(Texto publicado na revista “Candomblés”, da Editora Minuano – Fevereiro de 2011)
KÒ SÍ EWÉ, KÒ SÍ ÒRÌSÀ! Expressão no idioma Yorùbá que quer dizer: “Se não há folhas,
não há Òrìsà!” Esta expressão dá ao leitor o entendimento da importância das folhas dentro dos rituais de
origem africana, no entanto, queremos aqui ampliar este conceito, traduzindo por folhas os vegetais de
um modo geral, incluindo além de suas folhas, seus frutos, sementes, e até mesmo seu caule; e traduzindo
por Òrìsà, os diversos usos “mágicos” desses vegetais.
Na caminhada evolutiva do homem, que hoje a maioria dos estudiosos acredita ter começado no
continente africano, ele se valeu da observação da natureza para o desenvolvimento de habilidades que
até então ele não possuía e, naquele continente onde “tudo começou”, sociedades ditas “animistas” ou
“tradicionais” continuam até hoje vivendo em harmonia com a natureza, dela tirando ensinamentos para a
sua vida social. Animistas porque acreditam que “toda manifestação viva pressupõe a presença de uma
força vital, determinante do ideal de viver”, e que utilizando práticas específicas esta “força” poderá ser
utilizada em seu favor! E dentro deste conceito os vegetais representam um grande potencial de
possibilidades.
“Se para a medicina ocidental o conhecimento do nome científico das plantas usadas e suas
características farmacológicas é o principal, para os Yorùbá o conhecimento dos ofò, encantações
pronunciadas no momento da preparação das receitas e transmitidas oralmente, é o que é essencial.
Neles encontramos a definição da ação esperada de cada uma das plantas que entram na receita.” (Ewé,
Pierre Verger, 1995).
Bom, diante dessa referência concluímos que as plantas e seus derivados não são utilizados
aleatoriamente, visam atender necessidades específicas, ou seja, qual o resultado esperado? Ou ainda:
utilizar a folha certa no momento certo! Vimos também que a ação esperada dessas folhas está ligada ao
que vai ser dito no momento de sua utilização, o ofò, que nada mais é do que a utilização da palavra
enquanto transmissora de àse. Verger diz ainda que à primeira vista é difícil perceber nas diversas
“receitas”, que tem como ingredientes elementos vegetais, qual é a parte “mágica”, ou seja, aquela que o
efeito vai se dar pelo àse nela contido, e quais as virtudes testadas experimentalmente dessas plantas, ou
seja, ele diz com isso que muitas dessas plantas já tiveram suas propriedades farmacológicas
comprovadas.
Dentro desse contexto quero destacar o trecho de uma canção brasileira, interpretada pela célebre
cantora baiana Maria Bethânia:
“Salve as folhas brasileiras! Salvem as folhas para mim! Se me der a folha certa, e eu cantar
como aprendi, vou livrar a Terra inteira de tudo que é ruim! Eu sou o dono da terra, eu sou o caboclo
daqui! Eu sou Tupinambá que vigia, eu sou o dono daqui!” (meu grifo).
O que me chamou atenção nessa composição, e que destaco para o leitor, é que ela ilustra o trecho
acima de Verger, e mais ainda, a utilização das folhas está associada a um dos grupos indígenas
brasileiros, sugerindo que esses nativos, primeiros habitantes do nosso País, também conheciam essa
prática!
Ainda de Pierre Verger:
“Na língua Yorùbá, freqüentemente existe uma relação direta entre os nomes das plantas e suas
qualidades, e seria importante saber se receberam tais nomes devido às suas virtudes ou se devido a seus
nomes, determinadas características foram a elas atribuídas.” (meu grifo).
Como ilustração, transcrevemos o trecho de uma preparação Yorùbá para obtenção de dinheiro:
PÈRÈGÚN NÍ Í PE IRÚNMOLÈ L’ÁT’ÒDE ÒRUN W’ÁYÉ!
(É Pèrègún que chama os espíritos do além para a terra!)
PÈRÈGÚN WÁ LO RÈÉ PE AJÉ TÈMI WÁ L’ÁT’ÒDE ÒRUN!
(Pèrègún, agora vá e chame minhas riquezas do além!)
Nesta preparação encontramos referência a uma folha, conhecida pela maioria de nós: o Pèrègún,
cujo nome é a contração do verbo “PÈ”, que significa chamar, com a palavra “EGÚN”, que significa
espírito, ancestral, etc. Percebe-se então que esta folha tem a finalidade de “chamar (invocar) espíritos”, e
que a própria pronúncia de seu nome já funciona como um ofò! No caso da receita acima, a sabedoria
daqueles nossos ancestrais yorubanos que a elaboraram fez esse trocadilho: se Pèrègún pode chamar
espíritos, pode chamar a riqueza! Certa vez ouvi de meu “bàbá” que o negro yorubano tem sobre nós a
vantagem do uso corrente do idioma, enquanto nós aqui no Brasil ficamos presos a textos prontos, que
nos foram transmitidos ao longo do tempo.
Para algumas pessoas, principalmente para aquelas que não estão ligadas aos cultos de matriz
africana, pode parecer um tanto “primitivo” pensar dessa maneira, digo, esperar resultados a partir da
utilização de certas plantas, de sementes, etc., enfim de elementos da natureza, aparentemente
inanimados. No entanto, repetimos, existe por traz da utilização desses elementos uma questão cultural.
Eles se utilizam desses elementos da natureza acreditando que eles expressam as suas necessidades
perante o “Criador”, o destino final de seus pedidos:
“...Uma composição mágica parece ser considerada como uma coleção de coisas materiais, às
quais é dado um valor simbólico; juntas constituem uma mensagem...” (Ewé, Pierre Verger, 1995)
Entre os Yorùbá, os ofò são frases curtas nas quais muito freqüentemente o “verbo” que define a
acão esperada, chamado de “verbo atuante”, é uma das sílabas do nome da planta ou do ingrediente
empregado. No entanto, o elo entre o nome da folha e a ação esperada, invocada através do ofò, não se
limita apenas ao verbo, mas pode aparecer em uma frase curta ou longa, nesse caso estabelecendo uma
relação simbólica entre algumas “características naturais” daquela planta a as “necessidades” do homem.
Vejamos alguns exemplos:
ÀT’ÒJÒ ÀTEÈRÙN KÌ Í RE TÈTÈ
(Tètè nunca está doente, nem na estação chuvosa nem na seca)
Este ofò faz referência a uma folha conhecida popularmente por Bredo ou Caruru de porco, e
cujo nome Yorùbá é Tètè. É uma folha facilmente encontrada, tanto no meio urbano, nas margens de
calçadas, como no meio rural, e confesso que antes de conhecer o seu valor ritual, passava-me
despercebida, assim com muitas folhas que não conhecemos! Percebemos pela tradução que é uma planta
resistente às variações da natureza, permanecendo sempre saudável, e não é este tipo de força que
queremos para nossa vida?
OJÚ ORÓ NI Ó N’LÉKÈ OMI, TÈMI Ó L’Á LÉ
(Ojú oró flutua na água, eu também ficarei por cima)
Ojú oró é conhecida popularmente por Erva de Santa Luzia, é uma planta aquática, encontrada
em rios ou lagoas. Percebemos que nesse ofò evoca-se o poder dessa planta de conseguir manter-se
sempre por cima da água!
Em território Yorùbá, na preparação dos trabalhos ligados à obtenção de todo tipo de sorte, ou
para afastar algum mal, esses vegetais são pilados e misturados ao sabão africano Ose (oxé) Dudu, com o
qual toma-se banho, ou então são torrados, até a obtenção de um pó, que poderá ser misturado à comida, a
bebidas destiladas, ou até mesmo esfregado em incisões feitas no corpo, particularmente nos punhos.
Essas práticas quase não sobreviveram aqui no Brasil, por ocasião da reestruturação do culto aos Òrìsà,
no entanto há uma prática viva entre nós: o Oro Asa Òsónyìn ou Sassanha, como é mais conhecido, um
ritual realizado nas casas de raízes Yorùbá, que significa basicamente: Ritual de proteção de Òsónyìn.
Utilizamos o recurso dos “cânticos da folhas” para determinar que as oferendas sejam cobertas de
realizações, uma vez que esses cânticos possuem “verbos atuantes” que facilitam a comunicação entre o
povo e os Ancestrais Divinizados. No caso de uma Iniciação para Òrìsà ou “Feitura de Santo”, este ritual
é realizado para preparar a “esteira”, onde ficará deitado o iniciado e o “banho” para lavar todos os seus
objetos rituais, bem como para os seus banhos matinais diários.
Referências Bibliográficas:
- Monteiro, Marcelo dos Santos, 1960 – Curso Teórico e Prático de Folhas Sagradas – Oro Asa
Òsónyìn - Rio de Janeiro – 1999 – 59 p. (Biblioteca Nacional);
- Verger, Pierre Fatumbi – Ewé: o uso das plantas na sociedade ioruba – São Paulo: Companhia
das, Letras, 1995;
quinta-feira, 17 de março de 2011
Como Sàngó Adquiriu seu Poder
O Itá que Conta como Sàngó Adquiriu o Poder sobre o Fogo.
Sàngó havia conquistado o poder da cidade de Òyó e se tornado o seu terceiro soberano, governando com muita severidade e domínio total sobre seu povo, que não tentava irritá-lo ou ofendê-lo, pois ele era o possuidor do edùn àrá, a pedra do raio.
Seu símbolo de poder é o osé, um machado de lâmina dupla como representação de que “sua força é uma arma de dois gumes”, que equivale dizer que o mais distante habitante de Òyó não estava longe da autoridade de Sàngó ou imune aos seus castigos pelos delitos cometidos.
Embora consciente de seu poder, Sàngó buscava incessantemente novos meios de se fazer respeitado e temido por todos. Enviava seus mensageiros até os locais mais distantes de seu reino em busca de poções mágicas e amuletos, com o objetivo de aumentar o seu poder. Um a um iam chegando os elementos pedidos sem que satisfizessem os desejos de Sàngó. Decidiu ele, então, pedir a Èsù.
Enviou um de seus homens de confiança para as terras de Ìbàrìbá, onde Èsù se instalara, próximo à região dos Tápà. Lá chegando, o mensageiro declarou: “Oba Jàkúta, o grande Aláààfin de Òyó, enviou-me aqui para que lhe seja preparado um poder eficaz que cause terror no coração de seus inimigos.” Èsù perguntou: “Sim, isto é possível. Mas que tipo de poder Sàngó deseja?” O mensageiro respondeu: “Oba Jàkúta disse que muitos tentaram lhe dar o poder que ainda não tem, mas eles não sabem como fazê-lo. Tais conhecimentos pertencem somente a Èsù. Dê o que precisa que ele saberá o que fazer.”
Disse Èsù: “Sim, do que Sàngó precisa eu sei bem e eu lhe darei. Em troca quero receber uma cabra como sacrifício. O poder estará pronto daqui a sete dias; porém, você, mensageiro, não deverá ser o portador. Quem deverá vir aqui apanhar será a esposa dele, Oya.”
O mensageiro retornou para Òyó e contou a Sàngó o recado de Èsù, que concordou com o que lhe foi dito, e, já no sétimo dia, Sàngó instruiu Oya para ir onde estava Èsù: “Cumprimenta Èsù por mim. Diga-lhe que o sacrifício será enviado. Receba o poder que ele preparou e traga-o para cá rapidamente.” Em seguida, Oya partiu
Chegando às terras de Èsù, Oya cumprimentou: “Sàngó, de Òyó, enviou-me para apanhar o que foi preparado para ele. O sacrifício que você pediu por isso já está a caminho.” Em seguida, Èsù entregou a Oya um pequeno pacote embrulhado em uma folha silvestre, ewé ògbó, e lhe disse: “Tome cuidado com isto. Veja que Sàngó beba tudo.”
Pegando o pacote, Oya iniciou a jornada de volta. Mas a curiosidade começou a atiçá-la: “O que Èsù fez para Sàngó? Que espécie de poder pode estar neste pacote tão pequeno?” No longo do trajeto de volta, Oya foi pensando no assunto, quando resolveu parar para descansar. Como Èsù havia presumido que ela faria, Oya desembrulhou o pacote para olhar o que havia dentro. E o que viu possuía uma coloração vermelha. Colocou um pouco do poder na boca para testá-lo. Nem era bom, nem era ruim. Ficou pensativa por um instante e depois embrulhou de novo o pacote, seguindo viagem
Ao chegar a Òyó, foi direto para o palácio de Sàngó. Assim que o viu entregou-lhe o pacote. Sàngó o recebeu e perguntou: “Que instruções Èsù deu a você? Como é que eu tenho que usar este poder?
Oya disse: “Ele instruiu para ingerir o poder.” Nem bem começou a falar, faíscas saíram de sua boca. Sàngó entendeu que Oya havia testado o poder que lhe havia sido destinado. Sua ira foi violenta. Levantou a mão para bater-lhe, mas ela escapou do palácio. Sàngó a perseguiu, mas não a encontrou. Oya foi para um lugar onde muitas ovelhas estavam pastando. Correu entre elas, pensando que Sàngó não a encontraria. Mas a ira de Sàngó era terrível. Ele lançou seu grito, estrondos em todas as direções, a ponto de atingir as ovelhas, matando-as todas. Oya escondeu-se, então, embaixo das ovelhas mortas, conseguindo, assim, iludir Sàngó, que, cansado, retornou ao palácio onde uma multidão o aguardava. Todos suplicavam pela vida de Oya. “Sua compaixão é maior do que a sua ofensa. Perdoai-a.” A ira de Sàngó se atenuou. Ele enviou seus escravos para encontrar Oya e trazê-la de volta.
Sàngó não sabia, exatamente, como Èsù havia lhe destinado o poder. Assim, quando a noite chegou, Sàngó pegou o pacote com o poder e foi para um lugar alto contemplar a cidade. Lá, colocou um pouco do poder sobre a língua, e, quando expirou o ar, uma enorme chama saiu de sua boca, estendendo-se por toda a cidade. Sàngó passou a ter o poder sobre o fogo, que brotava de sua boca e de suas narinas, e, com isso, passou a intimidar seus adversários.
Obs.: Há um mesmo Ita com esta base, que nos conta que quando ele aplica este pleno poder em sua irá pela traição de Oyá ele queima todo seu reino, e assim desesperado por ter matado inocentes procura uma arvore que sobrará e se enforca.
quinta-feira, 3 de março de 2011
UMA HISTÓRIA SOBRE O REI DO PODER
Origem e História de xango:
Nem seria preciso falar do poder de Xangô (Sòngó), porque o poder é sua síntese. Xangô nasce do poder morre em nome do poder. Rei absoluto, forte, imbatível: um déspota. O prazer de Xangô é o poder. Xangô manda nos poderosos, manda em seu reino e nos reinos vizinhos. Xangô é rei entre todos os reis. Não existe uma hierarquia entre os orixás, nenhum possui mais axé que o outro, apenas Oxalá, que representa o patriarca da religião e é o orixá mais velho, goza de certa primazia. Contudo, se preciso fosse escolher um orixá todo-poderoso, quem, senão Xangô para assumir esse papel?
Xangô gosta dos desafios, que não raras vezes aparecem nas saudações que lhe fazem seus devotos na África. Porém o desafio é feito sempre para ratificar o poder de Xangô.
A maneira como todos devem se referir a Xangô já expressa o seu poder. Procure imaginar um elefante, mas um Elefante-de-olhos-tão-grandes-quanto-potes-de-boca-larga: esse é Xangô e, se o corpo do animal segue a proporção dos olhos, Xangô realmente é o Elefante-que-manda-na-savana, imponente, poderoso.
Percebe-se que a imagem de poder está sempre associada a Xangô. O poder real, por exemplo, lhe é devido por ter se tornado o quarto alafim de Òyó, que era considerada a capital política dos iorubas, a cidade mais importante da Nigéria. Xangô destronou o próprio meio-irmão Dadá-Ajaká com um golpe militar. A personalidade pacienciosa e tolerante do irmão irritavam Xangô e, certamente, o povo de Òyó, que o apoiou para que ele se tornasse o seu grande rei, até hoje lembrado.
O trono de Òyó já pertencia a Xangô por direito, pois seu pai, Oranian, foi fundador da cidade e de sua dinastia. Ele só fez apressar a sua ascensão. Xangô é o rei que não aceita contestação, todos sabem de seus méritos e reconhecem que seu poder, antes de ser conquistado pela opressão, pela força, é merecido. Xangô foi o grande alafim de Òyo porque soube inspirar credibilidade aos seus súditos, tomou as decisões mais acertadas e sábias e, sobretudo, demonstrou a sua capacidade para o comando, persuadindo a todos não só por seu poder repressivo como por seu senso de justiça muito apurado.
Não erram, como se viu, os que dizem que Xangô exerce o poder de uma forma ditatorial, que faz uso da força e da repressão para manter a autoridade. Sabe-se, no entanto, que nenhuma ditadura ou regime despótico mantém-se por muito tempo se não houver respaldo popular. Em outros termos, o déspota reflete a imagem de seu povo, e este ama o seu senhor, seja porque nos momentos de tensão responde com eficiência, seja por assumir a postura de um pai. No caso de Xangô, sua retidão e honestidade superam o seu
caráter arbitrário; suas medidas, embora impostas, são sempre justas e por isso ele é, acima de tudo, um rei amado, pois é repressor por seu estilo, não por maldade.
Fato é que não se pode falar de Xangô sem falar de poder. Ele expressa autoridade dos grandes governantes, mas também detém o poder mágico, já que domina o mais perigoso de todos os elementos da natureza: o fogo. O poder mágico de Xangô reside no raio, no fogo que corta o céu, que destrói na Terra, mas que transforma, que protege, que ilumina o caminho. O fogo é a grande arma de Xangô, com a qual castiga aqueles que não honram seu nome. Por meio do raio ele atinge a casa do próprio malfeitor.Xangô é bastante cultuado na região de Tapá ou Nupê, que, segundo algumas versões históricas, seria terra de origem de sua família materna.
Tudo que se relaciona com Xangô lembra realeza, as suas vestes, a sua riqueza, a sua forma de gerir o poder. A cor vermelha, por exemplo, sempre esteve ligada à nobreza, só os grandes reis pisavam sobre o tapete vermelho, e Xangô pisa sobre o fogo, o vermelho original, o seu tapete.
Xangô sempre foi um homem bonito extremamente vaidoso, por isso conquistou todas a mulheres que quis, e, afinal, o que seria um ‘olhar de fogo’senão um olhar de desejo ardente? Quem resiste ao olhar de flerte de Xangô?
Xangô era um amante irresistível e por isso foi disputado por três mulheres. Iansã foi sua primeira esposa e a única que o acompanhou em sua saída estratégica da vida. È com ela que divide o domínio sobre o fogo.Oxum foi à segunda esposa de Xangô e a mais amada. Apenas por Oxum, Xangô perdeu a cabeça, só por ela chorou.
A terceira esposa de Xangô foi Oba, que amou e não foi amada. Oba abdicou de sua vida para viver por Xangô, foi capaz de mutilar o seu corpo por amor o seu rei.
Xangô decide sobre a vida de todos, mas sobre a sua vida (e sua morte) só ele tem o direito de decidir. Ele é mais poderoso que a morte, razão pela qual passou a ser o seu anti-símbolo.
Nem seria preciso falar do poder de Xangô (Sòngó), porque o poder é sua síntese. Xangô nasce do poder morre em nome do poder. Rei absoluto, forte, imbatível: um déspota. O prazer de Xangô é o poder. Xangô manda nos poderosos, manda em seu reino e nos reinos vizinhos. Xangô é rei entre todos os reis. Não existe uma hierarquia entre os orixás, nenhum possui mais axé que o outro, apenas Oxalá, que representa o patriarca da religião e é o orixá mais velho, goza de certa primazia. Contudo, se preciso fosse escolher um orixá todo-poderoso, quem, senão Xangô para assumir esse papel?
Xangô gosta dos desafios, que não raras vezes aparecem nas saudações que lhe fazem seus devotos na África. Porém o desafio é feito sempre para ratificar o poder de Xangô.
A maneira como todos devem se referir a Xangô já expressa o seu poder. Procure imaginar um elefante, mas um Elefante-de-olhos-tão-grandes-quanto-potes-de-boca-larga: esse é Xangô e, se o corpo do animal segue a proporção dos olhos, Xangô realmente é o Elefante-que-manda-na-savana, imponente, poderoso.
Percebe-se que a imagem de poder está sempre associada a Xangô. O poder real, por exemplo, lhe é devido por ter se tornado o quarto alafim de Òyó, que era considerada a capital política dos iorubas, a cidade mais importante da Nigéria. Xangô destronou o próprio meio-irmão Dadá-Ajaká com um golpe militar. A personalidade pacienciosa e tolerante do irmão irritavam Xangô e, certamente, o povo de Òyó, que o apoiou para que ele se tornasse o seu grande rei, até hoje lembrado.
O trono de Òyó já pertencia a Xangô por direito, pois seu pai, Oranian, foi fundador da cidade e de sua dinastia. Ele só fez apressar a sua ascensão. Xangô é o rei que não aceita contestação, todos sabem de seus méritos e reconhecem que seu poder, antes de ser conquistado pela opressão, pela força, é merecido. Xangô foi o grande alafim de Òyo porque soube inspirar credibilidade aos seus súditos, tomou as decisões mais acertadas e sábias e, sobretudo, demonstrou a sua capacidade para o comando, persuadindo a todos não só por seu poder repressivo como por seu senso de justiça muito apurado.
Não erram, como se viu, os que dizem que Xangô exerce o poder de uma forma ditatorial, que faz uso da força e da repressão para manter a autoridade. Sabe-se, no entanto, que nenhuma ditadura ou regime despótico mantém-se por muito tempo se não houver respaldo popular. Em outros termos, o déspota reflete a imagem de seu povo, e este ama o seu senhor, seja porque nos momentos de tensão responde com eficiência, seja por assumir a postura de um pai. No caso de Xangô, sua retidão e honestidade superam o seu
caráter arbitrário; suas medidas, embora impostas, são sempre justas e por isso ele é, acima de tudo, um rei amado, pois é repressor por seu estilo, não por maldade.
Fato é que não se pode falar de Xangô sem falar de poder. Ele expressa autoridade dos grandes governantes, mas também detém o poder mágico, já que domina o mais perigoso de todos os elementos da natureza: o fogo. O poder mágico de Xangô reside no raio, no fogo que corta o céu, que destrói na Terra, mas que transforma, que protege, que ilumina o caminho. O fogo é a grande arma de Xangô, com a qual castiga aqueles que não honram seu nome. Por meio do raio ele atinge a casa do próprio malfeitor.Xangô é bastante cultuado na região de Tapá ou Nupê, que, segundo algumas versões históricas, seria terra de origem de sua família materna.
Tudo que se relaciona com Xangô lembra realeza, as suas vestes, a sua riqueza, a sua forma de gerir o poder. A cor vermelha, por exemplo, sempre esteve ligada à nobreza, só os grandes reis pisavam sobre o tapete vermelho, e Xangô pisa sobre o fogo, o vermelho original, o seu tapete.
Xangô sempre foi um homem bonito extremamente vaidoso, por isso conquistou todas a mulheres que quis, e, afinal, o que seria um ‘olhar de fogo’senão um olhar de desejo ardente? Quem resiste ao olhar de flerte de Xangô?
Xangô era um amante irresistível e por isso foi disputado por três mulheres. Iansã foi sua primeira esposa e a única que o acompanhou em sua saída estratégica da vida. È com ela que divide o domínio sobre o fogo.Oxum foi à segunda esposa de Xangô e a mais amada. Apenas por Oxum, Xangô perdeu a cabeça, só por ela chorou.
A terceira esposa de Xangô foi Oba, que amou e não foi amada. Oba abdicou de sua vida para viver por Xangô, foi capaz de mutilar o seu corpo por amor o seu rei.
Xangô decide sobre a vida de todos, mas sobre a sua vida (e sua morte) só ele tem o direito de decidir. Ele é mais poderoso que a morte, razão pela qual passou a ser o seu anti-símbolo.
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