quarta-feira, 21 de abril de 2010

CONTINUIDADE DA PUBLICAÇÃO DE MEU LIVRO...

A de se salientar que tem um livro (Xangôs do Nordeste, cujo o Autor Gonçalves Fernandes) que menciona que já em 1932 onde as casas tinham que ser autorizadas pela Policia e pelo Departamento de saúde Mental, e onde deveriam possuir suas normas por escrito e bem a mão citarei aqui um exemplo desta época em que calculo não estar desatualizado apesar dos 76 anos que nos separam e o texto é original sem qualquer correção ortográfica:
SEITA AFRICANA SANTA BARBARA - FUNDADA EM 21 DE AGOSTO DE 1931.
Compromisso para os filhos: Art° 1º - Para ser filho desta seita e preciso: § 1º Estar em pleno goso social. § 2º - Não ter nodoa que desabone sua conduta moral e social e não sofrer moléstias contagiosas. § com seus superiores, Paes , Maridos e etc. Art° 2º - Ser Proposto por um filho da seita ou em reunião julgado pelos demais filhos. § 1º O Orsé da sexta-feira é obrigatório para todos os filhos; os filhos faltarem sem motivo justificado são multados em Rs.500 réis, cuja multa não há perdão, sem excepção. § 2º - Nas mesmas condições os que faltarem as obrigações e aos toques. § 3º - É dever dos filhos serem unidos respeitar uns aos outros, terem ordem quer em dias de obrigações , diversas e nos demais dias. Artº 3º - É dever dos filhos fazerem odobalé nos pés de seu Babalorixá e Ialourixá, e dar Baxuxú aos irmãos mais velhos quando chegarem e na ocasião de dansar. § 1º - Ajudar a cantar e estar sempre em atividade, junto com mai pequena. § 2º - Comprar seus trajes de acordo com as cores do seu anjo de guarda. § 3º - Não fumar no salão quando estiver em obrigações, ou diversões e evitar bebidas alcoólicas. Artº 4º - Os filhos desta seita não poderão compartilhar em outra, quer em obrigações ou diversões a não ser com a autorização do seu superior. § 1º - Os que não cumprirem, serão punidos. § 2º - É dever dos filhos, serem constantes na seita, com especialidade nos dias de quinta, sexta, sábado e domingo, e os demais dias que for necessário. § 3º - Trazerem suas cotas marcadas, pagarem suas multas quando acharem em falta, trazerem velas, arroz e o necessário para os seus anjos de guarda. Artº 5º - As datas comemoradas por esta seita: 1 e 20 de janeiro, 1,6,13, e 24 de junho, último domingo de julho, 27 e 30 de setembro, 21 e 24 de agosto, de 4 a 25 de dezembro, 23 de abril, 19 de março e o mês de maio, e os demais são extraordinários. Artº 6º - Os filhos, desta seita tem que terem paciência com todos, tratar bem e com bons modos os crentes, evitar com delicadeza os abusos dos apreciadores. § 1º - Terem crença, fé e gosto com os encantos, cumprirem os preceitos da lei. § 2º - Trajarem branco nos dias de sexta feira, não comerem carne, e não adulterar da quinta para sexta, e nem nos dias de obrigações . § 3º - Os filhos e filhas que desrespeitarem os Artº e parágrafos deste compromisso serão punidos de acordo com as suas faltas. Artº 7º - É dever dos filhos e filhas, respeitar, e fazer respeitar as salvações de Eamesan, Xangôu, Orixalá, Obaluaê, sendo que no anjo de guarda dos paes, e de Eamesan, cumpre o que manda o Artº 3º.
Ass. José Gomes da Silva, Babalourixá. Celina Anunciada da Silva, Ialourixá. Alzira Francisca Mendes, Mãe Pequena. José Vieira Passos, Tacipa.

Como vocês podem ver as normas e costumes de nossa seita permanecem, pois uma família precisa destas normas aqui colocadas: respeito aos orixás, aos nossos antepassados e seus costumes, aos nossos pais e irmãos mais velhos, as contribuições que devemos doar são para nossa manutenção e de nossa Casa, Foi desta maneira e com estas normas que nossa seita chegou até nossos dias e observe que estou buscando estes dados em um livro, portanto sabendo que nossa crença é puramente de transmissão oral dá para supor que estas normas são muito mais velhas que ora se apresentam nestes 76 anos “Epárrei Belo ia”.
Apresento também uma pagina extraída deste mesmo livro, onde se relata uma parte da criação e de seu fundador da Roça Nagô chamada de Sítio do Pai Adão, para que nos sirva de exemplo quão é importante a nossa integração não só com o nosso orixá, mas com os nossos semelhantes dentro do culto tem que ser uma família.
“Entre os pais de terreiro, Pai Adão é, sem dúvida, o mais destacado, Todos os outros o tem em conta de um grande Babalorixá, e si em voz baixa falam mal de sua importância, não é sem grande respeito com que o cumprimentam. É Filho de africano de Lagos, e tem atualmente cerca de sessenta anos. Do seu pai Herdou os fetiches que possui e se fez Babalorixá. Desejando conhecer a pátria dos seus antepassados não mediu dificuldades: Tomou um Cargueiro para Lisboa, dali outro para Las Palmas e um barco Inglês alcançou Lagos (1906) O conhecimento da Língua que lhe fora ensinada pelo seu pai lhe fez familiar a religião e permitiu que se aperfeiçoasse na Liturgia do Culto. Não se livrou contudo do sincretismo católico. Referiu-me mesmo que em Lagos, mercê da volta de muitos antigos escravos, outros mesmo libertos já de nascença, o culto Yorubano se faz assim mesclado em muitos terreiros. De volta ao recife, tempo depois, instalou o seu terreiro. Estevê antes na Bahia e em Maceió. Seu porte é o de um grande chefe, arrogante e trata os médicos do S.H.M de igual para igual. Deixa, porem, ás vezes transparecer a sua gentileza em cumprimentos Assim “Só sinto alegria e só o dia é belo quando vejo você. Etc...
Durante o dia, sentado numa velha poltrona de jacarandá, costume de brim branco muito bem engomado, fumando bons charutos, recebe os filhos de terreiro que lhe vão pedir a bênção ajoelhada ou conselhos para resolverem negócios, etc..... Julga-se um grande sacerdote, uma figura quase sagrada e não se nivela aos demais Babalorixá, os quais critica severamente pelas indiscrições em torno dos segredos do culto. Sua restrição á divulgação de assuntos ligados ao Terreiro é tal que, sendo amigo do Senhor Gilberto Freire se negou a participar do 1º Congresso Afro-Brasileiro,. Entre os diversos pais de Terreiro do Recife foi à única exceção. Na sala onde faz seu terreiro, ordinariamente é sala de jantar. Uma longa mesa bem posta, sempre convidada presentes, o ar patriarcal que inspira o ambiente é o clima em que vive Adão. Essa casa, no chapéu de Sol, linha de Beberibe, tem um Sítio esplendido, cercado de arvores frondosas. Por detrás da casa há um Iroko, Gameleira Sagrada que é venerada como santo Iroco, disse-me Adão, é o Páo encantado. A gameleira secular tem junto ao tronco montinhos de areia sobre os quais há varias quartinhas de barro cheias de água. Ali fazem sacrifícios de animais em dias determinados do ano, que não consegui saber.
Na ordem das invocações a toada de Iroco é cantada em quinto lugar no terreiro de Adão, Em poucos terreiros, nesta cidade, há semelhante adoração. Não sei si por falta de gameleira sagrada. Diversos pais de terreiro interrogados por mim respondiam evasivamente. Ao lado da casa Adão tem a sua Capela (Dedicada a Nossa Santa Ana) ali toda cheia de santos católicos, imagens e estampas no altar que toma todo o fundo da sala, bancos de madeira dispostos como se fosse a Igreja, fazem reza e terços. O mês mariano então é muito concorrido, sendo as orações tiradas por Adão.” Os orixás cultuados neste são: Exú, Ogum, Oxossi, Otim, Iroco, Oxumarê, Abaluaê, Nana, Yewá, Obá, Oxum, Yemanjá, Yamassí, Dadá, Baìanênyn, Onanminhã(pai de xangô), Xerê, Xangô, Oyá ou Yamessan, Orixá-lá, .
E Falando sobre Exú, divindade inquietante, disse-me Adão: “Falam que nas seitas africanas se faz bruxaria adorando o diabo. Isto não é verdade. Bruxaria assim quem faz não é o negro, e o Portugues e o Índio. Veja: donde é que vem o livro da Feiticeira e o Livro de São Cipriano? Nos não adoramos o Diabo. É verdade que temos Exú, que foi como um anjo que se perverteu, justamente como na religião Católica, que representa a mesma coisa nossa para o Branco. Mas não adoramos Exú procuramos é satisfazê-lo, acalmá-lo, para que ele não venha atrapalhar as coisas, não nos faça mal.”

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